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terça-feira, 25 de abril de 2023

Regina Coeli: III Domingo da Páscoa - Ano A

Papa Francisco
Regina Coeli
Domingo, 23 de abril de 2023

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Neste III Domingo da Páscoa, o Evangelho narra o encontro de Jesus Ressuscitado com os discípulos de Emaús (Lc 24,13-35). Estes são dois discípulos que, resignados com a morte do Mestre, decidiram deixar Jerusalém no dia de Páscoa e regressar a casa. Talvez estivessem um pouco inquietos, porque tinham ouvido as mulheres que vinham do sepulcro e diziam que estava vazio..., mas vão embora. E enquanto caminhavam entristecidos e falando sobre o que aconteceu, Jesus aproxima-se deles, mas eles não o reconhecem. Ele pergunta-lhes porque estão tão tristes, e eles dizem-lhe: «Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?» (v. 18). E Jesus responde: «O que foi?» (v. 19). E eles contam-lhe toda a história - é Jesus que faz com que a contem. Depois, enquanto caminham, ajuda-os a reler os fatos de uma forma diferente, à luz das profecias, da Palavra de Deus, de tudo o que foi anunciado ao povo de Israel. Reler: é isso que Jesus faz com eles, ajuda-os a reler. Analisemos este aspecto.

De fato, também para nós é importante reler a nossa história juntamente com Jesus: a história da nossa vida, de um certo período, dos nossos dias, com as desilusões e as esperanças. Também nós, por outro lado, como aqueles discípulos, podemos encontrar-nos desorientados face aos acontecimentos, sozinhos e incertos, com tantas perguntas e preocupações, desilusões, tantas coisas. O Evangelho de hoje convida-nos a contar tudo a Jesus, com sinceridade, sem medo de perturbá-lo - Ele ouve -, sem medo de dizer coisas erradas, sem ter vergonha da nossa luta para compreender. O Senhor alegra-se quando nos abrimos a Ele; só assim Ele pode dar-nos a mão, acompanhar-nos e fazer arder novamente o nosso coração (v. 32). Então também nós, como os discípulos de Emaús, somos chamados a estar com Ele para que, quando a noite chegar, Ele permaneça conosco (v. 29).

Há uma bela maneira de o fazer, que gostaria de vos propor hoje: consiste em dedicar um tempo cada noite a um breve exame de consciência. O que aconteceu hoje dentro de mim? Esta é a pergunta. Trata-se de reler o dia com Jesus, reler o meu dia: de abrir-lhe o coração, de levar a Ele as pessoas, as escolhas, os receios, as quedas e as esperanças, todas as coisas que aconteceram; para aprender gradualmente a olhar para tudo com olhos diferentes, com os seus olhos e não só com os nossos. Podemos assim reviver a experiência daqueles dois discípulos. Face ao amor de Cristo, até o que parece cansativo e fracassado pode emergir sob uma luz diferente: uma cruz difícil de abraçar, a escolha do perdão face a uma ofensa, uma vingança falhada, o cansaço do trabalho, a sinceridade que custa, as provações da vida familiar podem surgir sob uma nova luz, a luz do Crucificado Ressuscitado, que sabe fazer de cada queda um passo em frente. Mas para isso, é importante eliminar as defesas: deixar tempo e espaço para Jesus, não lhe esconder nada, mostrar-lhe as misérias, fazer-se “ferir” pela sua verdade, deixar que o coração vibre ao sopro da sua Palavra.

Podemos começar hoje, dedicar um momento de oração esta noite, durante o qual nos perguntamos: como foi o meu dia? Quais alegrias, tristezas, tédios... Como foi, o que aconteceu? Quais foram as suas pérolas, talvez escondidas, pelas quais dar graças? Havia um pouco de amor no que eu fiz? E quais foram as quedas, as tristezas, as dúvidas e os temores a mostrar a Jesus para que Ele me abra novos caminhos, me levante e me encoraje?
Maria, Virgem da sabedoria, nos ajude a reconhecer Jesus que caminha conosco e a reler - eis a palavra: reler - perante Ele todos os dias da nossa vida.

Emaús (Joseph von Führich)

Fonte: Santa Sé.

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