Na tarde do dia 14 de abril de 2022, Quinta-feira da Semana Santa, o Papa Francisco retomou seu costume de celebrar a Missa da Ceia do Senhor (Missa in Coena Domini) em uma "periferia existencial", costume interrompido nos dois anos anteriores devido à pandemia de Covid-19.
O Santo Padre, assistido por Monsenhor Diego Giovanni Ravelli, celebrou a Missa na capela do Complexo Penitenciário de Civitavecchia, na região metropolitana de Roma, durante a qual lavou os pés de doze detentos.
Confira a seguir sua breve homilia e algumas imagens da celebração:
Santa Missa in Coena Domini
Homilia do Papa Francisco
Complexo Penitenciário de Civitavecchia
Quinta-feira Santa, 14 de abril de 2022
Toda Quinta-feira Santa lemos este trecho do
Evangelho: é uma coisa simples. Jesus, com seus amigos, os seus discípulos, na
ceia, a ceia da Páscoa; Jesus que lava os pés aos seus discípulos - uma coisa
estranha, o que Ele fez: naquele tempo os pés eram lavados pelos escravos na
entrada da casa. E depois, Jesus - com um gesto que também toca o coração - lava
os pés do traidor, daquele que o vende. Assim é Jesus e nos ensina isto,
simplesmente: vós deveis lavar os pés uns dos outros (Jo 13,14). É um símbolo: entre vós, deveis servir; um serve o
outro, sem interesse. Que belo seria se fosse possível fazer isso todos os dias
e a todas as pessoas: mas sempre há o interesse, que é como uma serpente que
entra. E nós nos escandalizamos quando dizemos: “Fui àquela repartição pública
e me fizeram pagar uma ‘gorjeta’” [no
sentido de “suborno”]. Isto faz mal, porque não é bom. E nós, tantas vezes,
na vida buscamos o nosso interesse, como se estivéssemos “dando gorjeta” entre
nós. É importante, ao contrário, fazer tudo sem interesse: um serve ao outro,
um é irmão do outro, um faz crescer o outro, um corrige o outro, e assim deve
ser as coisas. Servir! E depois, o coração de Jesus, que chama o traidor de
“amigo” e o espera até o fim: perdoa tudo. Isso gostaria de colocar hoje no coração
de todos nós, inclusive no meu: Deus perdoa tudo
e Deus perdoa sempre! Somos nós que
nos cansamos de pedir perdão. E cada um de nós, talvez, tenha algo lá no
coração, que carrega há algum tempo, que lhe “ronrona”, algum esqueleto
escondido no armário. Pedi perdão a Jesus: Ele perdoa tudo. Apenas quer a nossa
confiança em pedir perdão. Tu podes fazê-lo quando estás sozinho, quando estás
com outros companheiros, quando estás com o sacerdote. Esta é uma bela oração
para o dia de hoje: “Senhor, perdoa-me. Eu tentarei servir os outros, mas Tu
serves a mim com o Teu perdão”. Ele pagou assim com o perdão [o Papa aponta para a cruz]. Este é o
pensamento que gostaria de vos deixar. Servir, ajudar um ao outro e estar seguros
de que o Senhor perdoa. E quanto perdoa? Tudo! E até quando? Sempre! Não se
cansa de perdoa: somos nós que nos cansamos de pedir perdão.
E agora eu farei o mesmo gesto que fez Jesus: lavar
os pés. Faço-o de coração, porque nós sacerdotes deveríamos ser os primeiros a
servir os outros, não explorar os outros. O clericalismo às vezes nos leva por
este caminho. Mas devemos servir. Este é um sinal, um sinal de amor por estes
irmãos e irmãs e por todos vós, aqui presentes; um sinal que quer dizer: “Eu
não julgo ninguém. Eu busco servir a todos”. Há Um que julga, mas é um Juiz um
pouco estranho, o Senhor: julga e perdoa. Prossigamos esta celebração com o
desejo de servir e perdoar uns aos outros.
Homilia do Santo Padre |
Rito do Lava-pés |
Apresentação das oferendas |
Oração Eucarística |
Agradecimentos ao Santo Padre no final da celebração |
Homilia: Tradução nossa a partir do texto italiano divulgado no site da Santa Sé. Imagens: Vatican News.
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