“A Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa glória” (Gl 6,14).
No dia 03 de maio se celebram em alguns lugares festas em honra da Cruz, “eco” da
antiga Festa da Invenção da Santa Cruz, que recordava a descoberta (em
latim, inventio) das supostas relíquias da Cruz no início do século IV,
atribuída à Imperatriz Santa Helena (†330).
Para saber mais, confira nossa postagem sobre a história da Festa da Exaltação da Santa Cruz.
Para recordar essa celebração, que neste ano de 2024 cai na
sexta-feira, dia dedicado à memória da Paixão do Senhor, nesta postagem
gostaríamos de resgatar a Ladainha da Santa Cruz (Litaniae de
Sancta Cruce).
Glória da Cruz, “única esperança” (spes unica) |
As ladainhas (em latim litania, do grego λιτή [lité],
súplica), com efeito, série de invocações ou preces intercaladas por uma
resposta, são formas de oração muito populares.
Além das oito Ladainhas aprovadas oficialmente pela Igreja,
as únicas que podem ser entoadas nas celebrações litúrgicas - do Santíssimo Nome de Jesus; do Sagrado Coração de Jesus; do Preciosíssimo Sangue de Jesus;
de Nossa Senhora; de São José; de Todos os Santos; de Jesus Cristo, Sacerdote e Vítima;
e do Santíssimo Sacramento [1] -, sobretudo a partir do final da Idade Média surgiram
várias outras Ladainhas a serem rezadas de maneira privada, como devoção
pessoal, ou mesmo de forma comunitária, em momentos de oração fora da
Liturgia (novenas, horas-santas, etc.).
É o caso da Ladainha da Santa Cruz, publicada em um
célebre livro de orações editado em 1612, o Fasciculus Sacrarum
Orationum et Litaniarum ad usum quotidianum Christiani hominis, ex
sanctis Scripturis et Patribus collectus (Conjunto de Orações Sagradas e
Ladainhas para uso quotidiano dos cristãos, extraídas das Sagradas Escrituras e
dos Santos Padres). Do mesmo livro é a Ladainha para a Quaresma (Litaniae in
Quadragesima), sobre a qual já falamos aqui em nosso blog.
Após as tradicionais invocações iniciais a Cristo (Kyrie
eleison, Christe eleison...) e à Trindade, seguem-se 45
invocações à Santa Cruz, reunidas em nove grupos de cinco, cada um com
uma resposta (defende-nos, protege-nos, salva-nos...).
Essas invocações são em geral tomadas dos escritos dos Santos Padres (ex
Sanctis Patribus), teólogos dos primeiros séculos do Cristianismo.
Seguem-se outras doze súplicas à Cruz para que nos livre do
mal, com a resposta “libera nos Sancta Crux” (livra-nos, ó Santa Cruz), seguidas
das tradicionais invocações a Cristo como Cordeiro de Deus. Concluem a Ladainha
a oração do Senhor (Pai-nosso), alguns responsórios e cinco orações.
Confira a seguir o texto original da Ladainha (em latim),
conforme presente no Fasciculus Sacrarum Orationum et Litaniarum, e uma
tradução feita pela equipe do site do Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, a
partir da versão divulgada no site Preces Latinae, com pequenas
correções feitas pelo autor desse blog.
Essa tradução, com efeito, omite algumas invocações, que acrescentamos
a seguir. Além disso, se utiliza a 2ª pessoa do plural (vós) para
referir-se à Cruz, que substituímos pela 2ª pessoa do singular (tu), que
é a utilizada no original e em textos litúrgicos.
No futuro publicaremos uma postagem comentando as 45
invocações da Ladainha, aprofundando assim a “teologia” dessa que, de certa forma,
foi a primeira devoção difundida no Brasil, “Terra de Santa Cruz”.
Essa Ladainha pode ser entoada de maneira privada, como devoção pessoal, ou em momentos de oração comunitária fora da Liturgia, na Festa da Exaltação da Santa Cruz (14 de setembro), durante a Quaresma e a Semana Santa e em outras celebrações em honra do mistério da Paixão do Senhor.
Relíquia da Cruz (Basílica do Santo Sepulcro, Jerusalém) |
Litaniae de Sancta Cruce
Kyrie eleison. Kyrie eleison.
Christe eleison. Christe eleison.
Kyrie eleison. Kyrie eleison.
Christe, audi nos.
Christe, exaudi nos.
Pater de caelis, Deus, miserere nobis.
Fili, Redemptor mundi, Deus,
Spiritus Sancte, Deus,
Sancta Trinitas, unus Deus,
Crux, specula Patriarcharum et Prophetarum, defende nos.
Praeconium Apostolorum,
Corona Martyrum,
Gaudium Sacerdotum,
Gloriatio Virginum,