Celebramos hoje cinco anos da Canonização de São Zygmunt Szczesny Felinski, Bispo, fundador da Congregação das Irmãs Franciscanas da Sagrada Família de Maria, celebrada pelo Papa Bento XVI na Basílica Vaticana no dia 11 de outubro de 2009.
Para tornar mais conhecido este grande santo, publicamos a biografia que consta no livreto da celebração:
PERFIL BIOGRÁFICO DO NOVO SANTO
ZYGMUNT SZCZĘSNY
FELIŃSKI nasceu no dia 1 de Novembro de 1822 na localidade de Wojutyn, perto de
Luck, na região de Volínia (na atual Ucrânia). Era filho de uma família nobre,
de Geraldo e de Eva Wendorff, mulher de grande mente, escritora das Memórias.
A atmosfera
Cristã da casa familiar deu-lhe forte alicerce da fé e moral. Dos pais aprendeu
o amor a Deus, a dedicação à Pátria e o respeito ao ser humano. Graças a esses
valores conseguiu ultrapassar os difíceis momentos da morte do pai e do exílio
da mãe para a Sibéria devido a sua atividade patriótica, seguida da confiscação
dos bens da família e do abandono dos seis irmãos que ficaram sem teto.
Aos 17 anos
deixou a casa cheio de fé e confiança na Providência Divina. A única riqueza
que levava era «o coração inocente, a religião e o amor fraterno». Formou-se em
matemática em Moscou, enquanto que na Sorbonne e na College de France estudou
letras. Como lema de vida tinha: «Ser polonês na terra é viver divina e
nobremente». Deu provas do seu patriotismo participando na Insurreição de
Poznań (1848), enquanto que a amizade com o grande vulto da poesia polonesa,
Julio Slowacki, enalteceu o seu espírito. Em Paris, atento à voz do Senhor a
chamá-lo, escolheu o caminho do sacerdócio.
Em 1851 volta
para o país e ingressa no Seminário em Żytomierz. A seguir estuda na Academia
Eclesiástica de São Petersburgo, onde foi ordenado padre (1855). Inspirado pelo
espírito de misericórdia fundou o Asilo dos Órfãos e a Congregação das Irmãs
Franciscanas da Sagrada Família de Maria (1857), desempenhando ao mesmo tempo
funções de diretor espiritual e professor na Academia. Deu-se a conhecer como
excelente pregador e confessor, mas sobretudo era tido como «apóstolo, cheio de
humildade, homem de grande ciência e cultura», «protetor dos pobres e órfãos».
Nomeado no dia 6
de Janeiro de 1862 arcebispo de Varsóvia pelo Papa Pio IX desempenhou esse
múnus apenas 16 meses, em condições extremamente difíceis. Mesmo assim
conseguiu desenvolver uma atividade frutífera no sentido de animar a vida
religiosa da arquidiocese. Esse «Homem da Providência», sinal da «Misericódia
Divina », criou na capital o Centro de renascimento; organizou missões e
retiros nas igrejas, hospitais e prisões; apelava aos sacerdotes a cumprirem
com fervor a sua vocação, se preocuparem pela sobriedade da nação, à pregação
da Palavra de Deus, a catequese e desenvolvimento do ensino. Divulgou o culto
do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora, e em sua homenagem difundiu na
arquidiocese as celebrações no mês de Maio; apoiou o movimento franciscano.
Preocupado com a educação das crianças e dos jovens fundou na Capital o
orfanato e a escola, entregando aos cuidados das Irmãs da Família de Maria.
Em Varsóvia foi
como «Anjo da Paz», exortando a nação à reflexão e ao trabalho para o bem do país.
Tendo experiência tentou influir para acalmar a mente dos poloneses e impedir o
derramamento de sangue. Após a explosão da insurreição de Janeiro (1863), tomou
posição de defesa dos oprimidos. A mudança da política da Rússia frente ao
Reino da Polónia fez com que o Arcebispo se tornasse pessoa não desejada, e foi
chamado a São Petersburgo. Partiu de Varsóvia no dia 14 de Junho de 1863 sob
escolta militar como um prisioneiro político.
Condenado ao
exílio no interior da Rússia, passou 20 anos em Jaroslaw às margens do rio
Volga dedicando-se à oração, ao apostolado e às obras de misericórdia numa vida
cheia de santidade; tomou conta dos exilados siberianos, levando-lhes a
consolação espiritual e a ajuda material. A memória do «santo bispo polonês»,
manteve-se viva nas margens do rio Volga por várias décadas. Passados 20 anos,
em resultado do entendimento entre o Governo da Rússia e o Vaticano foi
libertado (1883), mas sem poder voltar a Varsóvia.
Feliński passou
os últimos anos da sua vida como bispo titular de Tarso na aldeia de
Dźwiniaczka (diocese de Lvov), sob a ocupação Austríaca dedicando-se ao
trabalho pastoral, social e educacional junto ao povo camponês. Nesse meio
rural implementou o espírito do renascimento religioso, do convívio entre os
poloneses e ucranianos e uma cooperação frutífera em nome de uma fraternidade evangélica.
Esse povo considerou-o como pai e protetor, como «santo» sacerdote.
O arcebispo
Feliński faleceu no dia 17 de Setembro de 1895 em Cracóvia, em opinião de
santidade. Após a morte foi escrito: «partiu um grande coração»; deixando a
real herança - «um traje eclesiástico, um livro de orações e muito amor entre o
povo». Após o funeral solene em Cracóvia, os restos mortais foram sepultados no
cemitério de Dźwiniaczka, rodeado de respeito tanto pelos poloneses, como pelos
ucranianos. Passados 25 anos, quando a Polônia recuperou a sua independência,
foram trasladados para Varsóvia (1920) e depositados na Catedral de São João
Batista (1921).
A
Congregação das Irmãs Franciscanas da Família de Maria nasceu de uma pequena
semente lançada pelo padre Feliński em São Petersburgo no ano 1857 e cresceu
transformando-se numa grande família. Atualmente as Irmãs trabalham na Polônia,
Brasil, Itália, Bielorrússia, Ucrânia, Federação Russa e no Cazaquistão.
A
vida de Feliński desde cedo foi marcada pelo desejo da santidade. Para Ele
Cristo era «Caminho, Verdade e Vida ». Queria conseguir tal união com
Deus para dizer com São Paulo: «Não mais vivo eu, mas Cristo vive em mim»
Caracterizava-o uma sólida fé e uma confiança na Providência Divina, para Ele o
amor a Deus e à Igreja, sacrifício pela Pátria e o respeito as pessoas, estavam
acima de tudo. A sua espiritualidade baseava-se na retidão, fortaleza e
justiça. Emanava igualmente a dedicação e misericórdia, marcadas pelo espírito
franciscano de serenidade, humildade, simplicidade, trabalho e pobreza.
Sua
memória, a fama de santidade e várias curas por sua interferência, contribuíram
para a abertura do processo da sua beatificação. O cardeal Stefan Wyszyński, abriu
o processo da beatificação no ano de 1965 em Varsóvia; desde o ano 1984 o
trabalho foi continuado em Roma. O Papa João Paulo II o beatificou no dia 18 de
agosto do ano 2002 em Cracóvia.
A
sua vida é um tesouro que nos permite espreitar o seu espírito e a sua luz. A
canonização do Pastor-Exilado anima a refletir sobre a família e seu
renascimento, sobre a construção de uma casa comum - que é a Pátria, sob a
proteção da Providência Divina e de Nossa Senhora.
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