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sábado, 9 de abril de 2016

Catequese do Papa: O Evangelho da Misericórdia

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 6 de Abril de 2016
Jubileu (13): O Evangelho da Misericórdia

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Depois de ter refletido sobre a misericórdia de Deus no Antigo Testamento, hoje iniciamos a meditar sobre o modo como o próprio Jesus a levou ao seu pleno cumprimento. Uma misericórdia que Ele expressou, realizou e comunicou sempre, em cada momento da sua vida terrena. Encontrando-se com as multidões, anunciando o Evangelho, curando os doentes, aproximando-se dos últimos, perdoando os pecadores, Jesus torna visível um amor aberto a todos: sem excluir ninguém! Aberto a todos sem confins. Um amor puro, gratuito e absoluto. Um amor que alcança o seu ápice no Sacrifício da cruz. Sim, o Evangelho é deveras o «Evangelho da Misericórdia», porque Jesus é a Misericórdia!
Os quatro Evangelhos afirmam que Jesus, antes de empreender o seu ministério, quis receber o batismo de João Batista (cf. Mt 3,13-17; Mc 1,9-11; Lc 3,21-22; Jo 1,29-34). Este evento imprime uma orientação decisiva a toda a missão de Cristo. Com efeito, Ele não se apresentou ao mundo no esplendor do templo: podia fazê-lo. Não se fez anunciar pelo retumbar de trombas: podia fazê-lo. E nem sequer veio nas vestes de um juiz: podia fazê-lo. Ao contrário, depois de trinta anos de vida escondida em Nazaré, Jesus foi até ao rio Jordão, juntamente com muitas pessoas do seu povo e pôs-se em fila com os pecadores. Não sentiu vergonha: estava ali com todos, com os pecadores, para ser batizado. Portanto, desde o início do seu ministério, Ele manifestou-se como Messias que assume a condição humana, movido pela solidariedade e pela compaixão. Como Ele mesmo afirma na sinagoga de Nazaré, identificando-se com a profecia de Isaías: «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor» (Lc 4,18-19). Tudo o que Jesus realizou depois do batismo foi o cumprimento do programa inicial: anunciar a todos o amor de Deus que salva. Jesus não anunciou o ódio nem a inimizade: anunciou-nos o amor! Um amor grande, um coração aberto a todos, a todos nós! Um amor que salva!
Ele fez-se próximo aos últimos, comunicando-lhes a misericórdia de Deus que é perdão, alegria e vida nova. Jesus, o Filho enviado pelo Pai, é realmente o início do tempo da misericórdia para toda a humanidade! Quantos estavam presentes nas margens do Jordão não compreenderam imediatamente a importância do gesto de Jesus. O próprio João Batista admirou-se com a sua decisão (cf. Mt 3,14). Mas não o Pai celeste! Ele fez ouvir a sua voz do alto: «Tu és o meu Filho muito amado; em ti ponho minha afeição» (Mc 1,11). De tal modo o Pai confirma o caminho que o Filho empreendeu como Messias, enquanto sobre Ele desce como uma pomba o Espírito Santo. Então o coração de Jesus bate, por assim dizer, em uníssono com o coração do Pai e do Espírito, mostrando a todos os homens que a salvação é fruto da misericórdia de Deus.
Podemos contemplar ainda mais claramente o grande mistério deste amor dirigindo o olhar para Jesus crucificado. Enquanto inocente está para morrer por nós, pecadores, suplica ao Pai: «Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem» (Lc 23,34). É na cruz que Jesus apresenta à misericórdia do Pai o pecado do mundo: o pecado de todos, os meus, os teus, os vossos. É na cruz que Ele os apresenta ao Pai. E com o pecado do mundo todos os nossos pecados são perdoados. Nada e ninguém permanece excluído desta oração sacrifical de Jesus. Isto significa que não devemos temer reconhecer-nos e confessar-nos pecadores. Quantas vezes dizemos: «Mas, ele é um pecador, fez isto e aquilo...», e julgamos os outros. E tu? Cada um de nós deveria perguntar-se: «Sim, ele é um pecador. E eu?». Todos somos pecadores, mas todos fomos perdoados: temos a possibilidade de receber este perdão que é a misericórdia de Deus. Portanto, não devemos temer reconhecer-nos e confessar-nos pecadores, porque todo o pecado foi levado à Cruz pelo Filho. E quando nos confessamos arrependidos confiando-nos a Ele, temos a certeza de que somos perdoados. O sacramento da Reconciliação torna atual para cada um a força do perdão que brota da Cruz e renova na nossa vida a graça da misericórdia que Jesus nos conquistou! Não devemos temer as nossas misérias: cada um tem as próprias. O poder do amor do Crucificado não conhece obstáculos e nunca se esgota. E esta misericórdia cancela as nossas misérias.
Caríssimos, neste Ano jubilar peçamos a Deus a graça de fazer a experiência do poder do Evangelho: Evangelho da misericórdia que transforma, que faz entrar no coração de Deus, que nos torna capazes de perdoar e olhar para o mundo com mais bondade. Se acolhermos o Evangelho do Crucificado Ressuscitado, toda a nossa vida será plasmada pela força do seu amor que renova.


Fonte: Santa Sé

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