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sábado, 14 de março de 2020

Homilia: III Domingo da Quaresma - Ano A

Santo Efrém
Diatessaron
A samaritana no poço de Jacó

Nosso Senhor veio à fonte como um caçador, Ele pediu água para podê-la dar; pediu de beber como alguém sedento, para ter a oportunidade de saciar a sua sede. Fez uma pergunta à samaritana para lhe poder ensinar e, por sua vez, ela lhe fez uma pergunta. Embora rico, nosso Senhor não teve vergonha de mendigar como um indigente, para ensinar o indigente a pedir. E dominando o pudor, não temeu falar a uma mulher sozinha, para ensinar-me que aquele que está na verdade não pode ser perturbado.
E ficaram admirados de ver Jesus falando com a mulher. Ele tinha afastado os discípulos, para que eles não lhe espantassem a presa; Ele lançou a isca para a pomba, esperando apanhar todo um bando. Ele iniciou a conversa com uma pergunta, com a finalidade de provocar confissões sinceras: Dá-me de beber. Pediu água, e em seguida prometeu a água da vida; pediu, depois parou de pedir, do mesmo modo que a mulher abandonou o seu cântaro. Os pretextos tinham cessado, porque a verdade que tinham de preparar agora estava presente.
Dá-me de beber. Ela respondeu-lhe: Mas tu és judeu. Respondeu-lhe Jesus: Se tu conhecesses; com estas palavras Ele demonstrou-lhe que ela não sabia e que a sua ignorância explicava o seu erro; instruiu-a sobre a verdade; queria remover pouco a pouco o véu que havia em seu coração. Se lhe tivesse revelado desde o início: “Eu sou o Cristo”, ela teria se apavorado diante d’Ele e não teria colocação na sua escola.
Se conhecesses quem é que te diz “dá-me de beber”, tu é que lhe pedirias... A mulher disse-lhe: Senhor, não tens sequer um balde e o poço é fundo... Replicou-lhe Jesus: A minha água desce do céu. Esta doutrina vem do alto e a minha bebida é celeste; aqueles que a bebem não têm mais sede, pois não há senão um só batismo para os crentes: Aquele que beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede. Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me desta água, para que eu não tenha mais sede, nem tenha de vir aqui para tirá-la.
Ele lhe disse: Vai chamar teu marido. Como um profeta, Ele abre uma porta para revelar coisas ocultas. Mas ela lhe respondeu: Não tenho marido; para provar se Ele conhecia as coisas ocultas. Ele lhe demonstrou, então, duas coisas: o que ela era e o que ela não era, aquilo que era de nome, mas não era na verdade: pois tiveste cinco maridos e o que tens agora não é o teu marido. A mulher disse a Jesus: Senhor, vejo que és um profeta. Aqui, Ele a elevou a um nível superior.
Nossos pais adoraram neste monte. Disse-lhe Jesus: Não será mais nem neste monte nem em Jerusalém, mas os verdadeiros adoradores adorarão em espírito e verdade. Exercitava-lhe, portanto, na perfeição, e a instrui na vocação dos gentios. E para mostrar que não era uma terra estéril, ela testemunhou, mediante o feixe que lhe ofereceu, que a sua semente tinha frutificado o cêntuplo: Sei que o Messias vai chegar. Quando ele vier, vai nos fazer conhecer todas as coisas. Disse-lhe Jesus: Sou eu, que estou falando contigo. Mas se tu és rei, por que me perguntou sobre a água? Jesus revelou-se progressivamente a ela, primeiro como judeu, depois como profeta, e, por fim, como o Cristo. Ela o convence que está com sede, ao judeu tinha aversão, interrogou o sábio, foi corrigida pelo profeta, e adorou o Cristo.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 63-64. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Beda, o Venerável, para este domingo clicando aqui.

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