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segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Ângelus do Papa: XXXII Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 08 de novembro de 2020

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
O trecho do Evangelho deste domingo (Mt 25,1-13) convida-nos a prolongar a reflexão sobre a vida eterna, iniciada por ocasião da Festa de Todos os Santos e da Comemoração dos fiéis defuntos. Jesus narra a parábola das dez virgens convidadas para uma festa nupcial, símbolo do Reino dos céus.
Segundo a tradição, no tempo de Jesus os matrimónios eram celebrados à noite; portanto, o cortejo dos convidados devia proceder com as lâmpadas acesas. Algumas donzelas são insensatas: levam as lâmpadas, mas não levam consigo o óleo; as prudentes, ao contrário, levam consigo também o óleo. O esposo tarda, tarda a vir, e todas adormecem. Quando uma voz avisa que o esposo está prestes a chegar, naquele momento as insensatas percebem que não têm óleo para as suas lâmpadas; pedem-no às sábias, mas elas respondem que não o podem dar, pois não seria suficiente para todas. Enquanto as insensatas vão comprar o óleo, chega o esposo. As donzelas prudentes entram com ele na sala do banquete, e a porta fecha-se. As outras chegam demasiado tarde e são rejeitadas.
É claro que, com esta parábola, Jesus quer dizer-nos que devemos estar preparados para o encontro com Ele. Não apenas para o encontro final, mas também para os pequenos e grandes encontros de cada dia, em vista daquele encontro, para o qual não é suficiente a lâmpada da fé, mas é necessário também o óleo da caridade e das boas obras. A fé que nos une verdadeiramente a Jesus é aquela, como diz o Apóstolo Paulo, «que opera pela caridade» (Gl 5,6). É isto que é representado pela atitude das donzelas prudentes. Ser sábio e prudente significa não esperar o último momento para corresponder à graça de Deus, mas fazê-lo ativa e imediatamente, a partir de agora. “Eu... sim, me converterei mais tarde...” - “Converte-te hoje! Muda de vida hoje!” - “Sim, sim... amanhã”. E diz o mesmo no dia seguinte, e assim nunca o fará. Hoje! Se quisermos estar prontos para o último encontro com o Senhor, devemos cooperar desde agora com Ele e praticar boas ações inspiradas no seu amor.
Infelizmente, sabemos que podemos esquecer o objetivo da nossa vida, ou seja, o encontro definitivo com Deus, perdendo assim o sentido da expetativa e absolutizando o presente. Quando absolutizamos o presente, olhando só para o hoje, perdemos o sentido da expectativa, que é tão bom e necessário, e também nos afasta das contradições do momento. Esta atitude - quando se perde o sentido da expectativa - exclui qualquer perspectiva do além: fazemos tudo como se nunca tivéssemos que partir para a outra vida. E assim só nos preocupamos em possuir, em emergir, em acomodar-nos... E cada vez mais. Se nos deixarmos guiar pelo que nos parece mais atraente, pelo que nos agrada, pela busca dos nossos interesses, a nossa vida torna-se estéril; não acumulamos qualquer reserva de óleo para a nossa lâmpada, e ela se apagará antes do encontro com o Senhor. Temos de viver o hoje, mas o hoje que se encaminha para o amanhã, para aquele encontro, o hoje cheio de esperança. Se, ao contrário, vigiarmos e praticarmos o bem correspondendo à graça de Deus, podemos esperar com serenidade a chegada do esposo. O Senhor poderá vir até quando dormimos: isto não nos preocupará, porque temos a reserva de óleo acumulada com as boas obras de cada diaacumulada com aquela expectativa do Senhor; que Ele venha o mais depressa possível e que venha para me levar consigo.
Invoquemos a intercessão de Maria Santíssima, para que nos ajude a viver como Ela, uma fé concreta: eis a lâmpada luminosa com que podemos atravessar a noite, para além da morte, e alcançar a grande festa da vida.

Parábola das dez virgens
(Friedrich Wilhelm von Schadow - séc. XIX)

Fonte: Santa Sé

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