terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Ângelus do Papa: Solenidade da Epifania do Senhor 2014

Solenidade da Epifania do Senhor
Papa Francisco
Ângelus
Segunda-feira, 06 de janeiro de 2014

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje celebramos a Epifania, isto é, a «manifestação» do Senhor. Esta Solenidade está ligada à narração bíblica da vinda dos magos do Oriente a Belém para prestar homenagem ao Rei dos Judeus: um episódio que o Papa Bento XVI comentou magnificamente no seu livro sobre a Infância de Jesus. Aquela foi precisamente a primeira «manifestação» de Cristo aos povos. Por isso a Epifania evidencia a abertura universal da salvação trazida por Jesus. A Liturgia deste dia aclama: «As nações de toda a terra hão de adorar-vos, ó Senhor!», porque Jesus veio para todos nós, para todos os povos, para todos!

Com efeito, esta festa faz-nos ver um movimento duplo: por um lado o movimento de Deus rumo ao mundo, à humanidade - toda a história da salvação, que culmina em Jesus - e por outro, o movimento dos homens em direção a Deus - pensemos nas religiões, na busca da verdade, no caminho dos povos rumo à paz, à paz interior, à justiça e à liberdade. E este duplo movimento é suscitado por uma atração recíproca. Da parte de Deus, o que o atrai? É o amor por nós: somos seus filhos; Ele ama-nos e quer libertar-nos do mal, das doenças, da morte, e levar-nos para a sua casa, para o seu reino. «Deus, por pura graça, atrai-nos para nos unir a Si» (Exortação Apostólica Evangelii gaudium, n. 112). E existe também da nossa parte um amor, um desejo: o bem atrai-nos sempre, a verdade atrai-nos, a vida, a felicidade, a beleza atraem-nos... Jesus é o ponto de encontro desta atração recíproca, e deste movimento duplo. É Deus e homem: Jesus. Deus e homem. Mas quem toma a iniciativa? Sempre Deus! O amor de Deus vem sempre antes do nosso! Ele toma sempre a iniciativa. Ele espera-nos, convida-nos, a iniciativa é sempre sua. Jesus é Deus que se fez homem, se encarnou, nasceu para nós. A estrela nova que apareceu aos magos era o sinal do nascimento de Cristo. Se não tivessem visto a estrela, aqueles homens não teriam partido. A luz precede-nos, a verdade precede-nos, a beleza precede-nos. Deus precede-nos. O profeta Isaías dizia que Deus é como a flor da amendoeira. Por quê? Porque naquela terra a amendoeira é a primeira árvore que floresce. E Deus precede-nos, procura-nos sempre primeiro, Ele dá o primeiro passo. Deus precede-nos sempre. A sua graça precede-nos e esta graça surgiu em Jesus. Ele é a epifania. Ele, Jesus Cristo, é a manifestação do amor de Deus. Está conosco.

A Igreja inteira está dentro deste movimento de Deus para com o mundo: a sua alegria é o Evangelho, é refletir a luz de Cristo. A Igreja é o povo de quantos experimentaram esta atração e a trazem dentro de si, no coração e na vida. «Gostaria - sinceramente - gostaria de dizer àqueles que se sentem distantes de Deus e da Igreja - dizer respeitosamente - àqueles que têm medo e são indiferentes: o Senhor chama também a ti, chama-te para fazer parte do seu povo e o faz com grande respeito e amor!» (ibid., n. 113) O Senhor te chama. O Senhor te procura. O Senhor te espera. O Senhor não faz proselitismo, oferece amor, e este amor procura-te, espera-te, tu que neste momento não crês ou estás distante. Este é o amor de Deus.

Peçamos a Deus, por toda a Igreja, peçamos a alegria de evangelizar, porque «por Cristo foi enviada a revelar e a comunicar a caridade de Deus a todos os povos» (Decreto Ad gentes, n. 10). A Virgem Maria nos ajude a sermos todos discípulos-missionários, pequenas estrelas que refletem a sua luz. E rezemos a fim de que os corações se abram para receber o anúncio, e todos os homens sejam «participantes da promessa por meio do Evangelho» (Ef 3,6).


Fonte: Santa Sé.

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