sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Homilia do Papa na Missa em Tacloban

VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO SRI LANKA E ÀS FILIPINAS
(12-19 DE JANEIRO DE 2015)
SANTA MISSA
HOMILIA DO SANTO PADRE
Tacloban International Airport, Filipinas
Sábado, 17 de Janeiro de 2015

Ouvimos, na primeira Leitura, que temos um grande sacerdote que é capaz de Se compadecer das nossas fraquezas, pois Ele mesmo foi provado em todas as coisas, excepto no pecado (cf. Heb 4, 15). Jesus é como nós. Jesus viveu como nós. É igual a nós em tudo; em tudo, excepto no pecado, porque Ele não era pecador. Mas, para ser mais igual a nós, revestiu-Se, tomou sobre Si os nossos pecados. Fez-Se pecado (cf. 2 Cor 5, 21): é São Paulo quem no-lo diz e ele conhecia Jesus muito bem. E Jesus sempre nos precede: quando nós passamos através de alguma cruz, Ele já passou antes.
E, se hoje nos encontramos todos nós reunidos aqui, 14 meses depois de ter passado o tufão Yolanda, é porque temos a certeza de que não seremos desiludidos na fé, porque Jesus passou antes. Na sua paixão, tomou sobre Si todos os nossos sofrimentos. E quando – deixai que vos faça uma confidência – quando de Roma vi esta catástrofe, senti que devia vir aqui. Naqueles dias, decidi viajar até aqui. Quis vir estar convosco. Um pouco tarde: dir-me-eis. É verdade, mas estou aqui.
Estou aqui para vos dizer que Jesus é o Senhor, que Jesus não desilude. «Padre – pode dizer-me um de vós -, a mim desiludiu-me porque perdi a casa, perdi a família, perdi aquilo que tinha, estou doente...». É verdade isto que me dizes, e eu respeito os teus sentimentos; mas olho para Ele ali pregado, e dali não nos desilude. Ele foi consagrado Senhor naquele trono, e lá passou por todas as calamidades que nós temos. Jesus é o Senhor! E é o Senhor a partir da Cruz; lá reinou! Por isso, Ele é capaz de compreender-nos, como ouvimos na primeira Leitura: fez-Se em tudo igual a nós. Por isso, temos um Senhor que é capaz de chorar connosco, é capaz de nos acompanhar nos momentos mais difíceis da vida.
Muitos de vós perderam tudo. Eu não sei o que dizer-vos. Mas Ele sim; Ele sabe o que dizer-vos! Muitos de vós perderam parte da família. Eu sei apenas permanecer em silêncio, acompanho-vos com o meu coração em silêncio... Muitos de vós se puseram esta pergunta olhando para Cristo: «Porquê Senhor?». E o Senhor responde a cada um a partir do seu coração. Eu não tenho outras palavras, para vos dizer. Olhemos para Cristo: Ele é o Senhor e Ele compreende-nos, porque passou por todas as provas que nos atingiram.
E, junto d’Ele crucificado, estava a Mãe. Nós somos como a criança que está no chão: nos momentos de aflição, de pena, nos momentos em que não compreendemos nada, nos momentos em que temos vontade de nos rebelar, só nos apetece estender a mão e agarrar-nos ao seu avental e dizer-Lhe: «Mamã!» Como uma criança que, quando tem medo, diz: «Mamã!» É talvez a única palavra que pode exprimir o que sentimos nos momentos escuros: «Mãe! Mamã!».
Façamos, juntos, um momento de silêncio. Olhemos para o Senhor: Ele pode compreender-nos, porque passou por todas estas coisas. E olhemos para a nossa Mãe, e como a criança que está no chão agarremo-nos ao seu avental e, com o coração, digamos-Lhe: «Mãe». Façamos, em silêncio, esta oração; cada um diga-Lhe o que sente. [silêncio]
Não estamos sozinhos, temos uma Mãe. Temos Jesus, nosso irmão mais velho. Não estamos sozinhos. Temos também tantos irmãos que, no momento da catástrofe, vieram ajudar-nos. E também nós nos sentimos mais irmãos, ajudando-nos, porque nos ajudámos uns aos outros.
Isto é tudo o que me ocorre dizer-vos. Perdoai-me se não tenho outras palavras. Mas tende a certeza que Jesus não desilude. Tende a certeza que o amor e a ternura da nossa Mãe não desiludem. E, agarrados a Ela como filhos e com a força que nos dá Jesus, nosso irmão mais velho, vamos para diante. Caminhemos como irmãos. Obrigado.


(Esta foi a homilia improvisada pelo Santo Padre. Para ler também a homilia que havia sido preparada, acesse o site da Santa Sé)

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