quinta-feira, 4 de julho de 2024

Ângelus: XIII Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 30 de junho de 2024

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
O Evangelho da Liturgia de hoje (Mc 5,21-43) nos relata dois milagres que parecem estar interligados. Enquanto Jesus vai à casa de Jairo, um dos chefes da sinagoga, porque sua filhinha está gravemente enferma, no caminho uma mulher com hemorragia lhe toca o manto e Ele se detém para curá-la. Ao mesmo tempo, anunciam que a filha de Jairo morreu, mas Jesus não se detém, chega na casa, vai até o quarto da menina, a toma pela mão e a levanta, devolvendo-lhe à vida. Dois milagres, um de cura e outro de ressurreição.

Estas duas curas são relatadas em um único episódio. Ambas ocorrem através do contato físico. Com efeito, a mulher toca o manto de Jesus e Jesus toma pela mão a menina. Por que é importante “tocar”? Porque estas duas mulheres - uma porque sofre perdas de sangue e a outra porque está morta - eram consideradas impuras e, portanto, com elas não pode haver contato físico. E, ao contrário, Jesus se deixa tocar e não tem medo de tocar. Jesus se deixa tocar e não tem medo de tocar. Antes ainda da cura física, Ele desafia uma concepção religiosa equivocada, segundo a qual Deus separa os puros de um lado e os impuros do outro. Ao contrário, Deus não faz esta separação, porque todos somos seus filhos, e a impureza não deriva de alimentos, doenças e nem mesmo da morte, mas a impureza vem de um coração impuro.

Aprendamos isso: diante dos sofrimentos do corpo e do espírito, das feridas da alma, das situações que nos abatem, e mesmo diante do pecado, Deus não nos mantém à distância, Deus não se envergonha de nós, Deus não nos julga; ao contrário, Ele se aproxima para deixar-se tocar e para tocar-nos, e sempre nos levanta da morte. Sempre nos toma pela mão para dizer-nos: “Filha, filho, levanta-te! (cf. Mc 5,41), caminha, segue adiante!”. “Senhor, sou pecador” - “Segue adiante, Eu me fiz pecado por ti, para salvar-te!” - “Mas Vós, Senhor, não sois pecador” - “Não, mas Eu sofri todas as consequências do pecado para salvar-te”. É belo isso!

Fixemos no coração essa imagem que Jesus nos entrega: Deus é Aquele que te toma pela mão e te levanta, que se deixa tocar pela tua dor e te toca para curar-te e dar-te de novo a vida. Ele não discrimina ninguém porque ama todos.

E então podemos nos perguntar: cremos que Deus é assim? Deixamo-nos tocar pelo Senhor, por sua Palavra, por seu amor? Entramos em relação com os irmãos oferecendo-lhes uma mão para levantar-se, ou ficamos à distância e etiquetamos as pessoas em base aos nossos gostos e às nossas preferências? Nós etiquetamos as pessoas. Faço-vos uma pergunta: Deus, o Senhor Jesus, etiqueta as pessoas? Que cada um responda. Deus etiqueta as pessoas? E eu, vivo constantemente etiquetando as pessoas?

Irmãos e irmãs, olhemos para o coração de Deus, para que a Igreja e a sociedade não excluam, não excluam ninguém, não tratem ninguém como “impuro”, para que cada um, com sua própria história, seja acolhido e amado sem etiquetas, sem preconceitos, seja amado sem adjetivos.

Rezemos à Virgem Santa: ela, que é Mãe da ternura, interceda por nós e pelo mundo inteiro.

Ressurreição da filha de Jairo
(Ilya Repin)

Tradução nossa a partir do original italiano. Fonte: Santa Sé

Observação: No Brasil celebramos nesse domingo a Solenidade de São Pedro e São Paulo, transferida do dia 29 de junho.

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