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sábado, 9 de abril de 2016

Homilia: III Domingo da Páscoa - Ano C

Santo Agostinho
Sermão 229
Interrogando a Pedro, o Senhor interroga a todos nós

Quando ouves o Senhor dizer: Pedro, tu me amas?, considera esta pergunta como um espelho e procura ver-te refletido nele. E para que saibas que Pedro era figura da Igreja, recorda aquele texto do Evangelho: Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e o poder do inferno não a derrotará. Te darei as chaves do Reino dos céus. Recebe as chaves um só homem. E quais sejam estas chaves do Reino dos céus, o explicou o próprio Cristo: O que atares na terra ficará atado no céu, e o que desatares na terra ficará desatado no céu. Se somente a Pedro foi dito, somente Pedro o fez; morreu Pedro e se foi: Quem ata? Quem desata? Me atreverei a dizê-lo: Estas chaves também nós as temos. Mas o que estou dizendo? Que nós atamos? Que nós desatamos? Atais também vós. Porque é atado quem se separa de vossa comunidade, e ao separar-se de vossa comunidade fica atado por vós. E quando se reconcilia é desatado por vós, porque também vós intercedeis a Deus por ele.
Realmente, todos amamos a Cristo, somos seus membros; e quando Ele confia sua grei aos pastores, todo o colégio dos pastores passa a formar parte do corpo do único pastor. E para que compreendais como todo o colégio de pastores se integra  no corpo do único Pastor, refleti: certamente Pedro é pastor e plenamente pastor; Paulo é pastor e pastor no  sentido pleno da palavra; João é pastor, Tiago é pastor, André é pastor, os demais apóstolos são realmente pastores. Então, como se verificará aquilo de que: Haverá um só rebanho e um só pastor?
Contudo, se é certo aquilo de que haverá um só rebanho, um só pastor, é que todo o imenso número de pastores se reduz ao corpo do único Pastor. Mas nele estais também vós, pois sois membros seus.
Estes são aqueles membros que oprimiam aquele Saulo, primeiro perseguidor, em seguida pregador, fazendo ameaças de morte, diferindo a fé. Jesus deu uma só palavra a ele com todo seu furor. Que palavra? Saulo, Saulo, por que me persegues? O que ele podia fazer ao que estava sentado no céu? Que dano poderia fazer-lhe as ameaças? Que dano poderia fazer-lhe os gritos? Nada disto poderia mais afetar-lhe, e apesar disso clamava: Por que me persegues? Quando dizia: Por que me persegues? Declarava que nós somos seus membros. Assim, o amor de Cristo, a quem amamos em vós, o amor de Cristo a quem também vós amais em nós, nos conduzirá, entre tentações, fadigas, suores, misérias e gemidos, ali aonde não há cansaço algum, nem miséria, nem gemidos, nem suspiros, nem moléstia; aonde ninguém nasce, nem morre; aonde ninguém teme as cóleras do poderoso, porque se adere à face do Todo Poderoso.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 599-600. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Gregório Magno para este domingo clicando aqui.

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