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sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Ângelus: Imaculada Conceição de Maria (2022)

Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria
Papa Francisco
Ângelus
Quinta-feira, 08 de dezembro de 2022

Estimados irmãos e irmãs, bom dia e feliz festa!
O Evangelho da Solenidade de hoje nos introduz na casa de Maria para nos narrar a Anunciação (cf. Lc 1, 26-38). O anjo Gabriel saúda a Virgem assim: «Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo» (v. 28). Ele não a chama pelo nome, Maria, mas com um novo nome, que ela não conhecia: Cheia de graça! Cheia de graça e, portanto, sem pecado, é o nome que Deus lhe dá e que hoje nós celebramos.

Mas pensemos no assombro de Maria: só então ela descobriu a sua identidade mais verdadeira. Com efeito, chamando-a com aquele nome, Deus revela-lhe o seu maior segredo, que antes ela ignorava. Algo análogo pode acontecer também conosco. Em que sentido? No sentido que inclusive nós, pecadores, recebemos um dom inicial que encheu a nossa vida, um bem maior do que tudo, recebemos uma graça original. Falamos muito do pecado original, mas também recebemos uma graça original, da qual muitas vezes não estamos conscientes.

De que se trata? Em que consiste esta graça original? Foi a que recebemos no dia do nosso Batismo, que por isso nos fará bem recordar, e também celebrar! Faço uma pergunta. Esta graça recebida no dia do Batismo é importante, mas quantos de vós se lembram da data do vosso Batismo? Refleti sobre isto! E se não vos recordais, quando voltardes para casa perguntai ao padrinho, madrinha, pai ou mãe: “Quando fui batizado, batizada?”. Pois aquela data é o dia da grande graça, de um novo início de vida, da graça original que temos. Naquele dia Deus desceu sobre a nossa vida, e tornamo-nos seus filhos amados para sempre. Eis a nossa beleza original, pela qual devemos regozijar! Hoje Maria, surpreendida pela graça que a tornou bela desde o primeiro instante de vida, leva-nos a admirar-nos com a nossa beleza. Podemos captá-la através de uma imagem: a da veste branca do Batismo; ela recorda-nos que, por detrás do mal com que nos manchamos ao longo dos anos, em nós existe um bem maior do que todos aqueles males que nos aconteceram. Ouçamos o seu eco, ouçamos Deus que nos diz: “Filho, filha, eu te amo e estou sempre contigo, tu és importante para mim, a tua vida é preciosa!”. Quando as coisas não correm bem e desanimamos, quando nos sentimos abatidos e corremos o risco de nos sentirmos inúteis ou errados, pensemos nisto, na graça original. Deus está ao nosso lado, Deus está comigo desde aquele dia. Reflitamos sobre isto!

Hoje, a Palavra de Deus ensina-nos outra coisa importante: que preservar a nossa beleza tem um preço, requer uma luta. Com efeito, o Evangelho mostra-nos a coragem de Maria, que disse “sim” a Deus, que escolheu o risco de Deus; e o trecho do Gênesis, relativo ao pecado original, fala-nos de uma luta contra o tentador e as suas tentações (cf. Gn 3,15). Mas também por experiência, todos nós sabemos: requer o esforço de escolher o bem; exige o esforço de preservar o bem que existe em nós. Pensemos nas numerosas vezes que o desperdiçamos, cedendo às seduções do mal, agindo de modo astuto pelos nossos próprios interesses ou fazendo algo que poluiria o nosso coração; ou até perdendo tempo com coisas inúteis e prejudiciais, adiando a oração, ou dizendo “não posso” a quem precisava de nós quando, ao contrário, nós podíamos.

Mas diante de tudo isto, hoje temos uma boa notícia: Maria, a única criatura humana sem pecado na história, está conosco na luta, é nossa irmã e sobretudo nossa Mãe. E nós, que temos dificuldade de escolher o bem, podemos confiar-nos a Ela. Confiando-nos, “consagrando-nos” a Nossa Senhora, digamos-lhe: “Segura a minha mão, Mãe, guia-me: contigo terei mais força na luta contra o mal, contigo redescobrirei a minha beleza original!”. Confiemo-nos a Maria hoje, todos os dias, repetindo-lhe: “Maria, confio-te a minha vida, a minha família, o meu trabalho, confio-te o meu coração e as minhas lutas. Consagro-me a ti!”. Que a Imaculada nos ajude a preservar do mal a nossa beleza!

Imaculada Conceição de Maria (Diego Velázquez)

Fonte: Santa Sé.

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