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sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Catequese do Papa: Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 20 de janeiro de 2021
A oração pela unidade dos cristãos

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Nesta catequese me centrarei na oração pela unidade dos cristãos. De fato, a semana de 18 a 25 de janeiro é dedicada em particular a isto, a invocar de Deus o dom da unidade a fim de superar o escândalo das divisões entre os crentes em Jesus. Depois da Última Ceia, Ele rezou pelos seus, «para que todos sejam um só» (Jo 17,21). Foi a sua oração antes da Paixão, poderíamos dizer o seu testamento espiritual. Observamos, contudo, que o Senhor não ordenou aos discípulos a unidade. Nem lhes fez um discurso para motivar a sua necessidade. Não, Ele rezou ao Pai por nós, para que fôssemos um só. Isto significa que não somos suficientes, apenas com as nossas forças, para realizar a unidade. A unidade é, antes de mais, um dom, é uma graça a ser pedida com a oração.
Cada um de nós precisa dela. Com efeito, damo-nos conta de que não somos capazes de preservar a unidade nem sequer dentro de nós mesmos. O Apóstolo Paulo também sentiu um conflito dilacerante dentro de si: querer o bem e estar inclinado para o mal (cfRm 7,19). Ele compreendeu que a raiz de tantas divisões à nossa volta - entre pessoas, na família, na sociedade, entre povos e até entre crentes - está dentro de nós. O Concílio Vaticano II afirma que «os desequilíbrios de que sofre o mundo atual estão ligados com aquele desequilíbrio fundamental que se radica no coração do homem. Porque no íntimo do próprio homem muitos elementos se combatem. (...) Sofre assim em si mesmo a divisão, da qual tantas e tão grandes discórdias se originam para a sociedade» (Gaudium et spes, 10). Portanto, a solução para as divisões não é opor-se a alguém, porque a discórdia gera mais discórdia. O verdadeiro remédio começa pelo pedir a Deus a paz, a reconciliação, a unidade.
Isto se aplica antes de mais aos cristãos: a unidade só pode vir como fruto da oração. Os esforços diplomáticos e os diálogos acadêmicos não são suficientes. Jesus sabia isto e abriu-nos o caminho através da oração. Deste modo, a nossa oração pela unidade é uma humilde mas confiante participação na oração do Senhor, o qual prometeu que cada oração feita em seu nome será ouvida pelo Pai (cfJo 15,7). Neste ponto, podemos perguntar-nos: “Rezo pela unidade?”. É a vontade de Jesus, mas se revirmos as intenções pelas quais rezamos, provavelmente compreenderemos que rezamos pouco, talvez nunca, pela unidade dos cristãos. Mas a fé no mundo depende disto; com efeito, o Senhor pediu a unidade entre nós «para que o mundo creia» (Jo 17,21). O mundo não acreditará porque o convenceremos com bons argumentos, mas se tivermos testemunhado o amor que nos une e nos torna próximos de todos.
Neste tempo de graves dificuldades, a oração é ainda mais necessária para que a unidade prevaleça sobre os conflitos. É urgente pôr de lado os particularismos a fim de promover o bem comum, e para isso o nosso bom exemplo é fundamental: é essencial que os cristãos continuem o caminho rumo à unidade plena e visível. Nas últimas décadas, graças a Deus, foram dados muitos passos em frente, mas é necessário perseverar no amor e na oração, sem desanimar e incansavelmente. Trata-se de um percurso que o Espírito Santo suscitou na Igreja, nos cristãos e em todos nós, e do qual nunca voltaremos atrás. Sempre em frente!
Rezar significa lutar pela unidade. Sim, lutar, porque o nosso inimigo, o diabo, como a própria palavra diz, é o divisor. Jesus pede a unidade no Espírito Santo, fazer unidade. O diabo divide sempre porque para ele é conveniente dividir. Ele insinua a divisão, em todo o lado e de todas as maneiras, enquanto o Espírito Santo faz convergir sempre em unidade. O diabo, em geral, não nos tenta com a alta teologia, mas com as fraquezas dos irmãos. Ele é astuto: amplia os erros e defeitos dos outros, semeia a discórdia, provoca a crítica e cria divisão. O caminho de Deus é outro: Ele aceita-nos como somos, ama-nos muito, mas ama-nos como somos e nos aceita como somos; nos aceita diferentes, nos aceita pecadores, e impele-nos sempre para a unidade. Podemos examinar-nos e perguntar-nos se, nos locais onde vivemos, estamos a fomentar conflitos ou a lutar para crescer em unidade com os instrumentos que Deus nos deu: a oração e o amor. Ao contrário, alimenta-se a conflitualidade com o mexerico, sempre, falando mal dos outros. O mexerico é a arma mais à mão que o diabo  tem para dividir a comunidade cristã, para dividir a família, para dividir os amigos, para dividir sempre. O Espírito Santo inspira-nos sempre a unidade.
O tema desta Semana de Oração refere-se precisamente ao amor: “Permanecei no meu amor e dareis muito fruto” (cfJo 15,5-9). A raiz da comunhão é o amor de Cristo, que nos faz superar os preconceitos para vermos nos outros um irmão e uma irmã que devemos amar sempre. Deste modo descobrimos que os cristãos de outras confissões, com as suas tradições, com a sua história, são dons de Deus, são dons presentes nos territórios das nossas comunidades diocesanas e paroquiais. Comecemos a rezar por eles e, se possível, com eles. Desta forma, aprenderemos a amá-los e a apreciá-los. A oração, recorda-nos o Concílio, é a alma de todo o movimento ecumênico (cfUnitatis redintegratio, 8). Portanto, que a oração seja o ponto de partida para ajudar Jesus a realizar o seu sonho: que todos sejam um só.


Fonte: Santa Sé

Para acessar a Celebração Ecumênica proposta para este ano de 2021, clique aqui.

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