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segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Homilia: Natal do Senhor - Missa da Noite

Santo Agostinho
Sermão 190 sobre a Natividade do Senhor
“Aproximemo-nos ao presépio”

Celebremos, ó cristãos, neste dia não o nascimento divino, mas o humano, isto é, aquele mediante o qual Ele se moldou a nós, para que, tornando-se visível o invisível, nós passemos das coisas visíveis às invisíveis.
Em conformidade com a fé católica, devemos aceitar os dois nascimentos do Senhor: um divino e outro humano; aquele fora do tempo, e este no tempo; ambos igualmente maravilhosos. O primeiro sem mãe, o segundo sem pai. Se não chegamos a compreender este, quando nos será possível narrar aquele? Quem poderá compreender esta novidade nova, inaudita, única no mundo, incrível, porém tornada crível, e de forma incrível crida no mundo, a saber: que uma virgem concebesse, e uma virgem desse à luz e permanecesse sendo virgem? O que a razão humana não compreende, o percebe a fé, e onde a razão humana desfalece, a fé faz progressos.
Quem dirá que a Palavra de Deus, por quem foram feitas todas as coisas, não pode produzir-se uma carne inclusive sem mãe? Mas como Ele mesmo criou os dois sexos, isto é, o masculino e o feminino, por esta razão quis honrar até em seu nascimento ambos os sexos, por cuja libertação tinha vindo.
Sem dúvida, conheceis a história da primeira queda. A serpente não se atreveu a falar ao varão, e para derrubá-lo se serviu da ajuda da mulher. Através do sexo mais frágil conseguiu chegar ao mais forte, e entrando por um só, alcançou a vitória sobre os dois... Assim, pois, em nenhum deles temos de ofender ao Criador; o nascimento do Senhor é esperança de salvação para os dois. A honra para o sexo masculino está na carne de Cristo; a honra do feminino na Mãe de Cristo. A graça de Jesus Cristo venceu a astúcia da serpente.
Renasçam ambos os sexos no que hoje nasceu, e celebrem este dia, não porque Cristo o Senhor começasse a existir hoje, mas porque o que existia desde sempre junto ao Pai trouxe a esta luz a carne que recebeu de sua mãe, e a qual outorgou a fecundidade, porém, sem privá-la da integridade. Ele é concebido, nasce, é um infante. Quem é este infante? Chama-se infante a quem não consegue dizer nada, ou seja, a quem não pode falar. Por isso, o Menino é o que não pode falar e ao mesmo tempo é a Palavra. Na carne silencia, mas ensina através dos anjos. É anunciado aos pastores o príncipe e pastor dos pastores, e está no presépio, como alimento para os jumentos que são os fiéis. Tinha sido predito pelo profeta: O boi reconheceu ao seu dono, e o jumento o presépio do seu Senhor. Por isso estava sentado em um asno quando entrou em Jerusalém em meio aos louvores da multidão que lhe seguia e precedia. O reconheçamos também nós, nos aproximemos ao presépio, comamos o alimento, levemos conosco a nosso Senhor e guia, para que sob sua direção cheguemos à Jerusalém celeste. O nascimento de Cristo de sua mãe está selado pela debilidade, porém grande é a majestade de seu nascimento divino. O dia efêmero procede dos dias efêmeros, porém Ele é o dia eterno que procede do dia eterno.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 541-543. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Leão Magno para esta celebração clicando aqui.

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