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sábado, 20 de março de 2021

Homilia: V Domingo da Quaresma - Ano B

São João Crisóstomo
Sermão 66 sobre o Evangelho de São João
É necessário que a ressurreição seja como foi a de Cristo

O que significa “se o grão de trigo não cai na terra e morre”? Ele fala da crucificação. Para que não se perturbassem ao ver que Ele se condenava à morte, justamente quando os gentios se aproximavam d’Ele, lhes diz: “É precisamente isto o que os fará vir até mim; isto é o que estenderá o anúncio”. Em seguida, como não conseguia persuadi-los totalmente com suas palavras, os estimula colocando-lhes diante da experiência e lhes diz: “O mesmo acontece com o trigo, que quando morre aí é que frutifica. Se nas sementes acontece isso, muito mais acontecerá em mim”. Porém, os discípulos não entenderam suas palavras. E o evangelista repete com frequência este dado, para escusá-los, visto que logo se dispersarão. Também Paulo fez alusão ao grão de trigo quando falou da ressurreição.

Que desculpa terão os que não creem na ressurreição? Porque cada dia podemos vê-la nas sementes, nas plantas e nas gerações humanas. Primeiro é necessário que a semente se corrompa, para que a partir disso ocorra a brotação. Falando de forma geral, quando é Deus quem realiza algo, não se necessitam mais explicações. Como Ele nos criou do nada? Isto o digo aos cristãos que professam crer nas Escrituras. Porém, acrescentarei algo mais do raciocínio humano. Alguns homens são maus; outros são bons. Dos que são maus, muitos chegaram à idade avançada com prosperidade, enquanto que aos bons lhes aconteceu tudo ao contrário. Então quando, em que momento cada um receberá o que merece? Tu insistes dizendo: “Sim! Porém os corpos não ressuscitam”. Estes não ouvem a Paulo que diz: É necessário que o corruptível se revista da imortalidade. Ele não fala da alma, pois a alma não é corruptível; e a ressurreição é própria de quem morreu, e é o corpo que morreu.

Mas por que não admites a ressurreição da carne? Será, por acaso, impossível para Deus? Afirmá-lo seria recorrer ao extremo da necessidade. Mas não convém? Por que não convém que este elemento corruptível, que padeceu os sofrimentos e a morte, participe das coroas?

Se não conviesse, nos princípios nem sequer teria sido criado o corpo, nem Cristo teria assumido nossa carne. Porém, que Ele de fato a assumiu e ressuscitou, ouve como Ele mesmo o afirma: Coloca aqui teus dedos e vede que os espíritos não têm carne nem ossos. Por que ressuscitou a Lázaro dessa forma, se era melhor ressuscitar sem corpo? Por que colocou a ressurreição no número dos milagres e dos benefícios? Por que para a ressuscitada lhe proporcionou alimentos? Em consequência, caríssimos, que os hereges não vos enganem. Existe a ressurreição, existe o juízo. Os negam todos os que não querem dar contas de suas obras. É necessário que a ressurreição seja como foi a de Cristo. Ele é primícias e o primogênito dentre os mortos.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 322-323. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Para ler uma homilia de São Cirilo de Alexandria para este domingo, clique aqui.

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