Há 25 anos, no dia 22 de julho do ano 2000, o Papa São João Paulo II (†2005) celebrou a Missa da Memória de Santa Maria Madalena (elevada a Festa em 2016) na localidade de Les Combes, na Diocese de Aosta (Itália), onde estava passando suas férias. Reproduzimos aqui sua breve homilia na ocasião:
Memória de Santa Maria Madalena
Concelebração Eucarística com os sacerdotes da Diocese de Aosta
Homilia do Papa João Paulo II
Les Combes
Sábado, 22 de julho de 2000
1. Caríssimos sacerdotes da Diocese de Aosta, sinto
particular alegria ao celebrar juntamente convosco esta Santa Missa, no final
da minha permanência entre as vossas montanhas. Saúdo todos vós com grande afeto
e de modo especial o vosso Bispo [Dom Giuseppe Anfossi], a quem agradeço de
coração as inúmeras expressões de consideração que reservou a mim e aos meus
colaboradores.
Celebramos a Memória de Santa Maria Madalena e a Liturgia é
hoje caracterizada por uma espécie de movimento, de “corrida”
do coração e do espírito, animados pelo amor de Cristo. As palavras de São
Paulo: “caritas Christi urget nos” - “o amor de Cristo nos impele” (2Cor 5,14),
que escutamos há pouco na leitura, podem e devem inspirar a vida de cada
sacerdote, assim como distinguiram a de Maria Madalena.
Madalena seguiu até o Calvário aquele que a curara. Esteve
presente na crucificação, morte e sepultura de Jesus. Juntamente com a Mãe
santíssima e o discípulo amado acolheu o seu último suspiro e o silencioso
testemunho do lado transpassado: compreendeu que naquela morte, naquele sacrifício
estava a sua salvação. E o Ressuscitado, como nos narra o Evangelho de hoje (Jo
20,1-2.11-18), quis mostrar o seu corpo glorioso antes de tudo a ela, que
chorou intensamente a sua morte. A ela quis confiar “o primeiro anúncio da
alegria pascal” (Coleta), como que recordando-nos que precisamente a
quem, com fé e amor, fixa o olhar no mistério da Paixão e Morte do Senhor, se
manifesta a luminosa glória da sua Ressurreição.
2. Maria Madalena ensina-nos assim que as raízes da nossa
vocação de apóstolos se aprofundam na experiência pessoal de Cristo. No
encontro com Ele tem origem um novo modo de viver não mais para si mesmo, mas
para Aquele que morreu e ressuscitou por nós (cf. 2Cor 5,15),
abandonando o homem velho para se conformar de modo sempre mais pleno a Cristo,
Homem novo.
Este ensinamento de vida destina-se com especial eloquência
a nós, pastores da Igreja, chamados a guiar o Povo de Deus com a
palavra, mas antes de tudo com o testemunho da vida. E, portanto, chamados a
uma intimidade maior com Cristo, que nos escolheu como amigos: “vos autem
dixi amicos” - “Eu vos chamo amigos” (Jo 15,15).
Caríssimos irmãos no sacerdócio, faço votos de que cada um
de vós mantenha sempre viva a própria comunhão com Cristo. O seu amor vos
incentive no vosso apostolado, não só nas grandes ocasiões, mas
sobretudo naquelas ordinárias, nas vicissitudes de cada dia. A íntima união com
Deus, alimentada pela Santa Missa, pela Liturgia das Horas, pela oração
pessoal, move o sacerdote a exercer com fé e caridade o seu ministério pastoral.
É precisamente nesta intimidade com Jesus que reside o segredo da sua missão.
Oremos, no decurso desta Celebração Eucarística, para que o
Senhor nos torne ministros dignos da sua graça. Invoquemo-lo, por intercessão
de Santa Maria Madalena, a fim de que, através de vós, caríssimos sacerdotes,
chegue aos residentes e aos visitantes desta região o incessante anúncio da Morte
e Ressurreição de Cristo. Deus, que enriqueceu de estupendas belezas naturais o
Vale de Aosta, alimente com o seu Espírito a fé de quantos nele habitam. E a
Virgem Santa vele maternalmente sobre vós e sobre o serviço apostólico que sois
chamados a prestar com constante generosidade, tornando-o rico de abundantes
frutos de bem.
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Encontro de Maria Madalena com o Ressuscitado (Andrea di Bonaiuto) |
Fonte: Santa Sé.
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