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segunda-feira, 10 de abril de 2023

A Oitava da Páscoa

“Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa... Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: ‘A paz esteja convosco’” (Jo 20,26).

Enquanto no Antigo Testamento o número sagrado é o “sete”, em alusão ao sétimo dia, o sábado, que o Senhor santificou (Gn 2,1-3), no Novo Testamento merece destaque também o número oito”.

O domingo, o “dia do Senhor”, a festa cristã por excelência (cf. Sacrosanctum Concilium, n. 106), é o primeiro dia da semana e também o oitavo, o dia depois do sábado, no qual tem lugar a nova criação iniciada na Ressurreição do Senhor (Mt 28,1 e paralelos) [1].

Assim, a tradição cristã logo passou a enriquecer as grandes festas com uma “oitava”, isto é, com uma celebração prolongada por oito dias ou, em alguns casos, a celebração do oitavo dia após a festa (octava dies).

A mais antiga e solene é a Oitava da Páscoa, cuja história gostaríamos de traçar brevemente nesta postagem.

Aparição do Ressuscitado aos Apóstolos no oitavo dia após a Páscoa

1. As origens da Oitava da Páscoa

Na verdade, podemos falar de duas “Oitavas da Páscoa”: uma “grande Oitava” ou “Oitava de domingos”, que abrange todo o Tempo Pascal, da Ressurreição ao Pentecostes; e uma “pequena Oitava”, do domingo da Ressurreição até o seguinte (II Domingo da Páscoa).

Esta última, dado o rico simbolismo tanto “sete” quanto do “oito”, como vimos acima, também foi celebrada ao longo da história da Igreja, em diferentes tempos e lugares, como uma “Semana Pascal”, concluindo no sábado.

Vale recordar que Páscoa judaica se prolongava por sete dias, durante os quais se comia apenas pão sem fermento: a “Festa dos Ázimos” (Ex 12,15-20; 13,3-10). Contudo, a grande influência para a Oitava Pascal certamente foi a aparição do Cristo Ressuscitado aos Onze Apóstolos reunidos no Cenáculo no oitavo dia após a Páscoa (Jo 20,26-29).

Segundo alguns historiadores da Liturgia, a Oitava da Páscoa teve sua origem entre o final do século III e o início do século IV, como seria possível deduzir dos comentários aos salmos de Astério, o Sofista (†341)

Santo Agostinho (†430) em sua Carta n. 55 indica que na sua época essa Oitava já era “um costume da Igreja” (Ecclesiae consuetudo). Também a peregrina Etéria (ou Egéria), que visitou a Terra Santa em meados do século IV, testemunha sua celebração em Jerusalém:

“Quanto aos oito dias pascais, celebram-se tal como entre nós, e os ofícios têm lugar da maneira habitual durante os oito dias após a Páscoa, como também têm lugar em todo lado durante a Páscoa até à oitava. Quanto à decoração e também quanto à ornamentação, durante os oito dias da Páscoa, são as mesmas que para a Epifania, (...) porque são os dias pascais” [2].

Etéria descreve em seguida as celebrações que tinham lugar nesses oito dias nas várias igrejas da cidade. Além disso, a peregrina atesta as “catequeses mistagógicas” que tinham lugar na Anástasis (a Basílica da Ressurreição ou do Santo Sepulcro) para os neófitos, isto é, os fiéis que haviam sido batizados na Vigília Pascal:

“Chegados os dias da Páscoa, durante aqueles oito dias, isto é, da Páscoa até a oitava, após a despedida da igreja, vai-se também com hinos à Anástasis. Faz-se imediatamente uma oração, abençoam-se os fiéis e o Bispo (...) explica tudo o que se faz no Batismo” [3].

Neófitos com suas vestes brancas durante a Vigília Pascal

Vale recordar que nos primeiros séculos vigorava a “disciplina do arcano”: uma vez que os cristãos ainda eram uma minoria, sendo inclusive perseguidos em alguns períodos e lugares, as realidades mais sagradas do Cristianismo, sobretudo aquelas relacionadas aos Sacramentos ou “Mistérios”, não eram reveladas aos não-cristãos.

Inclusive os catecúmenos, isto é, aqueles que estavam se preparando para o Batismo, não podiam participar da Liturgia Eucarística: após a Liturgia da Palavra eram convidados a sair da igreja.

Assim, durante a Oitava da Páscoa, os neófitos participavam das “Catequeses mistagógicas”, nas quais era explicado o significado dos sacramentos que haviam recebido: o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia. “Mistagogia” significa, pois, “conduzir ao mistério” ou “conduzir os iniciados”.

O exemplo mais famoso são as Catequeses de São Cirilo de Jerusalém (†386): suas 19 Catequeses pré-batismais, dirigidas aos catecúmenos (ou “iluminandos”), estão centradas no Símbolo da fé, o Creio, enquanto suas cinco Catequeses mistagógicas, proferidas aos neófitos, aprofundam o significado dos gestos e palavras dos três Sacramentos da Iniciação Cristã.

Por essa razão Santo Agostinho, na citada Carta 55, chama a Oitava Pascal “os oito dias dos neófitos” [4]. Outros nomes para essa semana são: no Ocidente, “hebdomada in albis” (“semana branca”), em alusão às vestes brancas dos neófitos; no Oriente, “semana da renovação” ou “semana luminosa” [5].

Em alguns lugares onde o Batismo era celebrado na Epifania ou no Pentecostes, as Catequeses mistagógicas eram transferidas para os dias seguintes a essas solenidades, dando origem às respectivas oitavas.

2. O desenvolvimento da Oitava Pascal ao longo da Idade Média

Entre o final do século IV e o início do século V, a fim de favorecer a participação dos catecúmenos nas Catequeses mistagógicas, a Oitava Pascal era considerada tanto pela Igreja quanto pelas autoridades civis como equivalente à Semana Santa e ao Natal: todos os fiéis, com efeito, eram vivamente exortados a participar das celebrações, abstendo-se de outras atividades. Afirmam, por exemplo, as Constituições Apostólicas, importante documento do século IV:

“Em toda a Semana Santa e naquela que a segue os servos devem descansar, porque aquela é a semana da Paixão e esta é a [semana] da Ressurreição, e é preciso ensinar quem é Aquele que Aquele que sofreu e ressuscitou” [6].

Nesse período haviam provavelmente dois formulários de Missa para cada dia: um voltado aos neófitos e outro aos demais fiéis, tradição conservada no Rito Ambrosiano, próprio da Arquidiocese de Milão (Itália). Contudo, nos primeiros Sacramentários, como o Gelasiano (séc. VII-VIII) e o Gregoriano (final do séc. VIII), esses formulários acabaram sendo fundidos, com textos fazendo referência tanto ao Batismo quanto à Ressurreição.

O Cordeiro Pascal, símbolo do Cristo Crucificado-Ressuscitado, do qual brota a água viva
(Basílica de São Paulo fora-dos-muros, Roma)

Merecem destaque as antífonas de entrada (Introito) dirigidas aos neófitos, entoadas até hoje:
Segunda-feira: “Introdúxit vos Dóminus in terram fluéntem lac et mel...”; “O Senhor vos introduziu na terra onde correm leite e mel...” (Ex 13,5.9);
Terça-feira: “Aqua sapiéntiae potávit eos...” - “Deu-lhes a água da sabedoria...” (Eclo 15,3-4);
Quarta-feira: “Veníte, benedícti Patris mei...” - “Vinde, benditos de meu Pai...” (Mt 25,34);
Quinta-feira: “Victrícem manum tuam, Dómine, laudavérunt páriter...” - “Senhor, todos louvaram, unânimes, a vossa mão vitoriosa...” (Sb 10,20-21);
Sexta-feira: “Edúxit Dóminus pópulum suum in spe...” - “O Senhor conduziu o seu povo na esperança...” (Sl 77,53);
Sábado: “Edúxit Dóminus pópulum suum in exsultatióne...” - “O Senhor fez o seu povo sair com grande júbilo...” (Sl 104,43);
II Domingo da Páscoa: “Quasi modo géniti infantes...” - “Como crianças recém-nascidas...” (1Pd 2,2) [7]. 

Após a celebração das Vésperas com a procissão até a fonte batismal na tarde do domingo, ao longo de toda a Oitava o Papa celebrava a Missa nas principais Basílicas de Roma, sempre com a presença dos neófitos. Algumas leituras inclusive faziam “referência” à respectiva igreja estacional:

- de segunda a quarta os neófitos visitam as Basílicas dos três patronos de Roma: São Pedro no Vaticano, São Paulo fora-dos-muros e São Lourenço fora-dos-muros. Na segunda e na terça-feira, com efeito, as leituras traziam os discursos querigmáticos dos dois Apóstolos (At 10,37-43; 13,16.26-33);

- na quinta-feira a igreja estacional era a Basílica dos Doze Apóstolos, onde, segundo a tradição, repousam as relíquias de São Filipe e São Tiago, o Menor. A leitura desse dia fazia referência ao batismo do etíope pelo homônimo diácono Filipe (At 8,26-40);

- se na quinta-feira foram honrados os Apóstolos, na sexta se honravam os Mártires com a estação na Basílica de Santa Maria ad Martyres, o antigo Panteão romano, recordando assim aos neófitos sua renúncia ao paganismo. Essa era, com efeito, uma das antigas datas para a festa de Todos os Mártires (e depois de Todos os Santos).

No sábado a celebração retornava à Basílica do Latrão, onde havia sido celebrado o Batismo na Vigília Pascal. Aqui os neófitos depositavam no Batistério as vestes brancas que haviam recebido na Vigília e que utilizaram durante a semana nas Catequeses mistagógicas. Por isso esse sábado era chamado in albis depositis ou deponendis (na deposição das [vestes] brancas.

Batistério da Basílica do Latrão

Também o domingo que concluía a Octava Paschae (Oitava da Páscoa), quando os neófitos participavam pela primeira vez da Missa com suas vestes próprias, era chamado Dominica in albis ou Dominica post albas depositis / deponendis (depois da deposição das [vestes] brancas). Nesse dia os neófitos podiam pela primeira vez apresentar as oferendas do pão e do vinho ao altar, pois, tendo participado das Catequeses mistagógicas, compreendiam agora o significado da Eucaristia.

A igreja estacional desse domingo era a Basílica de São Pancrácio (†304), jovem mártir romano venerado como protetor dos juramentos. A escolha dessa igreja se deve à tradição da chamada “Pascha annotinum” (algo como “Páscoa anual”): desde os séculos VII-VIII os neófitos do ano anterior celebravam nesse domingo (ou na segunda-feira feira seguinte) o aniversário do seu Batismo, renovando sua profissão de fé.

Mesmo quando o catecumenato caiu em desuso em benefício do Batismo de crianças, conservou-se a tradição da Pascha annotinum, com os pais levando as crianças que haviam sido batizados no ano anterior à igreja nesse dia, tradição que perdurou até o final da Idade Média.

Em torno ao século IX se introduz a bênção dos Agnus Dei pelo Papa na Oitava Pascal, discos de cera com a imagem do Cordeiro preparados com o círio pascal misturado com cera comum. Nessa época, com efeito, o círio pascal sempre era destruído no final da Oitava.

O Papa celebrava a bênção dos Agnus Dei pascais no primeiro ano de pontificado e, em seguida, a cada sete anos - a partir do século XV também durante os Jubileus -, sempre na quarta-feira da Oitava. Durante a bênção, “batizava”, isto é, “mergulhava” os Agnus Dei em água misturada com óleo do Crisma e bálsamo A distribuição dos discos de cera aos neófitos e aos demais fiéis, por sua vez, tinha lugar no sábado in albis.

Agnus Dei do pontificado de Gregório XIII (†1585)

3. O “declínio” da Oitava Pascal

A partir do século IX, à medida que o catecumenato vai caindo em desuso, também a Oitava da Páscoa vai perdendo importância.

Assim, em alguns lugares a Oitava dá lugar a uma espécie de “tríduo”: com a antecipação da Vigília Pascal - que chegou a ser celebrada na manhã do Sábado Santo! -, o Tríduo Pascal foi fragmentado em dois, um “Tríduo da Paixão” (Quinta, Sexta e Sábado) e um “Tríduo da Ressurreição” (Domingo de Páscoa, Segunda e Terça-feira). Em outros lugares esse “tríduo” ia da segunda à quarta-feira da Oitava.

Por exemplo, o célebre Notker Balbulus (†912), monge beneditino da Abadia de Sankt Gallen (Suíça), traz em seu Liber Sequentiarum as sequências para o Domingo de Páscoa e para os três dias seguintes, até quarta-feira.

No Missal de Sarum, por sua vez, utilizado na Inglaterra durante a Idade Média (particularmente na Diocese de Salisbury), é indicada uma sequência para cada dia da Oitava Pascal.

Merece destaque a segunda-feira da Oitava Pascal: em alguns lugares esse dia era dedicado aos discípulos de Emaús, à luz do Evangelho que era então proclamado nesse dia (Lc 24,13-35), com procissões recordando sua caminhada com o Senhor. Atualmente o Evangelho dos discípulos de Emaús é lido na quarta-feira da Oitava, como veremos adiante.

Em outros lugares, por sua vez, esse dia é chamado de “Segunda-feira do Anjo”, em honra do anjo que anunciou a Ressurreição às mulheres (Mt 28,1-8 e paralelos). Por isso era comum na Idade Média celebrar uma Missa votiva aos Santos Anjos na segunda-feira. Inclusive entre os orientais esse dia é dedicado aos “espíritos angélicos”.

O Anjo anuncia a Ressurreição do Senhor às mulheres
(Annibale Carracci)

Entre os orientais, por sua vez, vale destacar a sexta-feira da Oitava, chamada “sexta-feira luminosa”: no Rito Bizantino se celebra nesse dia a Mãe de Deus (Theotókos) sob o título de “Fonte Vivificante” ou “Fonte da Água Viva”. Confira os textos para a Missa votiva de “Maria, fonte da salvação” (Rito Romano), clicando aqui.

No Rito Siríaco, por sua vez, nesse dia se celebra a Festa de Todos os Santos. Esse rito situa muitas festas na sexta-feira, uma vez que, segundo o 1º relato da criação, este foi o dia da criação do homem e da mulher (Gn 1,26-31), além do dia em que fomos redimidos pelo sacrifício de Cristo na cruz.

4. A Oitava da Páscoa hoje

No final da Idade Média houve uma “proliferação” de oitavas, tanto nas celebrações do Senhor quanto nas da Virgem Maria e dos santos. Uma vez que na maioria dos casos apenas se repetiam os textos da festa ao longo de oito dias (ou apenas no oitavo dia), o Papa São Pio X (†1914) começou a suprimi-las, processo que culminou na reforma litúrgica do Concílio Vaticano II.

No novo calendário litúrgico, publicado em 1969, foram conservadas apenas as Oitavas do Natal e da Páscoa: “Os oito primeiros dias do Tempo Pascal formam a Oitava da Páscoa e são celebrados como Solenidades do Senhor” (Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário, n. 23). Ou seja, os dias da Oitava Pascal têm precedência sobre qualquer celebração da Virgem Maria e dos santos.

Uma vez que esses dias já possuíam textos próprios - que, como vimos, remontam aos Sacramentários Gelasiano e Gregoriano -, foram conservadas praticamente as mesmas antífonas e orações, com pequenos ajustes.

Todos os dias dessa semana entoa-se o Glória e a despedida é enriquecida com um duplo “Aleluia”. Também é possível recitar ou cantar, de maneira facultativa, a sequência do Domingo de Páscoa: Victimae paschali laudes (“Cantai, cristãos, afinal”, na tradução oficial para o Brasil).

Destaca-se também a intercessão própria pelos neófitos na Oração Eucarística I (Hanc ígitur), recitada ao longo de toda a Oitava, desde a Vigília Pascal até o II Domingo da Páscoa (cf. Carta Circular Paschalis Sollemnitatis, n. 102):

“Recebei, ó Pai, com bondade a oferenda dos vossos servos e de toda a vossa família. Nós a oferecemos também por aqueles que fizestes renascer pela água e pelo Espírito Santo, dando-lhes o perdão de todos os pecados. Dai-nos sempre a vossa paz...” [8].

Quanto à Liturgia da Palavra, nesses dias começa a leitura semicontínua dos Atos dos Apóstolos, que se estende por todo o Tempo Pascal. No Evangelho leem-se as aparições do Ressuscitado segundo os quatro evangelistas (cf. Elenco das Leituras da Missa, n. 101), algumas das quais serão retomadas no III Domingo da Páscoa, seguindo o ciclo trienal (Anos A-B-C):
Segunda-feira: Mt 28,8-15;
Terça-feira: Jo 20,11-18;
Quarta-feira: Lc 24,13-35;
Quinta-feira: Lc 24,35-48;
Sexta-feira: Jo 21,1-14;
Sábado: Mc 16,9-15.

Cristo Ressuscitado com os quatro Evangelistas
(Fra Bartolomeo)

Antes da reforma litúrgica, do Domingo de Páscoa até o sábado seguinte se entoava sempre o Sl 117 (118), como que a indicar que a Oitava é celebrada como se fosse um só dia de festa: “Haec dies...”; “Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos!” (v. 24). Atualmente são indicados outros salmos para a Missa, enquanto o citado versículo do Salmo permanece como aclamação ao Evangelho para todos os dias.

Na Liturgia das Horas, por sua vez, retomam-se alguns textos do Domingo de Páscoa, enquanto outros são próprios. No Ofício das Leituras lê-se a Primeira Carta de Pedro e algumas homilias pascais dos Santos Padres, incluindo alguns trechos das Catequeses mistagógicas de São Cirilo de Jerusalém.

Por fim, vale recordar que o II Domingo da Páscoa, conhecido pelos orientais como “Domingo de São Tomé” - uma vez que o Evangelho do dia narra o encontro do Apóstolo com o Ressuscitado (Jo 20,19-31) -, desde o ano 2000 é chamado também de “Domingo da Divina Misericórdia”: Dominica II Paschae seu de Divina Misericordia.

Trata-se de uma decisão do Papa São João Paulo II (†2005) que faz eco a uma devoção bastante recente, propagada pela religiosa polonesa Santa Faustina Kowalska (†1938). Portanto, como adverte o Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia, “os fiéis sejam educados a compreender tal devoção à luz das celebrações litúrgicas destes dias de Páscoa” (n. 154) [9].

“Deus eterno e todo-poderoso, que no sacramento pascal restaurastes vossa aliança reconciliando convosco a humanidade, concedei-nos realizar em nossa vida o mistério que celebramos na fé. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém”
(Coleta da sexta-feira na Oitava da Páscoa: Missal Romano, p. 301).

O caminho dos discípulos de Emaús com o Ressuscitado
(Evangelho da quarta-feira da Oitava Pascal)

Notas:
[1] Sobre o simbolismo bíblico e teológico do número “oito”, confira:
HEINZ-MOHR, Gerd. Dicionário dos Símbolos: Imagens e sinais da arte cristã. São Paulo: Paulus, 1994, p. 345.
LURKER, Manfred. Dicionário de figuras e símbolos bíblicos. São Paulo: Paulus, 1993, pp. 160-162.
Sobre o domingo como “oitavo dia” confira a Carta Apostólica Dies Domini (1998) do Papa São João Paulo II, particularmente os nn. 23-26.

[2] ETÉRIA. Peregrinação ou Diário de Viagem (Itinerarium ad loca sancta), cap. 39. in: CORDEIRO, José de Leão [org.]. Antologia Litúrgica: Textos litúrgicos, patrísticos e canónicos do primeiro milénio. Fátima: Secretariado Nacional de Liturgia, 2003, p. 459.

[3] ibid., n. 47. in: CORDEIRO, op. cit., p. 464.

[4] AGOSTINHO. Carta 55, 32. in: CORDEIRO, op. cit., p. 827. Além disso, em seu Sermão n. 228, proferido no Domingo de Páscoa, Agostinho afirma: “Destes dias, os sete ou oito em que nos encontramos, dedicam-se aos sacramentos que os recém-nascidos [neófitos] receberam” (ibid., p. 920).

[5] cf. DONADEO, Madre Maria. O Ano Litúrgico Bizantino. São Paulo: Ave Maria, 1998, p. 101.

[6] CONSTITUIÇÕES APOSTÓLICAS, Livro VIII, 33, 3; in: CORDEIRO, op. cit., p. 442.

[7] MISSAL ROMANO. Tradução portuguesa da 2ª edição típica para o Brasil. São Paulo: Paulus, 1991, pp. 297-303.

[8] ibid., p. 472. Na 3ª edição típica do Missal Romano, ainda sem tradução para o Brasil, são indicadas intercessões próprias também para as Orações Eucarísticas II, III e IV, as mesmas já previstas para a Missa ritual do Batismo (ibid., pp. 792-793).

[9] CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS. Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia. São Paulo: Paulinas, 2003, pp. 132-133.

Referências

ADAM, Adolf. O Ano Litúrgico: Sua história e seu significado segundo a renovação litúrgica. São Paulo: Loyola, 2019, pp. 61-63.

BERGER, Rupert. Oitava. in: Dicionário de Liturgia Pastoral: Obra de consulta sobre todas as questões referentes à Liturgia. São Paulo: Loyola, 2010, pp. 272-273.

CABROL, Fernand. Octave. in: Catholic Encyclopedia, vol. 11, 1911. Disponível em: New Advent.

RIGHETTI, Mario. Historia de la Liturgia, v. I: Introducción general; El año litúrgico; El Breviario. Madrid: BAC, 1955, pp. 842-847.

SCHUSTER, Cardeal Alfredo Ildefonso. Liber Sacramentorum: Note storiche e liturgiche sul Messale Romano; vol. III: Il Testamento Nuovo nel Sangue del Redentore (La Sacra Liturgia dalla Settuagesima a Pasqua). Torino-Roma: Marietti, 1933, pp. 78-104.

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