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terça-feira, 13 de agosto de 2024

Ângelus: XIX Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 11 de agosto de 2024

Queridos irmãos e irmãs, bom domingo!
O Evangelho da Liturgia de hoje (Jo 6,41-51) fala-nos da reação dos judeus à afirmação de Jesus que diz: «Eu desci do céu» (v. 38). Ficam escandalizados.

Murmuram entre eles: «Não é este Jesus, o filho de José? Não conhecemos seu pai e sua mãe? Como então pode dizer que desceu do céu?» (v. 42). E assim murmuram. Prestemos atenção ao que dizem. Estão convencidos de que Jesus não pode vir do céu, porque é filho de um carpinteiro e porque a sua mãe e os seus parentes são pessoas comuns, conhecidas, normais, como tantas outras. «Como Deus pode se manifestar de uma forma tão vulgar?», dizem. São bloqueados na sua fé por preconceitos sobre a sua origem humilde e também bloqueados pela presunção, portanto, de que não têm nada a aprender com Ele. Preconceitos e presunção, como nos fazem mal! Impedem o diálogo sincero, o encontro entre irmãos: cuidado com os preconceitos e a presunção! Têm os seus esquemas rígidos, e não há lugar no seu coração para o que não se enquadra neles, para o que não conseguem catalogar e arquivar nas prateleiras poeirentas da sua segurança. E isto é verdade: muitas vezes as nossas seguranças estão fechadas, empoeiradas, como livros velhos.

No entanto, trata-se de pessoas que cumprem a lei, dão esmolas, respeitam jejuns e tempos de oração. De fato, Cristo já realizou vários milagres (cf. Jo 2,1-11; 4,43-54; 5,1-9; 6,1-25). Por que tudo isto não os ajuda a reconhecer que Ele é o Messias? Porque não os ajuda? Porque realizam as suas práticas religiosas não tanto para escutar o Senhor, mas para encontrar nelas uma confirmação do que pensam. Estão fechados à Palavra do Senhor e procuram a confirmação dos seus pensamentos. Demonstra-o o fato de nem sequer se darem ao trabalho de pedir explicações a Jesus: limitam-se a murmurar entre si contra Ele (cf. Jo 6,41), como que para se tranquilizarem mutuamente daquilo de que estão convencidos, e fecham-se em si mesmos, encerrados em uma fortaleza impenetrável. E assim não conseguem acreditar. O fechamento do coração: como dói, como dói!

Prestemos atenção a tudo isto, porque às vezes pode acontecer o mesmo conosco, na nossa vida e na nossa oração: pode acontecer-nos, isto é, em vez de escutarmos verdadeiramente o que o Senhor tem para nos dizer, procurarmos dele e dos outros apenas uma confirmação daquilo que pensamos, uma confirmação das nossas convicções, dos nossos juízos, que são pré-juízos. Mas esta maneira de nos dirigirmos a Deus não nos ajuda a encontrá-lo, a encontrá-lo verdadeiramente, nem a abrirmo-nos ao dom da sua luz e da sua graça, a crescer no bem, a fazer a sua vontade e a superar fechamentos e dificuldades. Irmãos e irmãs, a fé e a oração, quando são verdadeiras, abrem a mente e o coração, não os fecham. Quando se encontra uma pessoa que é fechada na mente, na oração, essa fé e essa oração não são verdadeiras.

Perguntemo-nos então: na minha vida de fé, sou capaz de fazer verdadeiramente silêncio dentro de mim e de escutar Deus? Estou disposto a acolher a sua voz para além dos meus esquemas e também, com a sua ajuda, a superar os meus temores?
Maria nos ajude a escutar com fé a voz do Senhor e a fazer a sua vontade com coragem.

Jesus prega junto à sinagoga de Cafarnaum
(Wilhelm Kotarbinski)

Fonte: Santa Sé.

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