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sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Eucaristia, coração da Igreja

Nas últimas semanas publicamos aqui no blog dois textos do site Vatican News sobre a reforma da Liturgia das Horas e das Exéquias pelo Concílio Vaticano II.

Seguem agora duas reflexões sobre a Eucaristia, coração da Igreja, mesmo quando celebrada de maneira privada (no contexto da atual pandemia de Covid-19):

Eucaristia, coração da Igreja
26 de agosto de 2020

No nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar no programa de hoje sobre “Eucaristia, coração da Igreja”.
A Eucaristia é «fonte e cume de toda a vida cristã», diz o Catecismo da Igreja Católica. «Os restantes sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e obras de apostolado, estão vinculados com a sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa». «A comunhão de vida com Deus e a unidade do povo de Deus, pelas quais a Igreja é o que é, são significados e realizados pela Eucaristia. Nela se encontra o cume, ao mesmo tempo, da ação pela qual Deus, em Cristo, santifica o mundo, e do culto que no Espírito Santo os homens prestam a Cristo e, por Ele, ao Pai». Enfim, pela Celebração Eucarística, unimo-nos desde já à Liturgia do céu e antecipamos a vida eterna, quando «Deus for tudo em todos».
No programa de hoje deste nosso espaço, padre Gerson Schmidt nos fala sobre “Eucaristia, coração da Igreja”:

O Evangelista João narra dois grandes momentos da Paixão e sofrimento de Cristo: a narrativa do lava-pés e a comovente abertura do lado de Jesus. Pelo Evangelho joanino, Jesus morre no mesmo momento em que eram imolados os cordeiros sacrificados para a festa da Páscoa. Portanto, Jesus é o verdadeiro cordeiro pascal. Por isso, cessam os outros sacrifícios. Para o lado de Jesus que foi aberto, João usa a mesma palavra que se encontra na narrativa da criação de Eva, palavra que comumente traduzimos por “costela” de Adão. Jesus é o novo Adão, que desce no sono da morte e de seu lado aberto nasce a nova humanidade, a nova criação, nasce a nova Eva, a Igreja, os sacramentos.
As palavras da Última Ceia não bastam por si só. Encontram realização em sua morte real, na sexta feira da paixão. Caso contrário, permaneceriam numa pretensão não realizada. A morte permaneceria vazia também se não houvesse a Ressurreição. O amor de Cristo é suficientemente forte para impulsionar a morte. A Eucaristia, portanto, é mais do que simples refeição sagrada; o seu preço foi uma morte. A Eucaristia chega até a profundidade da morte. Ela chega até o mais profundo abismo, que se chama morte e abre a estrada que introduz aquela vida que supera a morte. Por isso é utilizada a palavra “sacrifício”. A Eucaristia é atualização do sacrifício sobre a cruz de Jesus Cristo. Não cabe a ideia aqui de sacrifício como se fazia no Templo, daqueles que ofertam algo para receber de Deus, como numa troca comercial, porque Cristo é o doador de todos os dons. Deus mesmo nos doa para que nós nos tornemos capazes de doar. A iniciativa no sacrifício de Jesus Cristo provém de Deus. Cristo não é um dom que nós homens oferecemos para um Deus indignado. Ele é o descer de um Deus misericordioso que se inclina para nós; o Senhor se faz para nós de escravo. Ele vem ao nosso encontro e em Cristo mendiga, por assim dizer, a reconciliação com o Pai. Em Peregrinação, Cristo veio ao nosso encontro, seus filhos não reconciliados; saiu do templo de sua glória para reconciliar-nos.
Cristo resgata a história da Salvação. Abraão doa um cordeiro que Deus providenciou, que estava preso num arbusto de espinhos. Jesus Cristo é o cordeiro providenciado por Deus que leva a coroa de espinhos de nossa culpa; que entrou nos espinhos da história do mundo para doar-nos aquilo que nós, por nossa vez, podemos doar. É o Deus que doa seu filho para que nos possamos também doar. Essa é a essência do sacrifício Eucarístico, do sacrifício de Jesus Cristo. Não valem mais as outras ofertas. Tem valor um espírito contrito. Possa, portanto, nossa oração valer mais que milhares de cordeiros gordos.
Na ceia da Páscoa Judaica, o chefe de família faz a narrativa do memorial da libertação do Egito. Esse memorial, narrado pelo pai de família, é chamado de Pessac-Haggadah. Não é só uma história passada, mas exaltando a presença de Deus que nos sustenta e nos guia, cujo agir está presente na atualidade. Nessa ceia pascal se deixava a porta aberta para a chegada do Messias. Jesus Cristo, nas palavras da última ceia também realiza seu Pessac-Haggadah. A narrativa adquiriu um centro totalmente novo. Transformou sua palavra em ação. Fecha a porta pascal porque ele é o Messias esperado. Mas também deixa aberta para sua volta no final dos tempos. Sua palavra se torna a nossa palavra, a sua adoração a nossa adoração, o seu sacrifício o nosso sacrifício.

Missa em privado - oração pela humanidade
02 de setembro de 2020

No nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos falar no programa de hoje sobre “Missa em privado - oração pela humanidade”.
A humanidade passa por uma grande tribulação. A pandemia de coronavírus, como uma onda avassaladora, propagou-se pelo planeta, provocando milhares de contágios, mortes, aumento da fome e da pobreza, abalando a economia e obrigando as populações a encontrarem novas formas de viver um novo e inesperado cotidiano. Isso incidiu também na forma de celebrarmos nossa fé. Com as igrejas fechadas em muitos lugares, distantes dos Sacramentos, os fiéis viram-se obrigados a acompanhar as celebrações pelos meios de comunicação e pelas redes sociais. Em meio a esta nova realidade - ainda que passageira, assim o esperamos - surgiram diversos questionamentos, como nos fala no programa de hoje padre Gerson Schmidt, na reflexão “Missa em privado - oração pela humanidade”:

Estamos vivendo um tempo muito complexo, em que a pandemia obrigou a muitos sacerdotes e bispos celebrarem a Eucaristia de forma privada. Surge em nós diversos questionamentos: será que celebrar sem o povo é válido? Será que a Eucaristia assim celebrada tem a mesma eficácia? Precisamos recordar então o que aponta a Sacrosanctum Concilium (SC), número 07: “Com razão, portanto, a Liturgia é considerada como exercício da função sacerdotal de Cristo. Ela simboliza através de sinais sensíveis e realiza em modo próprio a cada um a santificação dos homens; nela o corpo místico de Jesus Cristo, cabeça e membros, presta a Deus o culto público integral. Por isso, toda celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote e do seu corpo, que é a Igreja, é uma ação sagrada por excelência, cuja eficácia nenhuma outra ação da Igreja iguala, sob o mesmo título e grau” (SC, n. 07).
Se eu celebro a santa Missa, se rezo a Liturgia das Horas, mesmo em particular, não o faço apenas em meu próprio nome. É toda a Igreja que celebra, que eleva a prece ao Pai. As fórmulas que emprego não foram escolhidas por mim. É a Igreja que a põe em meus lábios. Portanto, é a Igreja que ora pela minha boca e meu coração, que fala e opera por meu intermédio, assim como o rei fala e opera por intermédio de seu embaixador. Eu sou então verdadeiramente, segundo a bela expressão de São Pedro Damião, a Igreja inteira. O sacerdote que celebra é um mediador entre o céu e a terra e reza por toda a humanidade, especialmente nesse tempo tão crítico e delicado em que vivemos. Não reza sozinho, mas com toda a Igreja. Não existe missa privada, portanto, mas missa em privado. E no número 26 da SC diz assim: “As ações litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações da Igreja, que é “sacramento de unidade”, povo santo reunido e ordenado sob a direção dos bispos. Por isso, estas celebrações pertencem a todo o corpo da Igreja, manifestam-no e implicam-no; mas atingem a cada um dos membros de modo diferente, conforme a diversidade de ordens, dos ofícios e da atual participação”.
Por isso, a Liturgia tem essa dimensão universal, global. Já não sou eu que faço as súplicas por mim, pela paróquia ou pelas intenções particulares. Mas é toda a Igreja que celebra, que canta e suplica a Deus, num grande hino de ação de graças. Reafirmamos o que disse o Concílio sobre a Liturgia: “Por isso, toda celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote e do seu corpo, que é a Igreja, é uma ação sagrada por excelência, cuja eficácia nenhuma outra ação da Igreja iguala, sob o mesmo título e grau” (SC, n. 07). Toda a Liturgia é uma obra de Cristo sacerdote e de seu corpo que é a Igreja. Tem a eficácia de ser uma oração universal, por toda a humanidade que sofre e espera no Senhor.

Papa Francisco celebra a Missa do Domingo de Páscoa 2020

Fonte: Vatican News

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