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terça-feira, 29 de março de 2022

Meditações da Via Sacra no Coliseu 2002

Há vinte anos, no dia 29 de março de 2002, Sexta-feira Santa, o Papa João Paulo II (†2005) presidia, como de costume, o piedoso exercício da Via Sacra (ou Via Crucis) junto ao Coliseu, no Monte Palatino em Roma.

Para a ocasião, o Papa polonês confiou as meditações a um grupo de 14 jornalistas provenientes de dez países, seguindo o esquema da chamada “Via Sacra Bíblica”.


Confira a seguir as meditações dos jornalistas, que ilustramos com a “Via Crucis” da artista britânica Caroline Waterlow.

Ofício das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Via-Sacra no Coliseu presidida pelo Santo Padre João Paulo II
Sexta-feira Santa, 29 de março de 2006

Meditações preparadas por:
John M. Thavis (EUA); Alexej Bukalov (Rússia); Henri Tincq (França); Greg Burke (EUA); Angel Gómez Fuentes (Espanha); Erich Kusch (Alemanha); Hiroshi Miyahira (Japão); Jacek Moskwa (Polônia); Marina Ricci (Itália); Aura Miguel (Portugal); Luigi Accattoli (Itália); Sophie de Ravinel (França); Valentina Alazraki (México); Marie Czernin (Alemanha)


Apresentação
A cada ano, ao anoitecer de Sexta-feira Santa, memória litúrgica da Paixão do Senhor, a comunidade cristã de Roma, juntamente com numerosos peregrinos vindos de todo o mundo, reúne-se à volta do Sucessor de Pedro, ao pé do Coliseu, para a piedosa devoção da Via-Sacra.
Através da televisão, milhões de fiéis participam neste momento de contemplação e oração. De certo modo, a «Urbe» e o «Orbe» [a cidade e o mundo] estão reunidos para comemorar o mistério da Paixão e Morte do Senhor, aqui apresentado através de leituras bíblicas, orações, comentários e cânticos. O caminho da cruz estende-se do interior do Coliseu até à colina do Palatino.
Como já tem acontecido nos últimos anos, as quatorze estações seguem um esquema inteiramente bíblico, com textos tirados prevalentemente do Evangelho segundo Marcos.
Todos os anos, o Santo Padre convida pessoas de várias nacionalidades e de diversas Igrejas ou Comunidades eclesiais para comentarem as estações da Via-Sacra. A novidade dos comentários da Via-Sacra 2002 está na multiplicidade dos autores: quatorze jornalistas e agentes da comunicação social, homens e mulheres, todos leigos, acreditados junto à Sala de Imprensa da Santa Sé, de várias nações, representantes de renomados jornais e redes televisivas, atentos aos fatos da crônica diária, mas também sensíveis ao mundo do espírito, formados na linguagem clara e essencial dos mass-media [meios de comunicação social], habituados à transmissão das notícias quotidianas. Eles souberam associar o mistério de Jesus Nazareno com os fatos da história contemporânea: pessoas e rostos, circunstâncias e lugares do nosso mundo também constituem uma Via-Sacra diária, continuando Cristo a viver e sofrer em tantos nossos irmãos e irmãs: nos humildes e nos pobres, nos deserdados e nos doentes, nos presos e nos perseguidos, nos sem abrigo e sem pátria. A meditação das diversas estações une frequentemente a vida de Jesus de Nazaré com a dos homens e mulheres do nosso tempo, vítimas da violência, da guerra, da perseguição, do terrorismo.
Às mulheres jornalistas foi confiado o comentário das estações onde as mulheres - Maria, a Mãe de Jesus; as discípulas que seguiram o Mestre até ao Calvário; as filhas de Jerusalém - são protagonistas e testemunhas de vários episódios da Paixão do Senhor.
Como bem o exprimiram os comentadores desta Via-Sacra 2002, também hoje resplandece o rosto de Deus no rosto de Cristo. Na sua Paixão, leem-se os sofrimentos da humanidade. Nos rostos martirizados de homens e mulheres do nosso tempo, entrevê-se o rosto de Cristo acusado, escarnecido, crucificado. Mas a sua vitória pascal, o seu triunfo sobre o mal e a morte é esperança para a humanidade inteira, promessa e antecipação de uma vida nova.

Oração inicial
Santo Padre: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. R. Amém.

Irmãos e irmãs,
Caíram já as sombras da noite, noite de Sexta-feira Santa do ano de 2002. De novo a Igreja de Roma se prepara para reviver, na escuta da Palavra, a última parte da vida de Cristo: desde o Horto das Oliveiras até ao túmulo escavado no Jardim.
Via-Sacra:
Caminho de dor que Cristo percorre obedecendo ao projeto salvífico do Pai. Caminho d’Ele e nosso: «Se alguém quiser vir após Mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me» (Mt 16,24).
Via-Sacra:
Espaço da revelação do Amor trinitário: do Pai que «amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu Filho único» (Jo 3,16); do Filho, que amou os amigos até ao ponto de dar a vida por eles (cf. Jo 15,13); do Espírito de paz, de misericórdia e de consolação.
Via-Sacra:
Escola de vida evangélica, onde o discípulo, voltando o olhar para o Crucificado, aprende como se ama a Deus sobre todas as coisas e se gasta a vida pelos irmãos; como o perdão vence a ofensa e se paga o mal com o bem, como o coração se abre ao amigo e se alivia a pena do aflito.
Via-Sacra:
Súplica pela reconciliação e a paz, para que, na Ásia, na África, no Médio Oriente, cessem os graves conflitos em ato, cesse o derramamento de sangue e, pela ação do Espírito, se rompa a dureza do coração e «os inimigos voltem à amizade, os adversários se deem as mãos e os povos procurem reencontrar a paz» (Oração Eucarística sobre a Reconciliação II, Prefácio).

Santo Padre:
Paz aos de perto e os de longe!
Paz a ti, Jerusalém, cidade amada pelo Senhor!
Paz a ti, Roma, terra de tantos mártires, raiz da civilização cristã!

Oremos (Breve pausa de silêncio)
Pai santo e misericordioso, concedei-nos percorrer com fé e amor o caminho da cruz, para que, participando da Paixão de Cristo, possamos chegar com Ele à glória do vosso Reino. Por Cristo, nosso Senhor. R. Amém.

João Paulo II segura a cruz durante a Via Sacra no Coliseu (2002)

I Estação: Jesus em agonia no Horto das Oliveiras

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 14,32-36)
Chegaram a uma propriedade chamada Getsêmani. Jesus, tomando consigo a Pedro, Tiago e João, começou a sentir pavor e a angustiar-Se. E disse-lhes: “A minha alma está numa tristeza de morte; ficai aqui e vigiai”. Adiantando-Se um pouco, caiu por terra e orou para que, se fosse possível, passasse d’Ele aquela hora. E disse: “Abbá, Pai, tudo Te é possível, afasta de Mim este cálice! Contudo não se faça o que Eu quero, mas o que Tu queres”.

Meditação
O jardim com as suas oliveiras não dá alívio nesta noite. Mete pena o rosto macerado contra a terra, dilacera a dúvida que fortemente preme sobre o coração. Dormem os amigos escolhidos como companheiros, os mesmos que prometeram: “Estaremos sempre convosco, Jesus”. Até as promessas, agora, dormem. Há pouco, depois da Ceia, Pedro gloriava-se: “Ainda que todos fujam, eu ficarei”. Mas agora ele não consegue sequer ter os olhos abertos. Estes últimos passos, Jesus devia percorrê-los sozinho. O longo caminho de palavras e milagres, um caminho tão povoado de gente, trouxe-O até aqui: um canto rochoso de terra, uma solidão imensa, que mete medo. Face por terra: nada há de majestoso nesta cena senão a sinceridade de um homem que confessa: “A minha alma está numa tristeza de morte”. Ele, que acalmava as águas agitadas pelo vento, agora não pode dar a paz a Si mesmo. A tempestade é a dúvida que lhe agita a mente e o peito, como agita o espírito de milhões de homens e mulheres ontem, hoje e amanhã. A luta pode prolongar-se e, neste jardim, só terminará quando o Filho disser ao Pai: “O que Tu queres”. Uma paz profunda virá depois da oração.

Oração
Jesus, Vós que entrastes no Getsêmani cheio de angústia e saístes com o espírito decidido e pacificado, confortai quem geme com medo ou é atormentado pela dúvida. Vós que experimentastes a nossa fraqueza, concedei fortaleza e esperança a todos os desesperados da terra. Vós que caminhais cada dia ao lado de quem é oprimido pelas fadigas da vida, ficai junto de cada um de nós, passo a passo.
A Vós, Jesus, prostrado por terra, com o rosto coberto de sangue, a honra e a glória com o Pai e com o Espírito Santo pelos séculos sem fim. R. Amém.

Todos: Pai nosso...


I Estação: The Cup of Acceptance (Caroline Waterlow)

II Estação: Jesus, traído por Judas, é preso

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 14,43.45-46)
Apareceu Judas, um dos Doze, e com ele uma grande multidão com espadas e varapaus, da parte dos príncipes dos sacerdotes, dos escribas e dos anciãos. Aproximou-se de Jesus, dizendo: “Rabbi”, e beijou-O. Os outros deitaram-Lhe as mãos e prenderam-No.

Meditação
“Logo que caiu da árvore o traidor-discípulo, o diabo voou ao seu encontro, ao seu rosto se encostou... com um beijo queimou de um lado a outro os lábios, que na noite da traição tinham beijado Cristo” (Alexandr Puskin, poeta russo, 1836).
Naquela trágica noite escura do Getsêmani, “a noite em que foi entregue” (1Cor 11,23), o Filho de Deus suscita em nós, com as suas palavras e gestos, sentimentos vários, às vezes contrastantes: notamos a riqueza do diálogo espiritual com os discípulos e sentimos a alegria da Ceia em comum; contemplamos as alturas das intenções puras e estremecemos com a mesquinhez da traição. Jesus, sábio e onisciente, obedecendo ao desígnio salvífico do Pai, vai para o sacrifício pela libertação do gênero humano. Ao traidor-discípulo, resta o desprezo universal dos séculos, a “maldição de Judas”, a Geena de fogo. A partir da morte de Cristo, floresce a vida nova, memória e anúncio de uma esperança imorredoura: a salvação universal.

Oração
Senhor Jesus, nas nossas divisões, fruto amargo do pecado, mostrai-nos a estrada para a unidade, o caminho que conduz à riqueza indescritível do Evangelho e da Redenção. Deve chegar o tempo estabelecido pelo Pai, no qual se manifeste o amor que perdoa e une. Vós, sapiente Mestre de vida, Vós, bom e paciente perante a traição do discípulo e a prepotência dos governantes, dai-nos, nestes dias de violência inaudita e de brutal contraposição entre os homens, um raio da vossa calma e serenidade. Dai-nos sentimentos de paz e perdão, porque não há paz sem perdão, não há perdão sem compaixão.
A Vós, Jesus, que mostrais o vosso rosto de mansidão ao amigo que Vos atraiçoa, o louvor e a honra, com o Pai e com o Espírito, hoje e no dia sem fim. R. Amém.

Todos: Pai nosso...


II Estação: The Betrayal (Caroline Waterlow)

III Estação: Jesus é condenado pelo Sinédrio

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 14,55.60-62.64)
Os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um testemunho contra Jesus, para Lhe dar a morte, mas não o encontravam. O Sumo Sacerdote ergueu-se no meio da assembleia e interrogou Jesus: “És Tu o Messias, Filho do Deus Bendito?”. “Sou”, respondeu Jesus. E todos sentenciaram que Ele era réu de morte.

Meditação
A máquina da justiça pôs-se em movimento. Aquela que condena sem provas, acusa sem motivo, julga sem apelo, esmaga o inocente. Justiça sumária, abreviada das ditaduras modernas e das situações de guerra. Justiça aplicada às vezes - suprema blasfêmia - em nome daquele Deus que perdoa e indulta. Jesus no tribunal. Como todas as vítimas do arbítrio, os presumidos culpados de delitos de consciência. Eles resistem, recusam sujeitar-se ao jogo do sistema, da imposição que esmaga e despedaça a personalidade e a identidade. Controle da identidade: “Quem és?”. Cada homem que chega à prisão recebe um número. A todo o momento deve mostrar a sua matrícula, apresentar a etiqueta. Na hora do arbítrio, missão e glória da Igreja é dizer-lhe que não é um número, que todo o homem tem direito de ser chamado pelo seu nome. “És Tu o Messias, Filho do Deus Bendito?”. A resposta é iluminante: “Sou”. Deixar a própria identidade e anunciar a sua fé às vezes são atos passíveis de morte. Mas quantos são os que procuram Deus? Quantos O procuram atrás das grades? Quantos na prisão da sua vida, dos seus sofrimentos? Quantos no escárnio suportado e na tortura sofrida? Homens e mulheres de todas as prisões, perseguidos, apontados, feridos, sem resposta às questões essenciais: sobre o sentido da vida e sobre o mal, sobre o arrependimento, sobre o perdão e sobre a salvação, sobre o mistério da Cruz e da Redenção. Povo de carne e de sangue. Terra de encontros, de rostos, de vozes, de gritos. Terra do Evangelho.

Oração
Jesus, basta que digais “Eu Sou” para que acorramos a Vós. Nas prisões, homens e mulheres Vos imploram. Vigiam e rezam durante a noite. Ensinam-nos o ar que lá se respira, o mal que oprime, a liberdade que se procura. Escutai a sua súplica. Se não se sentem perdoados, amados por Vós e por nós, se lhes é negada a esperança, são duplamente condenados, presos nos braços da morte. Concedei-lhes o mesmo que destes a nós: a fé em Vós e na vossa presença, o amor à vida, a esperança em um mundo novo. Dai, a nós e a eles, os meios para Vos procurar, para aceitar a espera e para Vos encontrar.
A Vós, Jesus, Bom Pastor e Senhor das nossas vidas, Amigo de rosto clemente, o louvor puro e agradecido, com o Pai e com o Espírito, no tempo e na eternidade. R. Amém.

Todos: Pai nosso...


III Estação: Seat of the Law (Caroline Waterlow)

IV Estação: Jesus é renegado por Pedro

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 14,72)
Pela segunda vez um galo cantou. Pedro recordou-se, então, do que Jesus lhe havia dito: “Antes que o galo cante duas vezes, Me terás negado três vezes”. E desatou a chorar.

Meditação
O galo canta pela segunda vez, e as lágrimas de Pedro rolam até ao chão. Que aconteceu a Cefas, a Rocha? Renegou o seu Redentor, não uma nem duas, mas três vezes. Tal como a sua fé vacilara quando procurou caminhar sobre a água, do mesmo modo, uma vez mais, Pedro revela a sua fraqueza. Tinha temerariamente prometido antes morrer que renegar o seu Mestre. Mas, no fim, bastou uma criada para se envergonhar da sua amizade com Jesus. Mas logo que o olhar de Jesus se cruza com o de Pedro, o Apóstolo reconhece o seu triste erro. Humilhado, chora e pede perdão a Deus. Grande é a lição de Pedro: até os mais íntimos ofenderão Jesus com o pecado. O canto do galo não mais será o mesmo para o Príncipe dos Apóstolos: lhe recordará para sempre o seu medo e a sua fragilidade.

Oração
Senhor, dai-nos um coração humilde e contrito. Fazei que saibamos chorar pelas nossas culpas, para regressar ao vosso amoroso abraço sempre que Vos voltamos as costas. Fazei que aprendamos de Pedro a não dar por descontada a nossa fé e a não presumir sermos melhores que os outros. Ajudai-nos a conhecermo-nos como verdadeiramente somos: frágeis, pecadores, constantemente necessitados do vosso perdão.
A Vós, Jesus, que fixais o amigo com rosto sereno, o louvor e a glória com o Pai e com o Espírito, pelos séculos eternos. R. Amém.

Todos: Pai nosso...


IV Estação: Cockerel (Caroline Waterlow)

V Estação: Jesus é julgado por Pilatos

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,14-15)
Eles gritaram ainda mais: “Crucifica-O!”. Pilatos, desejoso de agradar à multidão, soltou-lhes Barrabás e, depois de mandar açoitar Jesus, entregou-O para ser crucificado.

Meditação
“Seja crucificado” (Mt 27,22).
Este grito ressoa com força sempre que um ser humano é maltratado. Todos os dias, cada um de nós transforma-se nem um juiz. Pensamos que temos o direito de julgar e condenar o comportamento dos outros, mas recusamos ser objeto de censura ou de juízo alheio. Sempre encontramos uma justificação para as nossas culpas e os nossos erros. Jesus responde com o silêncio ao ver a hipocrisia e a soberba do poder, a indiferença daqueles que se subtraem às suas responsabilidades. Confirma assim o ensinamento dado aos discípulos: “Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados” (Lc 6,37). Jesus tem as mãos atadas, mas sente-Se livre. Ao aceitar o mistério da Cruz, indica-nos o verdadeiro amor e a verdadeira justiça.

Oração
Senhor Jesus, livrai-nos da hipocrisia e da indiferença, da tentação de lavarmos as mãos perante a injustiça. Concedei-nos a humildade necessária para reconhecermos os nossos erros. Ensinai-nos a recusar qualquer compromisso com a injustiça e a mentira. Ajudai-nos a fazer silêncio dentro de nós para ouvir o grito daqueles que sofrem. Iluminai aqueles que procuram sempre uma justificação para as suas culpas. A todos nós, ó Senhor, que derramastes o vosso sangue como preço da nossa liberdade, dai-nos a vossa voz para a erguermos em defesa dos oprimidos, de quantos sofrem em silêncio, para que se tornem realidade no mundo a paz, a justiça e o perdão.
A Vós, Jesus, o Condenado de rosto inocente, o louvor puro e agradecido, com o Pai e com o Espírito, no tempo e na eternidade. R. Amém.

Todos: Pai nosso...


V Estação: Washing of Hands (Caroline Waterlow)

VI Estação: Jesus é flagelado e coroado de espinhos

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,17-19)
Os soldados revestiram-No de um manto de púrpura e cingiram-Lhe uma coroa de espinhos, que haviam tecido. Depois começaram a saudá-Lo: “Salve, ó Rei dos judeus!”. Batiam-Lhe na cabeça com uma cana, cuspiam-Lhe e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante d'Ele.

Meditação
Ó Cristo, sois o verdadeiro Rei, mas os homens zombaram de Vós, coroaram-Vos, não para Vos adorar, mas para denegrir-Vos. Sofremos convosco porque os homens são cegos e surdos à vossa mensagem de salvação. O vosso Reino não é deste mundo, mas nós, homens, esperamos favores, poder, sucesso, riquezas: um mundo sem sofrimento. E, contudo, fazemos sofrer os outros, inclusive os não-nascidos... Com o vosso sacrifício, ensinastes-nos a romper a espiral da violência. Verdadeiro homem, sofrestes dores indescritíveis; contemplando o vosso rosto, conseguimos suportar as nossas dores, na esperança de ser acolhidos no vosso Reino, o verdadeiro e único Reino.

Oração
Ó Jesus, nosso Rei, perdoai a nossa incoerência: choramos o teu sofrimento e ferimos os outros para fazer prevalecer o nosso egoísmo. Sede para nós, extraviados, guia seguro; para nós, débeis, fortaleza na prova; para nós, inconstantes, firmeza no seguir-Vos. Fazei que a violência dos homens seja vencida pela vossa mansidão e o sofrimento incompreensível, acolhido com fé, se torne instrumento de paz e salvação.
A Vós, Jesus, Rei coroado de espinhos, de rosto manso e pacífico, a honra e a glória, com o Pai e com o Espírito, no tempo efêmero e no dia sem fim. R. Amém.

Todos: Pai nosso...


VI Estação: Crown of Thorns (Caroline Waterlow)

VII Estação: Jesus recebe a Cruz aos ombros

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,20)
Depois de O terem escarnecido, tiraram-Lhe o manto de púrpura e vestiram-Lhe as Suas roupas. Levaram-n’O, então para o crucificarem.

Meditação
Jesus tomou sobre si aquela cruz que estava destinada para cada um de nós. Aos nossos olhos, ela se mostra o símbolo do paradoxo e da contradição. Não obstante fosse revestido da glória e do poder que Lhe fora dado pelo Pai, Jesus aceitou uma morte horrível, inglória, antes, vergonhosa. Sabia que a cruz era a única via para entrar na intimidade do homem; uma morte violenta, o único meio para entrar docemente em nossos corações. É difícil levar esta cruz paradoxal no mundo contemporâneo, globalizado, dominado pelo poder econômico, político, militar. Os poderosos do mundo aliam-se para cumprir represálias, para atingir as populações pobres e extenuadas. Justifica-se até mesmo o terrorismo em nome da “justiça” e da “defesa” dos pobres. Uma mensagem violenta, a dos poderosos: irrompe violentamente no nosso coração e o nosso coração petrifica-se. Também para esta grande parte da humanidade sofredora, para as vítimas da violência e da injustiça, Jesus carrega a cruz.

Oração
Senhor, dai-nos a força e a coragem para partilhar a vossa cruz e os vossos sofrimentos na vida quotidiana e no empenho profissional. Infundi em nós o espírito de serviço e de sacrifício, para que aspiremos não ao poder e à glória, mas a sermos instrumento de solidariedade e de paz para os que são esmagados pela violência e pela injustiça dos poderosos do mundo.
A Vós, Jesus, carregado com a cruz, de rosto cansado, nossa saudação cheia de grata admiração, com o Pai e com o Espírito Santo, agora e pelos séculos dos séculos. R. Amém.

Todos: Pai nosso...


VII Estação: A Burden to Bear (Caroline Waterlow)

VIII Estação: Jesus é ajudado por Simão de Cirene a levar a Cruz

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,21)
Requisitaram, para levar a cruz, um homem que passava, vindo do campo: Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo.

Meditação
Um homem que vinha do campo entrou em Jerusalém para negociar. Um estranho desfile o impediu prosseguir. Uma rua estreita e apinhada de gente: soldados, mulheres que choravam, alguns fanáticos com olhos carregados de ódio, e um condenado, já sem forças para carregar sobre os ombros o madeiro da vergonha. Os soldados procuram alguém que o livre deste peso. Não o fazem por piedade: devem respeitar a hora da execução. Escolhem o primeiro que encontram, porque parece bastante robusto.
Um homem que vinha do campo entrou em Jerusalém para negociar. Lucrou com isso: cinco minutos na história da salvação, uma frase no Evangelho. Conheceu gratuitamente o peso da cruz. Eis que se revela o mistério. A cruz é pesada demais para Deus, que se fez homem. Jesus necessita de solidariedade. O homem tem necessidade de solidariedade. Foi-nos dito: “Levai os fardos uns dos outros” (Gl 6,2). Solidariedade.

Oração
Senhor, Vós dissestes: “Se alguém quiser vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me” (Mc 8,34). Como posso fazê-lo? Ensinai-me, e com a vossa graça vencei em mim o medo do ódio alheio, o medo da dor, o medo de uma morte solitária, o medo do medo. Senhor, tende piedade da minha fraqueza.
A Vós, Jesus, dobrado pela fadiga, com a face marcada pelo cansaço, o nosso amor solidário e grato, com o Pai e com o Espírito Santo, com os quais sois um só, no tempo que passa e na eternidade imutável. R. Amém.

Todos: Pai nosso...


VIII Estação: At the Crossroads (Caroline Waterlow)

IX Estação: Jesus encontra as mulheres de Jerusalém

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,27-28.31)
Seguiam-n’O uma grande multidão do povo e umas mulheres que se lamentavam e choravam por Ele. Jesus voltou-se para elas e disse-lhes: “Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim; chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos. Porque se tratam assim a madeira verde, o que acontecerá à seca?”.

Meditação
Um lamento fúnebre acompanha a caminhada do Condenado à morte. No caminho que leva ao Calvário, as mulheres choram batendo no peito. Não sabem que, em troca das suas lágrimas, receberão a tremenda profecia dos tempos que hão de vir. “Não choreis por Mim. Poupai vossas lágrimas para os anos e os dias que virão, porque, se assim tratam o Inocente, que será de vós e dos vossos filhos?”. Jesus conhece a resposta à pergunta que dirige às mulheres de Jerusalém. Ele, levando a cruz aos ombros, vacila sob o peso do pecado e da dor dos homens, que quis como irmãos. Bem sabe como é longa na história a via dolorosa que leva aos “Calvários” do mundo.

Oração
Senhor Jesus Cristo, Vós que conheceis a profundidade do nosso coração, a capacidade de bondade e de maldade que está em cada homem, ensinai-nos a perdoar e a pedir perdão, a ter piedade de nós mesmos e dos outros. Lembrai-Vos de Jerusalém, abençoada pelo vosso amor, dilacerada pelo ódio dos homens. Dai aos homens e às mulheres daquela Terra Santa paz e ressurreição.
A Vós, Jesus, em cuja face resplandece a luz do Pai e a ternura da Mãe, o louvor e a glória com a eterna Luz e o eterno Amor, no tempo da espera e na eterna consumação. R. Amém.

Todos: Pai nosso...


IX Estação: The Women of Jerusalem (Caroline Waterlow)

X Estação: Jesus é crucificado

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,24)
Depois crucificaram-n’O e repartiram entre si as Suas vestes, sorteando-as para ver o que levava cada um.

Meditação
Jesus é crucificado. As Suas mãos e os Seus pés são transpassados por impiedosos cravos. Despojado das Suas vestes, cobre-se agora dos pecados do mundo. Deixa-se crucificar por amor: no amor o sofrimento humano ganha valor salvífico. Com esta certeza, gerações de homens e mulheres, novos e velhos, seguem o Crucificado nesta radical experiência de amor. As chagas do Salvador continuam hoje a sangrar, agravadas pelos cravos da injustiça, da mentira e do ódio, dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças. Nas palmas das Suas mãos transpassadas pelos cravos está escrito o nome dos que, com Ele, continuam a ser crucificados.

Oração
Senhor Jesus, crucificado no madeiro por amor a nós, dai-nos a vossa liberdade. Ensinai-nos a vencer o medo do sofrimento com a força que brota da vossa cruz. Fazei-nos penetrar neste mistério de amor que transforma em momentos de graça as mais simples circunstâncias de cada dia. Jesus, levantado sobre a cruz, atraí a Vós os que buscam a vossa face; ajudai os que participam dos vossos sofrimentos a descobrir o sentido da sua misteriosa chamada a partilhar vossa paixão e a dor do mundo.
A Vós, Jesus, Crucificado, em cuja face brilha a misericórdia, a nossa adoração e grata memória com o Pai e com o Espírito Santo, hoje e pelos séculos eternos. R. Amém.

Todos: Pai nosso...


X Estação: Tools of the Trade (Caroline Waterlow)

XI Estação: Jesus promete o seu Reino ao bom ladrão

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,39-43)
Um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo: “Não és Tu o Messias? Salva-te a Ti mesmo e a nós”. Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo que as nossas ações mereciam, mas Ele nada praticou de condenável”. E acrescentou: “Jesus, lembra-Te de mim quando estiveres no Teu reino”. Ele respondeu-lhe: “Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso”.

Meditação
“Hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43): é a palavra mais consoladora que Jesus pronuncia no Evangelho. Ainda mais consolador é o fato que a dirija a um malfeitor. O bom ladrão, certamente, tinha matado, possivelmente mais de uma vez, e de Jesus nada sabia, a não ser aquilo que escutou gritar pela multidão. Mas eis que escuta as palavras de perdão que o Nazareno dirige aos que O crucificaram e intui, em um instante, de qual Reino tinha falado aquele “profeta”. Em seguida O defende do desdém do outro malfeitor e invoca logo a salvação. Um sentimento de solidariedade e um grito de ajuda bastaram para salvá-lo. Aquele ladrão representa todos nós. A sua rápida aventura nos ensina que o Reino pregado por Jesus não é difícil de alcançar para aqueles que O invocam.

Oração
Senhor Jesus, que prometestes o paraíso ao malfeitor que Vos falava da cruz junto à vossa, lembrai-Vos também de nós, agora que estais no Vosso Reino. Fazei chegar, consoladora, a vossa promessa de vida eterna e de eterno amor a cada mulher e cada homem que enfrenta o evento da morte.
A vós, Jesus, o Condenado de rosto acolhedor, o louvor e o agradecimento perene, com o Pai e com o Espírito Santo, hoje e nos séculos sem fim. R. Amém.

Todos: Pai nosso...


XI Estação: The Repentant Thief (Caroline Waterlow)

XII Estação: Jesus na Cruz, a Mãe e o Discípulo

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo João (Jo 19,26-27)
Ao ver Sua mãe e junto dela, o discípulo que Ele amava, Jesus disse a Sua mãe: “Mulher, eis aí o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Eis aí a tua mãe”. E, desde aquela hora, o discípulo recebeu-A em sua casa.

Meditação
Maria, estás de pé junto à Cruz; o discípulo mais jovem está ao teu lado. No meio do estrépito dos soldados e da multidão, levantais, tácitos, o olhar para Cristo. Maria, tu levantaste as mãos para recolher o sangue que escorria do madeiro, linfa da árvore da vida? As tuas lágrimas irrigaram a terra, aonde tantas mães depositam os próprios filhos? Tu, desde o início meditaste no teu coração, no silêncio e no abandono, na paz e na confiança, o que vias e ouvias. Agora ofereces o teu Filho ao mundo e recebes o discípulo que Ele amava. Desde aquele instante, João te acolhe na morada do coração e na sua vida, e a força do Amor nele se difunde. Ele é agora, na Igreja, a testemunha da luz e com o seu Evangelho revela o Amor do Salvador.

Oração
Jesus, que da Cruz diriges o olhar à Mãe e ao Discípulo, dai-nos, no meio dos sofrimentos, a audácia e a alegria de Vos acolher e de Vos seguir com confiante abandono. Cristo, fonte da vida, de toda graça e de toda beleza, fazei-nos contemplar a vossa face sorridente, a face de quem salva o mundo e o conduz ao Pai. Senhor, a Vós se eleva o nosso louvor, guiado pela Igreja e por vossa Mãe: concedei-nos entrever na loucura da Cruz a promessa da nossa ressurreição.
A Vós, Jesus, cuja face resplandece na hora das trevas como face de Mestre, de Filho, de Amigo, o nosso amor e nosso reconhecimento, com o Pai e o Espírito Santo, no tempo que se dissipa e na perene eternidade. R. Amém.

Todos: Pai nosso...


XII Estação: The Beloved (Caroline Waterlow)

XIII Estação: Jesus morre na Cruz

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,34.36-37)
À hora nona, Jesus exclamou em alta voz: “Eloì, Eloì, lemà sabactàni?”, que quer dizer: “Meu Deus, Meu Deus, porque Me abandonaste?”. Um deles correu a embeber uma esponja em vinagre, pô-la numa cana, deu-lhe de beber dizendo: “Esperemos, a ver se Elias vem tirá-Lo dali”. Soltando um grande brado, Jesus espirou.

Meditação
Jamais, como na hora da Sua morte, a hora mais importante da história da humanidade, Jesus esteve tão perto de nós. No instante final, como um de nós, Jesus é, na impotência, invadido pela angústia. Morre sozinho. Os cravos transpassam Sua carne, mas sobretudo o Seu espírito. Será que o Pai O abandonou? Sofre com o tormento de sua Mãe, escolhida para dar à vida um Filho que verá morrer. No entanto, Jesus, no amor e na obediência, aceita o projeto do Pai. Sabe que sem o dom da Sua vida a nossa morte seria sem esperança; as trevas do desespero não se transformariam em luz; a dor não resultaria na consolação, na esperança da eternidade.

Oração
Obrigado, Jesus, por terdes vencido a nossa morte, com a vossa morte: fazei que as cruzes dos que, como Vós, morrem pela mão de outros homens, se transformem em árvores da vida. Obrigado Jesus, por terdes feito da cruz, lugar de sofrimento e de morte, o sinal da nossa reconciliação com o Pai: fazei que o vosso sacrifício enxugue todas as lágrimas do mundo, sobretudo aquelas de quem, como vossa Mãe, carrega a cruz da morte de um inocente.
A Vós, Jesus, com a cabeça reclinada no madeiro e o rosto já apagado, o louvor de adoração e memória, no dia que está a declinar e no dia da luz inextinguível. R. Amém.

Todos: Pai nosso...


XIII Estação: It is Accomplished (Caroline Waterlow)

XIV Estação: Jesus é colocado no sepulcro

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,46)
José de Arimateia, depois de comprar um lençol, desceu o corpo da cruz e envolveu-o nele. Em seguida, depositou-O em um sepulcro cavado na rocha e rolou uma pedra contra a porta do sepulcro.

Meditação
Após o terrível trovão no instante da morte, o grande silêncio. Os discípulos da noite, que, temerosos, seguiam furtivos o Mestre, agora já não temem. À luz do dia, pedem a Pilatos o corpo de Jesus para a sepultura. A Virgem do grande silêncio, que trouxe no seu ventre o Fruto bendito - Aquele a quem o universo não pode conter - acolhe novamente no seu seio o corpo de Jesus descido da Cruz: contempla-O, adorando, venera-O na sua imensa dor. O Rei dorme, mas a sua Esposa vigia: é o dia do descanso de Deus. Junto com o Rei, também dorme a criação à espera do despertar. O Filho de Deus desce à mansão dos mortos para resgatar aqueles que a morte retém. A Sua luz transtorna as trevas do Hades. A terra treme e os sepulcros se abrem. Jesus vem para libertar os justos e devolvê-los à luz da ressurreição. Ele foi tragado pela escuridão da morte, mas para ser devolvido à plenitude da luz e da vida: como a baleia reteve Jonas no seu ventre, para devolvê-lo depois de três dias, assim a terra abrirá as suas fauces para libertar o corpo luminoso do Vivente.

Oração
Jesus, fizestes-Vos o menor de todos os homens, deixastes-Vos cair na terra como um grão de trigo. Agora, deste grão brotou a árvore da Vida, que abraça o universo. Fazei, Senhor, que, como as piedosas mulheres foram de madrugada ao vosso túmulo com bálsamo e unguentos, corramos também nós ao vosso encontro com os aromas e perfumes do nosso pobre amor. Jesus, Vós estais à espera nas nossas igrejas: esperais ansioso alguém que saiba fazer-se pequeno e humilde, como Vós, na Eucaristia, adorar-Vos e testemunhar o vosso amor diante dos homens, reconhecer-Vos no pobre e no sofredor. Fazei que cada um de nós se torne vosso adorador e vossa testemunha no mistério do sacrário eucarístico e no sacramento do homem faminto, sedento, enfermo.
A Vós, Jesus, de face serena na rígida solenidade da morte, o nosso amor e a nossa adoração, neste entardecer e no dia que não conhece ocaso. R. Amém.

Todos: Pai nosso...


XIV Estação: In the Tomb (Caroline Waterlow)

Discurso do Santo Padre João Paulo II
No site da Santa Sé estão disponíveis tanto as palavras improvisadas do Papa na ocasião quanto o discurso que havia sido preparado previamente.

Bênção Apostólica


Para acessar outros modelos de meditações para a Via Sacra, confira nossa postagem sobre a história da Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.

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