Cardeal Raniero Cantalamessa, OFMCap
IV pregação de Quaresma
15 de março de 2024
“Eu sou a ressurreição e a vida”
1. Em
nosso comentário aos solenes “Eu sou” de Cristo no Evangelho de João,
chegamos ao capítulo 11. Ele está todo ocupado pelo episódio da ressurreição de
Lázaro. O ensinamento que João quis transmitir à Igreja com a sábia composição
do capítulo pode ser resumido em três pontos:
Primeiro
ponto: Jesus ressuscita o amigo Lázaro (Jo 11,1-44).
Segundo
ponto: A ressurreição de Lázaro provoca a condenação de Jesus à morte (Jo
11,47-50):
“Os chefes dos sacerdotes e os fariseus reuniram então o sinédrio e discutiam: ‘Que vamos fazer, visto que este homem faz muitos sinais? Se o deixarmos continuar assim, todos crerão nele, e os romanos virão destruir nosso Lugar Santo e nossa nação’. Um deles, chamado Caifás, sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: ‘Vós não entendeis nada! Não considerais ser melhor para vós, que um só morra pelo povo e não pereça a não inteira?’”.
Terceiro
ponto: A morte de Jesus obterá a ressurreição de todos os que creem n’Ele (Jo
11,51-53). O evangelista assim comenta:
“Caifás não falou isso por si mesmo, mas, sendo sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus haveria de morrer pela nação, e não só pela nação, mas também para reconduzir à unidade os filhos de Deus dispersos. A partir desse dia decidiram matar Jesus”.
Resumindo,
a ressurreição de Lázaro provoca a morte de Jesus; a Morte de Jesus provoca a
ressurreição de quem crer n’Ele!
2. Agora
podemos nos concentrar na palavra de autorrevelação contida no contexto:
“Jesus respondeu: ‘Teu irmão vau ressuscitar’. Marta disse: ‘Eu sei que ele vai ressuscitar, na ressurreição do último dia’. Então Jesus declarou: ‘Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, ainda que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá’” (Jo 11,23-26).
“Eu
sou a ressurreição!”. Perguntamo-nos: de qual ressurreição Jesus fala aqui?
Marta pensa na ressurreição final. Jesus não nega esta ressurreição “do último
dia”, que ele mesmo promete em outra parte (Jo 6,54), mas aqui anuncia
una coisa nova: que a ressurreição começa já, desde agora, para quem crê n’Ele.
Santo Agostinho comenta: “O Senhor nos indicou uma ressurreição dos mortos que
precede a ressurreição final. E não se trata de uma ressurreição como aquela de
Lázaro ou do filho da viúva de Naim... que ressuscitaram para morrer uma outra
vez, mas no sentido que afirma aqui: “tem a vida eterna” [1].
Como
se vê, a ideia de uma ressurreição “espiritual” e existencial, que acontece já
nesta vida graças à fé, não era desconhecida na tradição cristã. A novidade
interveio quando se quis fazer dela o único significado da palavra de Jesus. É
conhecida a posição de Bultmann, já em grande parte superada, mas que se
impunha quando eu estudava teologia. Segundo ele, a ressurreição de que fala
Jesus é uma ressurreição existencial, um despertar de consciência, baseado na
fé. Estamos na linha do vago “apelo à decisão” e do “decidir-se por Deus”, aos
quais ele reduz quase toda a mensagem do Evangelho.
Mas
João dedica dois capítulos inteiros do seu Evangelho à Ressurreição real
e corporal de Jesus, fornecendo algumas das informações mais detalhadas sobre ela.
Para ele, portanto, não é apenas “a causa de Jesus”, isto é, a sua mensagem,
que ressuscitou da morte - como alguém escreveu [2] -
mas a sua pessoa!
A
ressurreição atual não substitui aquela final do corpo, mas é a sua garantia.
Ela não anula e não torna inútil a Ressurreição de Cristo do túmulo, mas antes
se funda justamente sobre ela. Jesus pode dizer “Eu sou a ressurreição” porque Ele
é o Ressuscitado! A dimensão existencial depende daquela real, não a substitui.
Antes
de João, foi o Apóstolo Paulo a afirmar o vínculo indissolúvel entre a fé
cristã e a Ressurreição real de Cristo. É sempre útil e salutar recordar as
suas veementes palavras aos coríntios:
“Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa pregação, e vã nossa fé. Assim também seríamos considerados falsas testemunhas de Deus, porque testemunhamos contra Ele, que ressuscitou Cristo, a quem, de fato, não ressuscitou, se é verdade que os mortos não ressuscitam... E se Cristo não ressuscitou, a vossa fé é ilusória e ainda estais nos vossos pecados” (1Cor 15,14-17).
Jesus
mesmo indicara a sua Ressurreição como o sinal por excelência da autenticidade
da sua missão. Aos adversários que lhe pediam um sinal, Ele dá uma resposta que
dificilmente pode ser atribuída a outro, senão ao próprio Jesus:
“Uma geração má e adúltera busca um sinal, mas nenhum sinal lhes será dado, a não ser o sinal do profeta Jonas. De fato, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim também o Filho do Homem estará três dias e três noites no seio da terra” (Mt 12,39-40).
Os
seus opositores sabiam bem que Jonas não permanecera para sempre no ventre da
baleia, mas que tinha saído dela após três dias.
Em
uma meditação anterior, falei do pré-julgamento presente nos não crentes em
relação à fé, que não é menor do que aquele que reprovam nos fiéis. Reprovam
nos fiéis, de fato, em não poderem ser objetivos, a partir do momento em que a
fé lhes impõe, em princípio, a conclusão a que devem chegar, sem se darem conta
de que igualmente acontece com eles. Se partimos do pressuposto de que Deus não
existe, que o sobrenatural não existe e que os milagres não são possíveis,
também a conclusão a que chegaremos é dada em princípio, por isso,
literalmente, um pré-juízo.
A Ressurreição
de Cristo constitui o caso mais exemplar disso. Nenhum evento da antiguidade é
sufragado por tantos testemunhos de primeira mão como este. Alguns deles
remetem-se a personalidades do calibre intelectual de Saulo de Tarso, que
anteriormente combatera ferozmente tal crença. Ele fornece um elenco detalhado
de testemunhas, algumas das quais ainda em vida, que poderiam, por isso,
facilmente desmenti-lo (1Cor 15,6-9).
Tira-se
proveito das discordâncias acerca dos lugares e tempos das aparições, sem se
dar conta de que esta coincidência não programada sobre o fato central é uma
comprovação da verdade histórica deste, mais do que um desengano. Nenhuma
“harmonia preestabelecida” neste caso! Antes de serem postos por escrito, os
eventos da vida de Jesus foram por décadas transmitidos por via oral - e
variações e adaptações marginais são típicos de toda narrativa que uma comunidade
viva e em expansão faz das próprias origens, segundo os lugares e as
circunstâncias. É a conclusão a que chegou a mais recente e abalizada pesquisa
crítica sobre os Evangelhos [3].
De
resto, não há apenas as aparições. São João Crisóstomo tem, a respeito, uma
famosa página, à qual toda a investigação crítica moderna não tirou nada da sua
força de convicção. Dizia, assim, em uma homilia ao povo:
“Donde
vem que doze homens, ignorantes, que viviam às margens dos lagos, dos rios e no
deserto, enfrentassem tal empreendimento, e aqueles que talvez jamais haviam
ido a uma cidade e a uma praça, se entregassem à luta contra toda a terra? Que
na prisão de Cristo, depois de tantos milagres, uns fugiram, e outro, o chefe
de todos eles, o negou. De onde vem que eles, enquanto Cristo vivia, não
enfrentaram o ataque dos judeus, e depois de morto e sepultado, (...)
armaram-se contra a terra inteira? Acaso não diriam a si mesmos: O que é isto?
Não pôde salvar-se a si mesmo e nos protegerá? Enquanto vivo não socorreu a si mesmo,
e nos estenderá a mão depois de morto? Enquanto viveu, não submeteu nem um só
povo, e nós, proferindo seu nome, converteremos todo o orbe? Não seria
desarrazoado não só agir assim, mas até mesmo pensar? É evidente que, se não o
tivessem visto Ressuscitado, com uma grande prova de seu poder, não se teriam
aventurado a obra tão perigosa” [4].
A
todas estas provas, o não crente não pode opor senão a convicção de que a
ressurreição dos mortos é algo de sobrenatural e o sobrenatural não existe. E o
que é isto se não, justamente, um pré-juízo e um “a priori”?
Fides christianorum resurrectio Christi est, escreveu Santo Agostinho: “A fé dos cristãos é a Ressurreição
de Cristo. Todos acreditam que Jesus morreu, também os malvados o creem, mas
nem todos creem que tenha ressuscitado e não somos cristãos se não cremos nisso” [5]. Este é o verdadeiro artigo com o qual “a Igreja ou
está ou cai”. Nos Atos, os Apóstolos são definidos simplesmente como
“testemunhas da sua Ressurreição” (At 1,22;2,32). Portanto, valeria a
pena refrescar a nossa fé nela, antes de celebrá-la liturgicamente em algumas
semanas.
3. Só
agora, após ter assegurado o fato histórico da Ressurreição de Cristo, podemos
dedicar a nossa atenção ao significado existencial da palavra de Jesus, que é o
que mais nos interessa no contexto destas meditações. Comentando o episódio dos
mortos ressuscitados e que apareceram em Jerusalém no momento da morte de
Cristo (Mt 27,52-53), São Leão Magno escreve: “Aparecem também agora na
Cidade Santa [isto é, na Igreja] os sinais da futura ressurreição e o que deve
se cumprir um dia nos corpos, cumpra-se agora nos corações” [6].
Há, em outras palavras, dois tipos de ressurreição: há uma ressurreição do
corpo que acontecerá no último dia e há uma ressurreição do coração que deve
acontecer cada dia!
A
melhor maneira para descobrir o que se entende por ressurreição do coração é
observar o que a Ressurreição física de Jesus produziu espiritualmente na vida
dos Apóstolos. Pedro inicia a sua Primeira Carta com estas elevadas palavras:
“Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Em sua grande misericórdia, pela Ressurreição de Jesus dentre os mortos, Ele nos fez nascer de novo para uma esperança viva, para uma herança que não se desfaz, não se estraga nem se altera, e que é reservada para vós nos céus” (1Pd 1,3-4).
A
ressurreição do coração, portanto, é o renascimento da esperança.
Estranhamente, a palavra “esperança” está ausente na pregação de Jesus. Os
Evangelhos referem muitas de suas frases sobre a fé e sobre a caridade, mas
nenhuma sobre a esperança, mesmo que toda a sua pregação proclame que existe
uma ressurreição dos mortos e uma vida eterna. Ao contrário, após a Páscoa,
vemos literalmente explodir a ideia e o sentimento da esperança na pregação dos
Apóstolos. Deus mesmo é definido “o Deus da esperança” (Rm 15,13). A
explicação da ausência de frases sobre a esperança no Evangelho é simples:
Cristo devia antes morrer e ressurgir. Ressurgindo, abriu a fonte da esperança;
inaugurou o próprio objeto da esperança, que é uma vida com Deus além da morte.
Tentemos
ver o que poderia produzir um renascimento da esperança em nossa vida
espiritual. Os Atos dos Apóstolos narram o que aconteceu, um dia, diante
da porta do templo de Jerusalém chamada “Formosa”. Ao lado dela jazia um coxo
pedindo esmolas. Um dia, passaram por ali Pedro e João, e sabemos o que
aconteceu. O coxo, curado, pôs-se em pé e, finalmente, depois de quem sabe quantos
anos jazia ali abandonado, também ele cruza aquela porta e entra no templo
“saltando e louvando a Deus” (At 3,1-9).
Algo
de semelhante poderia acontecer também a nós, graças à esperança.
Frequentemente nos encontramos também nós, espiritualmente, na posição do coxo
no limiar do templo; inertes e tíbios, como que paralisados diante das dificuldades.
Mas eis que a esperança divina passa ao nosso lado, trazida pela Palavra de
Deus, e diz também a nós, como Pedro disse ao coxo e como Jesus disse ao
paralítico: “Levanta-te e anda!” (Mc 2,11). E nós nos levantamos e
finalmente entramos no coração da Igreja, prontos para assumir, de novo e com
alegria, as tarefas e responsabilidades que nos são designadas pela Providência
e pela obediência. Estes são os milagres diários da esperança. Ela é realmente
uma grande taumaturga, operadora de milagres; reergue milhares de coxos e
paralíticos espirituais, milhares de vezes.
O
que é extraordinário na esperança é que a sua presença muda tudo, mesmo quando
exteriormente não muda nada. Tenho um pequeno exemplo em minha vida. Sou uma
pessoa que sente muito mais frio do que calor. Agora, na Itália, em março, no
início da primavera, a temperatura, como se sabe, é mais ou menos a mesma que
no fim de outubro e início de novembro. Mesmo assim, por anos notei que o frio
de março me causava menos problema do que o de novembro. Perguntei-me por que,
se a temperatura é a mesma, e finalmente descobri a razão. O frio de novembro é
um frio sem esperança, porque se está caminhando para o inverno; o frio de
março é um frio com esperança, porque se está caminhando para o verão!
Ressurreição de Lázaro Quando Jesus proclama: “Eu sou a ressurreição e a vida” |
4. A
Carta aos Hebreus compara a esperança a “uma âncora da alma, segura e
firme”. Segura e firme porque lançada não à terra, mas no céu; não no tempo,
mas na eternidade, “para além da cortina do Santuário”, diz a mesma Carta
aos Hebreus (Hb 6,18-19). Este símbolo da esperança tornou-se
clássico. Mas também temos outra imagem da esperança, em certo sentido oposta à
precedente: a vela. Se a âncora é o que dá segurança ao barco e o mantém firme
em meio às ondas do mar, a vela é o que o faz mover e avançar no mar.
De
ambos modos opera a esperança, tanto em relação ao barco, que é a Igreja,
quanto ao barquinho da nossa vida. É realmente como uma vela que capta o vento
e, sem barulho, transforma-o em uma força motriz que transporta o barco sobre
as águas. Como a vela, nas mãos de um bom marinheiro, tem condições de
aproveitar qualquer vento, onde quer que sopre, favorável ou desfavorável, para
mover o barco na direção desejada, assim faz a esperança.
Antes
de tudo, a esperança nos vem em auxílio do nosso caminho pessoal de
santificação. A esperança se torna, em quem a põe em prática, o próprio
princípio do progresso espiritual. Ela está sempre a postos para descobrir
novas “ocasiões de bem”, sempre realizáveis. Por isso, não é permitido se
acomodar na tibieza e na acídia. A esperança é o exato oposto do que às vezes
se pensa. Não é uma disposição interior bela e poética que faz sonhar e
construir mundos imaginários. Ao contrário, é muito concreta e prática. Passa o
seu tempo colocando-nos sempre tarefas a cumprir.
Quando,
em determinada situação, não há absolutamente nada o que fazer - diz o filósofo
Kierkegaard, em um dos seus edificantes discursos [7] -,
aí sim, seriam a paralisia e o desespero. Mas a esperança descobre sempre que
há algo que pode ser feito para melhorar a situação: trabalhar mais, ser mais
obedientes, mais humildes, mais mortificados. Quando estiveres tentado a dizer
a si mesmo: “Não há mais nada a fazer” (é ainda Kierkegaard quem nos fala), a
esperança vem e te diz: “Reza!”. Tu respondes: “Mas eu rezei!”, e ela: “Reza
ainda!”. E, mesmo que a situação se torne de tal forma dura, que não pareça
haver realmente nada mais a fazer, a esperança nos indica ainda uma tarefa:
resistir até o fim e não perder a paciência. Isto, evidentemente, não é
possível pelos nossos esforços, mas só pela graça de Deus, que vem em nosso auxílio
e não nos deixa sós.
A
esperança tem uma relação privilegiada, no Novo Testamento, com a paciência. É
o contrário da impaciência, da pressa, do “tudo e imediatamente”. É o antídoto
ao desânimo. Mantém vivo o desejo. É também uma grande pedagoga, no sentido de
que não indica tudo de uma vez - tudo o que deve ou pode ser feito - mas nos
põe diante de uma possibilidade por vez. Dá só “o pão de cada dia”. Distribui o
esforço e permite, assim, realizá-lo.
A
Escritura continuamente evidencia esta verdade, que a tribulação não tira a
esperança, mas, ao contrário, aumenta-a: “A tribulação - escreve o
Apóstolo - gera a perseverança, a perseverança leva a uma virtude
comprovada, e a virtude comprovada desabrocha em esperança. Ora, a esperança
não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo
Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,3-5).
A
esperança necessita da tribulação como a chama necessita do vento para se
reforçar. As razões de esperança terrenas devem morrer, uma após a outra, para
que venha à tona a verdadeira razão inabalável, que é Deus. Acontece como no
lançamento de um navio. É necessário que sejam removidos os andaimes que
sustentavam artificialmente o navio, quando estava em construção, e que sejam
tirados um após o outro os suportes, para que possa flutuar e avançar
livremente sobre a água.
A
tribulação nos tira toda “amarra” e nos leva a esperar só em Deus. Conduz
àquele estado de perfeição que consiste em esperar quando parece não haver
esperança (Rm 4,18), isto é, em continuar a esperar confiando na palavra
uma vez pronunciada por Deus, também quando toda razão humana para esperar
desapareceu. Tal foi a esperança de Maria sob a cruz e, por isso, a piedade a
invoca com o título de Mater spei, Mãe da esperança.
A
força transformadora da esperança está maravilhosamente descrita em uma
belíssima passagem de Isaías:
“Até os adolescentes se afadigam e cansam, e mesmo os jovens às vezes tropeçam! Aqueles, porém, que esperam no Senhor, renovam suas forças, criam asas como de águia, correm e não se afadigam, caminham e não se cansam” (Is 40,30-31).
O
oráculo é a resposta ao lamento do povo que diz: “Do Senhor está escondido o
meu caminho” (v. 27). Deus não promete tirar as razões do cansaço e da
exaustão, mas dá esperança. A situação permanece, de per si, a
que era, mas a esperança dá a força para superá-la.
No Livro
do Apocalipse lemos que: “Quando viu que tinha sido lançado à terra, o
dragão começou a perseguir a mulher que tinha dado à luz o menino. Mas a mulher
recebeu as duas asas da grande águia e voou para o deserto” (Ap
12,13-14). Se a imagem das asas da águia se inspira, como parece claramente, no
texto de Isaías, isso significa que a toda a Igreja foram dadas as grandes asas
da esperança, para que com elas possa, cada vez, fugir dos ataques do mal e
superar toda dificuldade. Hoje, como outrora.
Concluamos
escutando, como se feita agora sobre nós, a invocação que o Apóstolo Paulo faz
em favor dos fiéis de Roma ao término da sua Carta endereçada a eles:
“O Deus da esperança vos encha de toda alegria e paz em vossa fé. Assim, vossa esperança abundará, pelo poder do Espírito Santo” (Rm 15,13).
Ressurreição de Cristo |
Notas:
[1] cf. Agostinho, Tratado sobre o Evangelho de João, 19,9.
[2] cf. W. Marxsen, La risurrezione di Gesú di Nazareth, Bologna, 1970 (edição inglesa: The Resurrection of Jesus of Nazareth, London, 1970).
[3] cf. James D. G. Dunn, Gli albori del Cristianesimo, 3 vol., Paideia, Bréscia, 2006, sintetizado em seu livro Cambiare prospettiva su Gesù, Paideia, Bréscia, 2011.
[4] cf. João Crisóstomo, Homilias sobre a Primeira Carta aos Coríntios, 4,4 (PG 61,35ss).
[5] cf. Agostinho, Enarrationes in Psalmos, 120,6.
[6] cf. Leão Magno, Sermo 66,3: PL 54,366.
[7] cf. Søren Kierkegaard, Gli atti dell’amore, II, n. 3.
Fonte: Vatican News.
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