quarta-feira, 19 de novembro de 2014

XIV Catequese do Papa sobre a Igreja

PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 12 de Novembro de 2014

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Na catequese precedente pusemos em evidência como o Senhor continua a apascentar a sua grei através do ministério dos bispos, coadjuvados pelos presbíteros e diáconos. É neles que Jesus se faz presente, no poder do seu Espírito, e continua a servir a Igreja alimentando nela a fé, a esperança e o testemunho da caridade. Portanto, estes ministérios constituem um grande dom do Senhor para cada comunidade cristã e para a Igreja inteira, pois são um sinal vivo da sua presença e amor.
Hoje queremos perguntar-nos: o que se pede a estes ministros da Igreja, para que possam viver o seu serviço de modo genuíno e fecundo?
Nas «Cartas pastorais» enviadas aos seus discípulos Timóteo e Tito, o apóstolo Paulo pondera atentamente sobre a figura dos bispos, dos presbíteros e dos diáconos — e também sobre a figura dos fiéis, dos idosos e dos jovens. Descreve cada cristão na Igreja, delineando o objecto da chamada dos bispos, presbíteros e diáconos, e as prerrogativas que devem ser reconhecidas em quantos são escolhidos e investidos de tais ministérios. Pois bem, é emblemático que para além dos dotes inerentes à fé e à vida espiritual — que não podem ser desatendidas, porque são a própria vida — sejam enumeradas algumas qualidades requintadamente humanas: acolhimento, sobriedade, paciência, mansidão, confiança e magnanimidade. Este é o alfabeto, a gramática básica de cada ministério! Deve ser a gramática básica de cada bispo, sacerdote, diácono. Sim, porque sem esta predisposição boa e genuína para encontrar, conhecer, dialogar, apreciar e relacionar-se com os irmãos de modo respeitoso e sincero, não é possível oferecer um serviço e um testemunho deveras jubilosos e credíveis.
Além disso, há uma atitude de fundo que Paulo recomenda aos seus discípulos e, por conseguinte, a todos aqueles que são investidos deste ministério pastoral, quer sejam bispos, sacerdotes, presbíteros ou diáconos. O apóstolo exorta a reavivar continuamente o dom recebido (cf. 1 Tm 4, 14; 2 Tm 1, 6). Isto significa que deve ser sempre viva a consciência de que não somos bispos, sacerdotes ou diáconos porque somos mais inteligentes, capazes, melhores que os outros, mas só em virtude de um dom, de uma dádiva de amor conferida por Deus no poder do seu Espírito, para o bem do seu povo. Esta consciência é deveras importante e constitui uma graça que devemos pedir cada dia! Com efeito, o Pastor consciente de que o seu ministério brota unicamente da misericórdia e do Coração de Deus, nunca poderá assumir uma atitude autoritária, como se todos estivessem aos seus pés, como se a comunidade fosse sua propriedade, seu reino pessoal.
A consciência de que tudo é dom, tudo é graça, ajuda o pastor também a não cair na tentação de se pôr no centro da atenção e de confiar só em si mesmo. São as tentações da vaidade, do orgulho, da suficiência, da soberba. Deus não permita que um bispo, um sacerdote ou um diácono pense que sabe tudo, que tem sempre a resposta certa para tudo e que não precisa de ninguém! Ao contrário, a consciência de ser o primeiro objecto da misericórdia e da compaixão de Deus deve levar o ministro da Igreja a ser sempre humilde e compreensivo em relação ao próximo. Embora tenha a consciência de ser chamado a preservar com coragem o depósito da fé (cf. 1 Tm 6, 20), ele deve pôr-se à escuta do povo. Com efeito, está consciente de ter sempre algo a aprender, inclusive daqueles que ainda podem estar longe da fé e da Igreja. Depois, com os seus irmãos de hábito tudo isto deve levar a assumir uma atitude nova, caracterizada pela partilha, co-responsabilidade e comunhão.
Caros amigos, devemos estar sempre gratos ao Senhor, porque na pessoa e no ministério dos bispos, dos sacerdotes e dos diáconos Ele continua a guiar e formar a sua Igreja, levando-a a crescer ao longo do caminho da santidade. Ao mesmo tempo, devemos continuar a rezar, para que os pastores das nossas comunidades possam ser imagens vivas da comunhão e do amor de Deus.


Fonte: Santa Sé

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