Nesta primeira sexta-feira da Quaresma, como de costume aqui em nosso blog, publicamos um esquema de meditações para a Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.
Para saber mais, confira nossas postagens sobre a Via Sacra e sobre a Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.
Nesta postagem recordamos as meditações proferidas há 10 anos, na Via Sacra presidida pelo Papa Francisco na Sexta-feira Santa de 2015, elaboradas por Dom Renato Corti (†2020), Bispo Emérito de Novara (Itália), criado Cardeal no ano seguinte.
Como ilustrações, propomos a Via Sacra realizada pelo pintor italiano Gaetano Previati (†1920), realizada entre 1901 e 1902 e conservada nos Museus Vaticanos.
Ofício das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
Via-Sacra no Coliseu presidida pelo Papa Francisco
Sexta-feira Santa, 03 de abril de 2015
Meditações de Dom Renato Corti
Bispo Emérito de Novara (Itália)
A Cruz, ápice luminoso do amor de Deus que nos guarda
Chamados, também nós, a sermos guardiões por amor
Canto inicial:
Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi,
quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
Domine, miserere nobis.
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Caminho do Calvário (Gaetano Previati, Milão) |
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. R. Amém.
Estávamos no dia 19 de março de 2013. O Papa Francisco tinha
sido eleito poucos dias antes. Fez a homilia sobre São José, dizendo que era o
«guardião» de Maria e de Jesus (cf. Mt 1,24) e que o seu estilo era
feito de discrição, humildade, silêncio, presença constante e fidelidade total.
Na Via Sacra que estamos prestes a começar haverá uma
referência constante ao dom de sermos guardados pelo amor de Deus, nomeadamente
por Jesus Crucificado, e ao dever de, por nossa parte, sermos por amor
guardiões da criação inteira, de todas as pessoas, especialmente das mais pobres,
de nós mesmos e das nossas famílias, para fazer brilhar a estrela da esperança.
Queremos viver esta Via Sacra em uma profunda intimidade com
Jesus. Vendo com atenção aquilo que está escrito nos Evangelhos, se individuarão
discretamente alguns sentimentos e pensamentos que poderiam ocupar a mente e o
coração de Jesus naquelas horas de provação.
Ao mesmo tempo, nos deixaremos interpelar por algumas
situações de vida que caracterizam - positiva ou negativamente - os nossos
dias. Expressaremos assim uma ressonância, que traduz o nosso desejo de
realizar algum passo de imitação de nosso Senhor Jesus Cristo na sua Paixão.
Oremos
Ó Pai, que quisestes salvar os homens com a morte do vosso
Filho na Cruz, concedei-nos que, tendo conhecido na terra o seu mistério de
amor, sejamos suas testemunhas, por palavras e obras, junto de todos aqueles
que nos fazeis encontrar na vida diária. Por Cristo, nosso Senhor. R. Amém.
I Estação: Jesus é condenado à morte
Intimidade, traição, condenação
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 22,19-20)
«Isto é o meu corpo, que é dado por vós... Este cálice é a
nova aliança no meu sangue, que é derramado por vós».
Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,12-13.15)
«Pilatos perguntou de novo: “Que quereis então que eu faça
com o rei dos judeus?”. Mas eles tornaram a gritar: “Crucifica-o!”. (...)
Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus
e o entregou para ser crucificado».
Sentimentos e pensamentos de Jesus
Acabei de celebrar a Páscoa com os meus discípulos. Tinha-o
desejado ardentemente (cf. Lc 22,15): a última Páscoa, antes da Paixão,
antes de voltar para Ti! Inesperadamente, porém, senti-me perturbado. A um
discípulo meu, o diabo colocou-lhe no coração a ideia de me trair (cf. Jo
13,9). No jardim do Getsêmani, veio ter comigo. Com um gesto que significa
amor, saudou-me dizendo: «Salve, Mestre!». E deu-me um beijo (cf. Mt
26,49). Que amargura, naquele momento!
Durante a ceia vos implorei, ó Pai, que guardásseis os meus
discípulos no vosso nome, para serem um só, como Nós o somos (cf. Jo
17,11).
Nossa ressonância
Nós somos, ó Jesus, ainda mais frágeis na fé do que os
primeiros discípulos. Corremos o risco de vos trair, quando o vosso amor
deveria levar-nos a crescer no amor por Vós.
Precisamos de oração, vigilância, sinceridade e verdade.
Assim a fé crescerá. E será robusta e jubilosa.
Oremos: Guardados pela Eucaristia
«Que o Corpo e o Sangue de Cristo nos guardem para a vida
eterna» (cf. Missal Romano, Rito da Comunhão; cf. Jo
6,53-58; Ef 2,4-6). Que este milagre se realize para os sacerdotes que
presidem à Eucaristia e para todos nós, fiéis, que nos aproximamos do altar
para receber a Vós, pão vivo descido do céu.
Pai nosso...
II Estação: Jesus abraça a cruz
«Contado entre os pecadores»
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Marcos (Mc 15,20)
«Depois de zombarem de Jesus, tiraram-lhe o manto vermelho,
vestiram-no de novo com suas próprias roupas e o levaram para fora, a fim de
crucificá-lo».
Sentimentos e pensamentos de Jesus
Rodeiam-me os soldados do governador. Para eles, já não sou
uma pessoa, mas uma coisa. Querem divertir-se às minhas custas, fazer pouco de
mim. Por isso me vestem de rei. Está pronta também uma coroa, mas de espinhos.
Batem-me na cabeça com uma vara. Cospem em mim. Levam-me para fora (cf. Mc
15,16-20).
Ecoam em mim palavras dramáticas do profeta Isaías sobre o
Servo do Senhor. Dizem que não tem aparência de beleza; é desprezado; é o homem
das dores; é como um cordeiro levado ao matadouro; é eliminado da terra dos
vivos; é ferido de morte. Aquele Servo sou Eu, para desvendar a grandeza do
amor de Deus pelo homem (cf. Is 53,2-8).
Nossa ressonância
Assim Vós, ó Jesus, fostes «contado entre os pecadores» (Is
53,12; cf. Lc 22,37). Na primeira geração cristã, precisamente porque
falavam publicamente de Vós, Pedro e João, Paulo e Silas atravessaram o limiar
da prisão (cf. At 5,17-33; 16,16-24). E assim aconteceu muitas vezes ao
longo dos séculos.
Mesmo nestes dias há homens e mulheres que são presos,
condenados ou até mesmo trucidados, só porque creem ou estão comprometidos em
prol da justiça e da paz. Não se envergonham da vossa cruz. São, para nós,
admiráveis exemplos a imitar.
Oremos com as palavras de um mártir, Shahbaz Bhatti
Na manhã do dia 02 de março de 2011 o paquistanês Shahbaz
Bhatti, Ministro das Minorias, foi morto por um grupo de homens armados. No seu
testamento espiritual, tinha escrito:
«Lembro-me de uma sexta-feira de Páscoa, quando tinha apenas
treze anos: ouvi um sermão sobre o sacrifício de Jesus pela nossa redenção e
pela salvação do mundo. E pensei que devia corresponder àquele seu amor dando
amor aos nossos irmãos e irmãs, colocando-me a serviço dos cristãos,
especialmente dos pobres, dos necessitados e dos perseguidos que vivem neste
país islâmico.
Quero que a minha vida, o meu caráter e as minhas ações
falem por mim e digam que estou seguindo Jesus Cristo. Este desejo é tão forte
em mim que me consideraria privilegiado se Jesus quisesse aceitar o sacrifício
da minha vida».
À luz deste testemunho, oremos: Senhor Jesus, sustentai
intimamente os perseguidos. Difunda-se pelo mundo o direito fundamental à
liberdade religiosa. Nós vos damos graças por todos aqueles que oferecem, como
«anjos», sinais maravilhosos do vosso Reino que vem.
Pai nosso...
Cuius ánimam geméntem, / contristátam et doléntem, /
pertransívit gládius.
III Estação: Jesus cai sob o peso da cruz
«Eis o Cordeiro de Deus»
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Livro do Profeta Isaías (Is 53,5)
«Ele foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por
causa de nossos crimes; a punição a ele imposta era o preço da nossa paz, e
suas feridas, o preço da nossa cura».
Sentimentos e pensamentos de Jesus
Sinto-me vacilar enquanto dou os primeiros passos para o
Calvário. Já perdi muito sangue. Tenho dificuldade em aguentar o peso do
madeiro que devo levar. E, assim, caio por terra.
Alguém me levanta. Em volta de mim, vejo tantas pessoas.
Certamente haverá também quem me ame. Outros são apenas curiosos. Penso em João
Batista que, no início da minha vida pública, disse: «Eis o Cordeiro de Deus,
que tira o pecado do mundo!» (Jo 1,29). Revela-se agora a verdade
daquelas palavras.
Nossa ressonância
Ó Jesus, este é o dia em que de modo algum devemos nos parecer
com o fariseu que louva a si mesmo, mas com o publicano que não ousa sequer
levantar a cabeça (cf. Lc 18,10-13). Por isso pedimos confiadamente a
Vós, Cordeiro de Deus, o perdão dos nossos pecados por pensamentos, palavras,
atos e omissões.
Meditando no peso da vossa cruz, não nos envergonharemos de
traçar sobre nós mesmos o sinal da cruz: «É uma ajuda eficaz: gratuita para os
pobres e, para quem é fraco, não requer qualquer esforço. Trata-se,
efetivamente, de uma graça de Deus» (São Cirilo de Jerusalém, Catequeses
batismais 13, 36).
Oremos: O vosso Filho partilhou a nossa vida humana
Nós vos glorificamos, Pai Santo, porque repetidas vezes,
pelos profetas, nos formastes na esperança da salvação. Nós vos glorificamos
porque de tal modo amastes o mundo que nos enviastes o vosso Filho Unigênito.
Para cumprir o vosso plano salvador, Ele viveu a nossa condição humana em tudo
igual a nós, exceto no pecado; anunciou a salvação aos pobres, a libertação aos
oprimidos, a alegria aos que sofrem (cf. Missal Romano, Oração
Eucarística IV).
Obrigado, ó Pai!
Pai nosso...
O quam tristis et afflícta / fuit illa benedícta / Mater
Unigéniti!
IV Estação: O encontro com a Mãe
Uma espada transpassa a alma
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 2,34-35.51)
«Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este
menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel.
Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de
muitos corações. Quanto a ti, uma espada te transpassará a alma”. (...) Sua mãe
conservava no coração todas estas coisas».
Sentimentos e pensamentos de Jesus
No meio da multidão está a minha mãe. O meu coração bate
agitado. Não consigo vê-la bem. O sangue escorreu-me também para o rosto.
Quando tinha apenas quarenta dias, fui levado ao Templo, de
acordo com a Lei de Moisés, para a oferta. Ao meu pai e à minha mãe, falou um
profeta. Chamava-se Simeão. Tomou-me nos seus braços. Disse que eu haveria de
ser um «sinal de contradição» e que, à minha mãe, «uma espada lhe transpassaria
a alma». Palavras que, neste momento, se fazem ardente realidade para ela e
para mim. Hoje tem plena realização a oferta daquele dia (cf. Lc
2,22-24.28.33-35).
Nossa ressonância
«Ó meu Filho, de linhagem divina, sois arrastado pelas mãos
destes gênios do mal e o suportais; viestes pôr-vos em cadeias e,
voluntariamente, vos deixais levar por eles, Vós que sois o libertador das
cadeias do gênero humano acorrentado! Ó como me sinto destruída! Dizei-me,
dizei-me uma palavra, Palavra de Deus Pai, não passeis, em silêncio, diante da
vossa serva feita vossa mãe» (São Gregório Nazianzeno, A Paixão de Cristo,
445-460).
Ó Jesus, o drama que enfrentais, juntamente com a vossa mãe,
por uma pequena rua de Jerusalém, faz-nos pensar em tantos dramas familiares
presentes no mundo. Há dramas para todos: mães, pais, filhos, avós e avôs.
Julgar é fácil; mais importante, porém, é nos colocarmos no lugar dos outros e
ajudá-los até onde nos for possível. Vamos procurar fazê-lo.
Oremos: «Fazei o que Ele vos disser»
Maria Santíssima, mãe de Jesus, esposa de José, nós te
pedimos que acompanhes o Sínodo dos Bispos dedicado à família. Intercede pelo
Papa, pelos Bispos e por todos aqueles que estão diretamente envolvidos nele.
Sejam dóceis ao Espírito Santo e cheguem a um válido discernimento. Sempre
tenham presente o salmo que diz: «O amor e a verdade se encontrarão» (Sl
84,11). Em Caná, ó Maria, sugeriste aos serventes: «Fazei o que Ele vos disser»
(Jo 2,5). Sustenta os esposos e os pais cristãos, chamados a dar
testemunho da beleza de uma família inspirada e guiada pelas diretrizes de
Jesus.
Pai nosso...
Quae maerébat et dolébat / pia Mater, cum vidébat / Nati
poenas íncliti.
V Estação: O Cireneu ajuda Jesus a levar a cruz
Ao voltar do campo
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,26)
«Enquanto levavam Jesus, pegaram certo Simão, de Cirene, que
voltava do campo, e impuseram-lhe a cruz para carregá-la atrás de Jesus».
Sentimentos e pensamentos de Jesus
Ouço gritos ao meu redor. Agarram à força um camponês que
passava por ali, talvez por acaso. Sem grandes explicações, obrigam-no a
carregar o meu peso. Sinto-me aliviado. Mandam-lhe que se coloque atrás de mim.
Iremos juntos até o lugar do suplício.
Mais de uma vez, ao pregar o Reino de Deus, Eu dissera: «Quem
não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo» (Lc
14,27). Mas agora este homem carrega inclusive a minha cruz. Talvez não saiba
sequer quem sou, mas, entretanto, ajuda-me e segue-me.
Nossa ressonância em louvor de Simão
«Bem-aventurado também sejas tu, Simão, que levaste durante
a vida a cruz atrás do nosso Rei. Sentem-se orgulhosos aqueles que levam as
insígnias dos reis, e, contudo, se desvanecerão os reis com as suas insígnias.
Bem-aventuradas as tuas mãos que se ergueram para levar em procissão a cruz de
Jesus, que nos deu a vida» (Santo Efrém, o Sírio, Hinos sobre a crucificação,
IX, 1).
Também para alguns de nós o encontro convosco, ó Senhor,
talvez se tenha dado de forma totalmente imprevista. Mas depois cresceu.
Consideramos ser uma grande graça vossa o fato de não
faltarem, entre nós, «cireneus». Eles carregam a cruz dos outros. Fazem-no com
perseverança. É o amor que os move. A sua presença torna-se fonte de esperança.
Põem em prática o convite de São Paulo: «Carregai os fardos uns dos outros» (Gl
6,2). E deste modo guardam os irmãos.
Oremos: Quem não precisa de um cireneu?
Senhor Jesus, dissestes que «há mais alegria em dar do que
em receber» (At 20,35). Tornai-nos disponíveis, também nós, para
cumprirmos a tarefa do «cireneu». Quem observar o nosso estilo de vida,
sinta-se encorajado, vendo-nos cultivar o que é belo, justo, verdadeiro,
essencial. Quem for frágil nos verá humildes, porque, em muitos aspectos,
também nós somos frágeis. Quem receber de nós sinais de gratuidade perceberá
que nós mesmos temos mil motivos para dizer «obrigado». Mesmo quem não puder
correr, poderá estar tranquilo porque nos é querido; nos encontrará prontos a desacelerar:
não queremos deixá-lo para trás.
Pai nosso...
Quis est homo qui non fleret, / Matrem Christi si vidéret /
in tanto supplício?
VI Estação: A Verônica limpa o rosto de Jesus
Discípulas
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 8,1-3)
«Jesus andava por cidades e povoados, pregando e anunciando
a Boa Nova do Reino de Deus. Os Doze iam com Ele, e também algumas mulheres que
haviam sido curadas de maus espíritos e doenças: Maria, chamada Madalena, da
qual tinham saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de
Herodes; Susana e várias outras mulheres que ajudavam a Jesus e aos discípulos
com os bens que possuíam».
Sentimentos e pensamentos de Jesus
No meio da multidão há muitas mulheres. A gentileza impele
alguma delas a aproximar-se para limpar o meu rosto. Este gesto faz-me aflorar
ao pensamento diversos encontros. Um deu-se apenas há uma semana. Por amizade, ceei
em Betânia, hóspede de Marta, Maria e Lázaro. Maria ungiu-me os pés com perfume
de nardo puro. Disse-lhe, para surpresa dela, que o conservasse para a minha
sepultura (cf. Jo 12,1-7).
Vejo-me também sentado junto do poço de Sicar. Estava
cansado e com sede. Chega então uma mulher samaritana com um cântaro. Peço-lhe
água. Aludo a uma água que jorra para a vida eterna. Parecia que estivesse à
espera deste dom para abrir o seu coração. Queria contar-me tudo sobre si
mesma. Vi-a, maravilhado, escavar dentro da sua consciência. Regressou à praça
da cidade, falando de mim e dizendo: «Não será Ele o Cristo?» (Jo 4,29).
Nossa ressonância
Ó Jesus, nesta noite é significativa entre nós a presença
feminina. Nos Evangelhos as mulheres ocupam um lugar relevante. Assistiram a
Vós e aos Apóstolos com os seus bens. Algumas delas estiveram presentes durante
a vossa Paixão. E serão as primeiras a levar o anúncio da vossa Ressurreição.
O gênio feminino desafia-nos a viver a fé permeada de
carinho para convosco [1]. Assim nos ensinam todos os Santos. Queremos
percorrer a sua estrada.
[1] cf. Joseph. Ratzinger, A mulher, guardiã do
ser humano - Introdução à Carta Apostólica Mulieris dignitatem, Giornale
di Teologia 195, Bréscia, 1990, 16-17.
Oremos: O dom da maternidade espiritual
Senhor Jesus, o anúncio da fé no mundo e o caminho das
comunidades cristãs são imensamente apoiados pelas mulheres. Conservai-as como
testemunhas daquela felicidade que floresce do encontro convosco e constitui o
segredo profundo da sua vida. Guardai-as como sinal luminoso de maternidade
junto dos últimos que, no seu coração, se tornam os primeiros.
Pai nosso...
Quis non posset contristári, / Christi Matrem contemplári, /
doléntem cum Filio?
VII Estação: Jesus cai pela segunda vez
«Não te afastes de mim» (Sl 21,12a)
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Mateus (cf. Mt
26,36-39)
«Jesus foi a um lugar chamado Getsêmani... para rezar. Levou
consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, e começou a ficar triste e
angustiado. Então lhes disse: “Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e
vigiai comigo!”. E rezou: “Meu Pai, se é possível, afaste-se de mim este
cálice. Contudo, não seja feito como eu quero, mas sim como tu queres”».
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 22,43-44)
«Apareceu-lhe então um anjo do céu, que o confortava. Tomado
de angústia, Jesus rezava com mais insistência. Seu suor tornou-se como gotas
de sangue que caíam no chão».
Sentimentos e pensamentos de Jesus
A fadiga não é apenas física. Há algo mais profundo que devo
ter em conta. Ontem à noite estive rezando longamente ao Pai, prostrado no
chão. O meu suor era como gotas de sangue. Estava já em agonia. Estou
compartilhando a experiência suprema e difícil de todo o ser humano às portas
da morte. Obrigado, meu Pai, por me teres mandado naquele momento um anjo do
céu para me confortar!
Nossa ressonância
Jesus, quanta tristeza no abismo de muitas almas feridas
pela solidão, o abandono, a indiferença, a doença, a morte de um ente querido!
Incalculável, depois, é o sofrimento daqueles que estão no
meio de acontecimentos cruéis, de palavras de ódio e falsidade; ou que
encontram corações de pedra que provocam lágrimas e levam ao desespero.
O coração do homem - o coração de todos nós - espera por
algo muito diferente: o cuidado do amor. Assim Vós ensinais, ó Jesus, a nós e a
todos os homens de boa vontade: «Amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amei»
(cf. Jo 13,34).
Oremos: Meu coração, guarda e consola!
Abre-te, meu coração. Sê amplo como o Coração de Deus.
Abre-te para levar esperança. Abre-te para tomar ao teu cuidado. Abre-te para
ouvir. Abre-te para colocar bálsamo nas feridas. Abre-te para dar luz a quem
está nas trevas. Guarda e consola hoje, amanhã e sempre.
Pai nosso...
Pro peccátis suae gentis / vidit Iesum in torméntis / et
flagéllis súbditum.
VIII Estação: Jesus encontra as mulheres de Jerusalém
«Vós sois o sal da terra. Vós sois a luz do mundo»
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,27-28)
«Seguia-o uma grande multidão do povo e de mulheres que
batiam no peito e choravam por Ele. Jesus, porém, voltou-se e disse: “Filhas de
Jerusalém, não choreis por mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos!”».
Sentimentos e pensamentos de Jesus
Passaram-se poucos dias da minha entrada em Jerusalém. Uma
pequena multidão de discípulos fez-me festa. Até me aclamou dizendo: «Bendito o
Rei que vem em nome do Senhor!» (Lc 19,38). Na sua simplicidade, aquele
momento foi solene. E, contudo, os fariseus deram mostras de desagrado. A festa
não me impediu as lágrimas provocadas pela visão da cidade (cf. Lc 19,41).
Agora, enquanto sigo fatigosamente para o Gólgota, ressoam vozes de mulheres
que se lamentam por mim e batem no peito.
Nossa ressonância
Também hoje, Jesus, vendo as nossas cidades, podereis talvez
ter motivos para chorar. É que também nós podemos ser cegos diante de Vós, sem
entender o caminho de paz que indicastes.
Mas agora sentimos como vosso chamado aquilo que
expressastes no Sermão da Montanha: «Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão
chamados filhos de Deu». E aquilo que dissestes, depois, aos vossos discípulos:
«Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo... Assim brilhe a vossa luz
diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que
está nos céus» (Mt 5,8-9.13.14.16).
Oremos: Na luz da Jerusalém celeste
Senhor, chamastes-nos para a Jerusalém celeste, que é a
tenda de Deus com os homens. Prometestes que lá serão enxugadas todas as
lágrimas dos nossos olhos. Não haverá mais morte, nem luto, nem pranto, nem
dor. Vós sereis o nosso Deus e nós seremos o vosso povo (cf. Ap 21,4; Is
25,6-9). Guardai em nós a esperança de que, depois do tempo cansativo da
sementeira em lágrimas, chega o tempo jubiloso da colheita (cf. Sl 125,5).
Pai nosso...
Eia, mater, fons amóris, / me sentíre vim dolóris / fac, ut
tecum lúgeam.
IX Estação: Jesus cai pela terceira vez
A «viagem» de Jesus
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo João (Jo 16,28)
«Saí do Pai e vim ao mundo; agora deixo o mundo e vou para o
Pai».
Sentimentos e pensamentos de Jesus
A minha viagem terrena está prestes a terminar. Quando
nasci, a minha mãe reclinou-me em uma manjedoura (cf. Lc 2,7). Passei
quase toda a minha vida em Nazaré. Mergulhei na história do povo eleito.
Como enviado itinerante do Pai, anunciei a largura do seu
amor, que não esquece ninguém; o comprimento do seu amor, fiel através de todas
as gerações; a altura do seu amor, esperança que vence a própria morte; e a
profundidade do seu amor, que me enviou, não para os justos, mas para os
pecadores (cf. Ef 3,18-19; Cl 1,27; 1Tm 1,1; Hb
6,18-20; Mc 2,17).
Muitos me ouviram e seguiram, tornando-se meus discípulos;
outros não me compreenderam. Também alguns me combateram e, por fim, me condenaram.
Mas neste momento, mais do que nunca, sou chamado a revelar o amor de Deus pelo
homem (cf. Jo 13,1).
Nossa ressonância
Jesus, perante o vosso amor e o do Pai, perguntamo-nos sobre
o risco de nos deixar fascinar pelo mundo, para quem a vossa Paixão e Morte não
passam de «loucura e escândalo», quando na verdade são «poder e sabedoria de
Deus» (cf. 1Cor 1,23-24). Porventura não seremos cristãos mornos, ao
passo que o vosso amor é um mistério de fogo?
Porventura damo-nos conta de que, antes de Deus vir até
junto de nós, não sabíamos quem pudesse ser Deus? Quando Vós, Filho Unigênito, chegastes,
Deus, que nos tinha plasmado à sua imagem, permitiu-nos levantar o olhar para
Ele e prometeu-nos o Reino dos céus. Como não havemos então de amar Aquele que
nos amou primeiro? (cf. Carta a Diogneto, VIII, 1; X, 2-3).
Oremos: «Abbá, ó Pai»
Senhor Deus, ousamos dizer-vos: «Pai nosso». Pensar em nós
mesmos como filhos é um dom maravilhoso pelo qual vos somos eternamente gratos.
Sabemos, ó Pai, que não somos apenas um grão de pó no universo. Destes-nos uma
grande dignidade, chamastes-nos à liberdade. Libertai-nos de toda forma de
escravidão. Não nos deixeis vagar longe de Vós. Guardai, ó Pai, cada um de nós.
Guardai cada homem que habita na terra.
Pai nosso...
Fac ut
árdeat cor meum / in amándo Christum Deum, / ut sibi compláceam.
X Estação: Jesus despojado das vestes
A túnica
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Livro dos Salmos (Sl 21,19)
«Eles repartem entre si as minhas vestes e sorteiam entre si
a minha túnica.».
Sentimentos e pensamentos de Jesus
Mantenho-me em silêncio. Sinto-me humilhado por um gesto
aparentemente banal. Já fui despojado horas atrás. Penso na minha mãe, aqui
presente. A minha humilhação é também a sua. Também desta forma é transpassada
a sua alma. A ela devo a túnica que me foi arrancada e que é um símbolo do seu
amor por mim (cf. Mt 27,35).
Nossa ressonância
A vossa túnica, Senhor, leva-nos a meditar sobre um momento
de graça e, ao mesmo tempo, sobre fatos que violam a dignidade do homem.
A graça é a do Batismo. À criança que acaba de se tornar
cristã se diz: «És nova criatura e foste revestida de Cristo. Esta veste branca
seja símbolo da tua nova dignidade: ajudada pela palavra e pelo exemplo dos
teus pais e padrinhos, conserva-a sem mancha para a vida eterna» (cf. Ritual
do Batismo de Crianças, Entrega da veste branca; cf. Gl 3,27). Aqui
está a verdade mais profunda da existência humana.
Ao mesmo tempo, o amor com que guardais todas as criaturas
faz-nos pensar em situações terríveis: o tráfico de seres humanos, a condição
das crianças-soldado, o trabalho que se torna escravidão, as crianças e
adolescentes despojados de si mesmos, feridos na sua intimidade, barbaramente
profanados.
Vós nos impelis a pedir humildemente perdão a quantos sofrem
estes ultrajes e a rezar para que, finalmente, desperte a consciência de quem
obscureceu o céu na vida das pessoas. Diante de Vós, ó Jesus, renovamos o
propósito de «vencer o mal com o bem» (cf. Rm 12,21).
Oremos: Os dois caminhos
«Feliz o homem que não anda conforme os conselhos dos
perversos; que não entra no caminho dos malvados, nem junto aos zombadores vai
sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem
cessar. Ele é semelhante a uma árvore plantada à beira da torrente; ela sempre
dá seus frutos a seu tempo, e jamais as suas folhas vão murchar. Eis que tudo o
que ele faz vai prosperar» (Sl 1,1-3).
Pai nosso...
Sancta Mater, istud agas, / Crucifíxi fige plagas / cordi
meo válide.
XI Estação: Jesus é pregado na cruz
A suprema cátedra do amor de Deus
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo João (Jo 19,16.19)
«Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado...
Pilatos mandou ainda escrever um letreiro e colocá-lo na cruz; nele estava
escrito: “Jesus, o Nazareno, o Rei dos Judeus”».
Sentimentos e pensamentos de Jesus
Estão pregando-me mãos e pés. Os braços são estendidos. Os
pregos penetram dolorosamente na minha carne. Estou bloqueado no corpo, mas
livre no coração, tal como livremente vim ao encontro da minha Paixão (cf.
Missal Romano, Oração Eucarística II). Livre porque habitado pelo amor, um
amor que gostaria de incluir todos.
Observo quem está me crucificando. Penso naqueles que o
ordenaram: «Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!» (Lc 23,34).
Ao meu lado estão outros dois condenados à crucificação. Um deles pede-me que lembre
dele quando estiver no meu reino. Sim, digo-lhe, «hoje estarás comigo no
Paraíso» (Lc 23,43).
Nossa ressonância
Vemos a Vós, Jesus, pregado na cruz. E, na nossa
consciência, surgem impelentes estas interrogações: Quando será abolida a pena
de morte, praticada ainda hoje em numerosos Estados? Quando será cancelada toda
forma de tortura e a supressão violenta de pessoas inocentes? O vosso Evangelho
é a mais firme defesa do homem, de cada homem.
Oremos: «Tende piedade de nós!»
Senhor Jesus, abraçastes a cruz para nos ensinar a dar a
nossa vida por amor; na hora da morte, escutastes o ladrão arrependido.
Salvador inocente, fostes contado entre os iníquos e vos sujeitastes
ao juízo dos pecadores (Liturgia Ambrosiana, Laudes da Sexta-feira
Santa, Aclamações a Cristo Senhor).
Tende piedade de nós!
Pai nosso...
Tui Nati vulneráti, / tam dignáti pro me pati, / poenas
mecum dívide.
XII Estação: Jesus morre na cruz
«Ó Cristo, temos necessidade de Vós» (Papa Paulo VI)
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
As palavras de Jesus na cruz
Jesus clamou com voz forte: «Meu Deus, meu Deus, porque me
abandonaste?» (Mt 27,46; Mc 15,34). Depois, dirigindo-se à mãe:
«Mulher, eis o teu filho!» E ao discípulo João: «Eis a tua mãe!» (Jo
19,26.27). Disse ainda: «Tenho sede» (Jo 19,28); mais tarde: «Tudo está
consumado» (Jo 19,30); e por fim: «Pai, em tuas mãos entrego o meu
espírito» (Lc 23,46).
Nossa ressonância
Na cruz, ó Jesus, Vós rezastes. E precisamente assim
vivestes o auge da vossa vocação e missão.
Naquele momento falastes à vossa mãe e ao discípulo João.
Através deles falastes também a nós. Fomos confiados à vossa Mãe. Pedistes-nos
para a acolhermos na nossa vida, a fim de sermos guardados por ela tal como o
fostes Vós.
Intensa impressão nos fez o fato de, ao longo de uma agonia
que durou horas, terdes clamado com voz forte a Deus usando as palavras do
Salmo 21, que exprimem os sofrimentos, mas também as esperanças do justo.
O evangelista Lucas recorda que, pouco antes de morrer,
dissestes: «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito» (Lc 23,46). A
resposta do Pai virá: será a vossa Ressurreição.
Oremos: «Omnia
nobis est Christus» (Santo Ambrósio)
«Temos necessidade de Vós, ó Cristo, para conhecer o nosso
ser e o nosso destino.
Temos necessidade de Vós para encontrar as verdadeiras
razões da fraternidade entre os homens, os alicerces da justiça, os tesouros da
caridade, o bem supremo da paz.
Temos necessidade de Vós, ó grande Sofredor das nossas
dores, para conhecer o sentido do sofrimento.
Temos necessidade de Vós, ó Vencedor da morte, para nos
libertar do desespero e da incoerência.
Temos necessidade de Vós, ó Cristo, para aprender o amor
verdadeiro e percorrer, com a alegria e a força da vossa caridade, o nosso
caminho cansativo, até o encontro final convosco, amado, esperado, bendito
pelos séculos dos séculos» (cf. Giovanni Battista Montini, Carta Pastoral
Omnia nobis est Christus, 1955, oração final).
Pai nosso...
Vidit suum dulcem Natum / moriéntem desolátum, / cum emísit
spíritum.
XIII Estação: Jesus é descido da cruz
A estrada régia da Igreja
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo Mateus (Mt 27,54-56)
«O oficial e os soldados que estavam com ele guardando
Jesus... disseram: “Ele era mesmo Filho de Deus!”. Grande número de mulheres
estava ali, olhando de longe... Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe
de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu».
Jesus passou deste mundo para o Pai. A sua Paixão dá-nos a
graça de descobrir, no seio da história, a paixão de Deus pelo homem. Os santos
corresponderam a ela, tornando-se discípulos e apóstolos. A isto somos chamados
também nós.
Nossa ressonância
«Em Vós, Jesus, Palavra feita carne, somos chamados a ser a
Igreja da misericórdia.
Em Vós, pobre por opção, a Igreja é chamada a ser pobre e
amiga dos pobres.
Contemplando o vosso rosto, o nosso não poderá ser diferente
do vosso.
A nossa fraqueza será força e vitória se tornar presente a
humildade e a mansidão do nosso Deus» (cf. Carlo Maria Martini, Carta
de Apresentação do 47º Sínodo da Arquidiocese de Milão, 01 de fevereiro de 1995).
Oremos
«Estendei a toda a família humana, ó Pai, o reino de justiça
e de paz que preparastes por meio do vosso Filho Unigênito, nosso Rei e Salvador.
Assim será concedida aos homens a verdadeira e dulcíssima paz; os pobres
encontrarão justiça; os aflitos serão confortados e todas as tribos da terra
serão abençoadas n’Ele, nosso Senhor e nosso Deus, que vive e reina convosco,
na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos» (Liturgia
Ambrosiana, Tempo Comum, Vésperas da quinta-feira da II semana).
Pai nosso...
Fac me vere tecum flere, / Crucifíxo condolére, / donec ego
víxero.
XIV Estação: Jesus é depositado no sepulcro
Guardados para sempre
Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.
Do Evangelho segundo João (Jo 19,38-40)
« Depois disso, José de Arimatéia... pediu a Pilatos para
tirar o corpo de Jesus. Pilatos consentiu. Então José veio tirar o corpo de
Jesus. Chegou também Nicodemos... trazendo uns trinta quilos de perfume feito
de mirra e aloés. Então tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no, com os
aromas, em faixas de linho, como os judeus costumam sepultar».
Sentimentos de dois amigos de Jesus
O corpo dos condenados à crucificação era considerado
indigno até de sepultura. Mas, ao contrário, dois homens influentes, José de
Arimateia e Nicodemos, guardaram solicitamente o corpo de Jesus.
«Que sorte, para mim e para vós - diz-nos José de Arimateia -,
termos nos tornado discípulos de Jesus! (cf. Mt 27,57). Eu, antes, o era
às escondidas. Mas agora encontro em mim uma grande coragem. Até enfrentei Pilatos
para ter o corpo de Jesus (cf. Mt 27,58). Mais do que a coragem, foram
decisivos o carinho e a alegria. Estou contente por ter disponibilizado um sepulcro
novo, escavado na rocha (cf. Mt 27,60). Digo-vos: Amai o nosso
Salvador!».
Nicodemos poderia acrescentar: «Teve lugar em horas noturnas
o meu primeiro encontro com Jesus. Por Ele, fui convidado a renascer do Alto (cf.
Jo 3,2-15). Mas só pouco a pouco fui compreendendo aquelas suas palavras.
Agora estou aqui para honrar os seus membros. De bom grado adquiri uma mistura
de mirra e aloés (cf. Jo 19,39). Mas a verdade é que Ele fez muito mais
por mim: perfumou a minha vida!».
Maria fala ao nosso coração
«João manteve-se ao meu lado. Ao pé da cruz, a minha fé foi
posta a dura prova. Como fiz em Belém e, depois, em Nazaré, também agora medito
em silêncio (cf. Lc 2,19.51). Confio em Deus. Não se apagou a minha
esperança de mãe. Confiai vós também! Para vós todos, peço a graça de uma fé
forte. Para aqueles que atravessam dias sombrios, a consolação».
Oremos
Ave Maria...
Pai nosso...
Quando corpus moriétur / fac ut ánimae donétur / paradísi
glória. Amen.
Oração do Papa / Bênção Apostólica / Canto final: Crux fidelis.
Fonte: Santa Sé.
Confira outros modelos de meditações em nossa postagem sobre a história da Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.
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