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quinta-feira, 15 de outubro de 2020

Sugestão de leitura: Dicionário de Liturgia (1)

Para aqueles que iniciam seus estudos em qualquer área do conhecimento, um bom ponto de partida é procurar um Dicionário específico da área, que apresente os principais termos relacionados ao assunto que se deseja estudar.

Não é diferente com o estudo da Liturgia. Por isso, em nossa sugestão de leitura mensal gostaríamos de começar a apresentar o Dicionário de Liturgia editado por Domenico Sartore e Achille Maria Triacca, publicado na Itália em 1984 e traduzido pela Editora Paulus em 1992.


A obra reúne 110 verbetes elaborados por 57 especialistas em Liturgia, em sua maioria italianos ou professores em universidades italianas (como o espanhol Matias Augé ou o alemão Burkhard Neunheuser, ambos professores no Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo em Roma).

Os verbetes são precedidos por algumas propostas de leitura sistemática, com distintas ordens de leitura. Por exemplo, uma leitura mais introdutória começaria pelo verbete “Liturgia”, passando em seguida a alguns conceitos fundamentais como “Mistério”, “Mistério Pascal”, “História da salvação” e assim por diante. Há também uma proposta de leitura que segue o esquema da Constituição Sacrosanctum Concilium.

Cada verbete é integrado por um artigo bastante completo, com uma média de 10 páginas. Assim, dividiremos nossa apresentação do Dicionário em três partes. Aqui apresentaremos os verbetes 1 a 40, correspondentes às letras A-E (Adaptação até Existência cristã e Liturgia).

1. Adaptação - Anscar Chupungco (pp. 1-12)
O conceito litúrgico de “adaptação” é explorado a partir de sua evolução histórica e de sua definição pela Constituição Sacrosanctum Concilium (nn. 37-40). Por fim, reflete-se sobre os conceitos de “aculturação” e “inculturação”.

2. Advento - Augusto Bergamini (pp. 12-14)
Este é o primeiro dos textos do Padre Augusto Bergamini sobre os tempos do Ano Litúrgico. Aqui ele reflete sobre a teologia, a espiritualidade e a pastoral do Advento.

3. Alfaias / Vasos e objetos / Paramentos - Armando Cuva (pp. 14-20)
As alfaias, isto é, os objetos utilizados nas celebrações litúrgicas, são vistas a partir de uma síntese histórica e das orientações dos atuais documentos da Igreja. O autor dedica ainda um espaço aos vasos eucarísticos e aos paramentos.

4. Ambrosiana, Liturgia - Achille Maria Triacca (pp. 20-48)
A Liturgia Ambrosiana, própria da Arquidiocese de Milão (Itália), é vista em sua evolução histórica e em suas particularidades, como o Ano Litúrgico e a estrutura da Missa. A conclusão traz alguns aspectos da teologia litúrgica ambrosiana.

5. Animação - Luca Brandolini (pp. 48-58)
Sob o título de “animação”, o autor reflete sobre a “ars celebrandi”, a “arte de celebrar”, de forma a favorecer a participação dos fiéis. São apresentados os seus fundamentos teológicos e algumas reflexões pastorais.

6. Ano Litúrgico - Augusto Bergamini (pp. 58-63)
Consoante com seus outros artigos, Bergamini apresenta brevemente a história do Ano Litúrgico, para em seguida refletir sobre sua teologia, espiritualidade e pastoral.

7. Antropologia cultural - Aldo Natale Terrin (pp. 63-79)
Um dos artigos “interdisciplinares” do Dicionário, aqui o autor inicia apresentando as principais correntes da antropologia para então estabelecer as relações entre antropologia e ritual e antropologia e Liturgia.

8. Arquitetura - Eugênio Abruzzini (pp. 80-87)
O arquiteto Eugênio Abruzzini contribui aqui com um percurso histórico da arquitetura sacra, com alguns princípios tanto para edifícios históricos quanto para novos edifícios e orientações práticas.

9. Arte - Vincenzo Gatti (pp. 87-94)
A relação entre as diversas artes e a Liturgia é abordada à luz da história e da importância dos símbolos. São apresentadas ainda as orientações vigentes para a arte sacra e litúrgica, particularmente à luz da Sacrosanctum Concilium.

10. Assembleia - Armando Cuva (pp. 94-104)
A assembleia litúrgica é estudada em três dimensões: comemorativa (recorda a caminhada do povo de Israel), demonstrativa (sinal da Igreja, novo Povo de Deus) e escatológica (profecia da assembleia definitiva dos santos no céu).

11. Assembleias sem presbítero - Domenico Sartore (pp. 104-108)
A problemática das celebrações na ausência dos presbíteros é apresentada aqui recolhendo algumas experiências da Alemanha e da França nos anos 70 (lembrando que o Dicionário é de 1984). Trata-se, portanto, de uma reflexão já desatualizada.

12. Batismo - Adrien Nocent (pp. 109-122)
O primeiro dos sacramentos é apresentado em seus fundamentos bíblicos e na evolução dos seus principais ritos nos três primeiros séculos (profissão de fé, unções, etc.). Por fim, é feita uma síntese do Ritual do Batismo das crianças (publicado em 1973).

13. Bênção - Manlio Sodi (pp. 122-135)
O tema das bênçãos também parte do seu fundamento no Antigo e no Novo Testamento, passando às duas concepções de bênçãos na Igreja: ascendente (bendizer, agradecer) e descendente (pedir a bênção de Deus). São recordadas algumas bênçãos dentro da Missa, mas falta a reflexão sobre o Ritual de Bênçãos (publicado em 1984).

14. Bíblia e Liturgia - Achille Maria Triacca (pp. 135-151)
A ampla e fundamental relação entre Bíblia e Liturgia é abordada a partir dos princípios elencados no Concílio Vaticano II, destacando três dimensões: cristológica, pneumatológica e eclesial.

15. Bispo - Enzo Lodi (pp. 151-157)
Outro elemento resgatado pelo Concílio foi o papel do Bispo em relação à Liturgia. Aqui temos os fundamentos bíblicos e a evolução histórica do ministério episcopal.

16. Canto e música - Felice Rainoldi; Eugenio Costa Jr. (pp. 158-175)
Este verbete está dividido em duas partes: na primeira, Felice Rainoldi apresenta um panorama histórico da relação entre música e Liturgia até o Concílio Vaticano II; na segunda, Eugenio Costa Jr. tece um diálogo entre música, rito e cultura.

17. Catequese e Liturgia - Domenico Sartore (pp. 175-183)
Outra importante relação, com fundamentos na tradição patrística. Após refletir sobre suas premissas, como a mistagogia, se elencam três aspectos da relação: a catequese, iniciação à Liturgia; a Liturgia, catequese em ato; e a Liturgia, fonte da catequese.

18. Celebração - Manlio Sodi (pp. 183-196)
Um dos conceitos-chave no estudo da Liturgia, a “celebração” é apresentada sob vários aspectos: antropológico, bíblico, teológico e pastoral. No aspecto teológico destacam três elementos: o rito, a Palavra e a eucologia (oração).

19. Compromisso - Alessandro Pistoia (pp. 196-209)
O artigo explora a relação entre compromisso social e Liturgia, à luz tanto da sua dimensão “profética” quanto da sua dimensão “escatológica”. O autor destaca ainda o gesto da oferta na celebração.

20. Concelebração Eucarística - Matias Augé (pp. 209-217)
Outro elemento resgatado pelo Concílio, a concelebração é apresentada à luz da história e da teologia, destacando a tríplice unidade que a concelebração evoca: único sacerdócio, único sacrifício e único Povo de Deus.

21. Confirmação - Rinaldo Falsini (pp. 217-236)
A reflexão sobre o segundo dos sacramentos parte da “tradição eclesial” - fundamento bíblico e evolução histórica -, passa em seguida ao novo Ritual (publicado em 1971) e conclui com aspectos teológicos e pastorais (incluindo uma reflexão sobre a catequese).

22. Consagração das virgens - Ignacio María Calabuig; Rosella Barbieri (pp. 236-250)
O sacramental da consagração das virgens é visto a partir de uma síntese histórica até o novo Ritual (publicado em 1970), além de aspectos teológicos e jurídicos.

23. Crianças - Enrico Mazza (pp. 250-255)
O verbete analisa o Diretório para Missas com crianças (publicado em 1973, sem tradução oficial para o Brasil) e as três Orações Eucarísticas para Missas com crianças.

24. Criatividade - Alessandro Pistoia (pp. 255-270)
O conceito de “criatividade” é visto aqui à luz da história da Liturgia até o Concílio Vaticano II. O autor apresenta alguns critérios para a “criatividade litúrgica”: por exemplo, o uso inteligente de textos e ritos já disponíveis nos livros litúrgicos.

25. Culto - Augusto Bergamini (pp. 270-276)
O importante conceito de “culto” é analisado sobretudo a partir de seus fundamentos bíblicos: o culto no Antigo Testamento e o culto do Novo Testamento, culto de Cristo e da Igreja. Por fim estabelece-se a relação entre Liturgia e “culto espiritual”.

26. Cultura e Liturgia - Carmine Di Sante (pp. 276-284)
Complementando o verbete “Antropologia cultural”, aqui se reflete sobre como alguns aspectos do atual conceito de “cultura” influem na Liturgia.

27. Dedicação das igrejas e dos altares - Pierre Jounel (pp. 285-296)
O sacramental da dedicação da igreja e do altar é estudado em seu desenvolvimento histórico, culminando no novo Ritual (publicado em 1977). Os fundamentos bíblicos são vistos a partir dos próprios textos do rito.

28. Direito litúrgico - Armando Cuva (pp. 296-305)
Este estudo do direito litúrgico divide-se em três partes: as autoridades que regulamentam a Liturgia, os documentos jurídico-litúrgicos e alguns princípios do direito litúrgico (unidade e pluralidade, progresso e tradição, etc.).

29. Domingo - Luca Brandolini (pp. 305-318)
Após apresentar alguns aspectos da atual reflexão sobre o domingo (como o problema da secularização), o autor aborda os fundamentos bíblicos e teológicos do domingo como “dia do Senhor” e “sacramento da Páscoa”, concluindo com reflexões pastorais.

30. Ecumenismo - Pio Tamburrino (pp. 319-332)
O estudo da relação entre ecumenismo e Liturgia parte de alguns pressupostos teológico-litúrgicos, passando-se então à reflexão sobre alguns sacramentos: Batismo, Eucaristia, Matrimônio, sacramentos de cura e Exéquias.

31. Elementos naturais - Stefano Rosso (pp. 332-348)
Após introduzir o tema da relação entre natureza e Liturgia, o autor analisa quatro elementos presentes nas celebrações: água, luz/fogo, óleo e pão/vinho. Conclui o verbete uma reflexão sobre o valor e a pedagogia dos sinais.

32. Escatologia - Jesús Castellano (pp. 348-359)
A dimensão escatológica da Liturgia é vista sob três aspectos: os dados do Novo Testamento, a reflexão do Concílio Vaticano II e a escatologia em algumas celebrações litúrgicas. Conclui o verbete uma análise dos termos escatológicos nas orações litúrgicas (morte, juízo, parusia, ressurreição dos mortos, etc.).

33. Espírito Santo - Achille Maria Triacca (pp. 359-370)
A presença do Espírito Santo na Liturgia, “história da salvação celebrada”, é abordada em seus pressupostos bíblicos e teológicos. Analisa-se em seguida a dimensão pneumatológica da linguagem litúrgica: a epiclese, os gestos, os símbolos, o silêncio. Por fim, vê-se o Espírito como fundamento da espiritualidade e da pastoral litúrgicas.

34. Espiritualidade litúrgica - Burkhard Neunheuser (pp. 370-388)
O estudo da espiritualidade litúrgica parte de uma breve síntese histórica, passando então à abordagem sistemática, centrada na reflexão sobre o mistério de Cristo. O autor analisa algumas celebrações litúrgicas (Liturgia das Horas, Eucaristia, Ano Litúrgico), constatando que a Liturgia é “ápice e fonte” da espiritualidade autêntica.

35. Estilos celebrativos - Luca Brandolini (pp. 388-394)
Este texto é uma repetição do que já foi dito no verbete “Animação” sobre a “ars celebrandi” a serviço da participação dos fiéis.

36. Eucaristia - Pelagio Visentin (pp. 395-415)
O terceiro dos sacramentos é estudado sob três aspectos: primeiramente em sua origem e evolução histórica, partindo dos fundamentos bíblicos; em seguida a Celebração Eucarística parte por parte (ritos iniciais, Liturgia da Palavra, Liturgia Eucarística e ritos finais), concluindo-se com o culto eucarístico fora da Missa.

37. Eucologia - Matias Augé (pp. 415-423)
A eucologia é o conjunto das orações litúrgicas. Aqui se foca na eucologia menor (orações do dia, sobre as oferendas e após a Comunhão), uma vez que a eucologia maior (Oração Eucarística) receberá um verbete próprio.

38. Evangelização e Liturgia - Franco Brovelli (pp. 423-426)
Neste breve artigo o autor reflete sobre a força evangelizadora da Liturgia: “a Liturgia anuncia a boa-nova celebrando-a”.

39. Exéquias - Franco Brovelli (pp. 426-436)
Após refletir sobre o tema da morte na atualidade, o autor apresenta o novo Ritual das Exéquias (publicado em 1969) e conclui com algumas orientações de caráter pastoral.

40. Existência cristã e Liturgia - Bernhard Häring (pp. 436-441)
O famoso moralista Padre Bernhard Häring reflete aqui como na Liturgia toda a nossa existência é inserida na história da salvação: o passado é feito memória-gratidão, o presente é preenchido pela presença de Cristo e o futuro abre-se à realização plena.

Para acessar a segunda parte dessa postagem, com os verbetes 41 a 76, referentes às letras F-O (Família até Orientais, Liturgias), clique aqui.

Para acessar a terceira parte dessa postagem, com os verbetes 77 a 110, referentes às letras P-V (Padres e Liturgia até Virgindade Consagrada), clique aqui.

Igreja de Santo Anselmo all'Aventino, Roma
(Sede do Pontifício Instituto Litúrgico)

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