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terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Homilia: Natal do Senhor - Missa do Dia

São Cirilo de Alexandria
Sermão 15 sobre a Encarnação do Verbo
“A Santíssima Virgem deve ser chamada Mãe de Deus”

Profundo, grande e realmente admirável é o mistério da religião, ardentemente desejado inclusive pelos santos anjos. De fato, diz em certa passagem um dos discípulos do Salvador, referindo-se ao que os santos profetas falaram sobe Cristo, Salvador de todos nós: E agora vos são anunciadas por meio de pregadores que vos trazem o Evangelho com a força do Espírito enviado do céu. São coisas que os anjos anseiam penetrar. E, na verdade, quantos de forma inteligente se somaram a este grande mistério da religião, ao encarnar-se Cristo, e davam graças por nós dizendo: Glória a Deus no céu, e na terra paz aos homens que Deus ama.
E apesar de ser por sua própria natureza verdadeiro Deus, Verbo que procede de Deus Pai, consubstancial e coeterno com Ele, resplandecente com a excelência de sua própria dignidade, e da mesma condição do que o gerou, não se vangloriou de ser Deus, ao contrário, despojou-se de sua distinção, e assumiu de Santa Maria a condição de escravo, fazendo-se semelhante aos homens. E desta forma, atuando como um dentre nós, esvaziou-se a si mesmo submetendo-se inclusive à morte, e morte de cruz. E deste modo quis humilhar-se até ao aniquilamento Aquele que a todos enriquece com a sua plenitude. Humilhou-se por nós sem ser coagido por ninguém, mas assumindo livremente a condição servil por nós, Ele que era livre por sua própria natureza.
Fez-se um de nós Aquele que estava acima de toda a criatura; revestiu-se de mortalidade Aquele que a todos vivifica. Ele é o pão vivo para a vida do mundo. Conosco se submeteu à lei aquele que como Deus era superior à lei e seu legislador. Fez-se, insisto, semelhante a um dos nascidos, cuja vida tem um começo, Aquele que existia antes do tempo e há todos os séculos; ainda mais: Ele que é o Autor e Criador dos tempos.
Como, então, se fez igual a nós? Assumindo um corpo na Santíssima Virgem: e não um corpo inanimado, como creram alguns hereges, mas um corpo informado por uma alma racional. Foi desta forma que nasceu homem perfeito de uma mulher, porém sem pecado. Nasceu verdadeiramente, e não somente em aparência ou de forma maravilhosa. Ainda que, isso sim, sem renunciar à divindade nem deixar de ser o que sempre foi, é e será: Deus! E precisamente por isso afirmamos que a Santíssima Virgem é Mãe de Deus. Pois, como disse o bem-aventurado Paulo: Um só Deus, o Pai, de quem procede o universo; e um só Senhor, Jesus Cristo, por quem existe o universo. Longe de nós dividir em dois filhos ao único Deus e Salvador, ao Verbo de Deus humanado e encarnado.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 543-544. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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