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quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

Sugestão de leitura: Celebrar para viver - Dionisio Borobio

Como sugestão de leitura do mês de novembro, apresentamos aqui em nosso blog a obra Sinais do mistério de Cristo: Teologia litúrgica dos sacramentos, espiritualidade e Ano Litúrgico, de autoria do Abade Salvatore Marsili (†1983), grande teólogo da Liturgia.

Uma vez que essa obra dedicava amplo espaço aos sacramentos, neste mês de dezembro gostaríamos de propor outro texto ligado a essa mesma temática. Trata-se do livro Celebrar para viver: Liturgia e sacramentos da Igreja, do sacerdote espanhol Dionisio Borobio.

A obra foi publicada originalmente em espanhol (Celebrar para vivir: Liturgia y sacramentos de la Iglesia) pelas Ediciones Sígueme de Salamanca (Espanha) em 2003. Foi traduzida para o português em 2009 pelas Edições Loyola.

Cinco pães e dois peixes - Catacumbas de São Calisto - séc. III
(Imagem usada na capa da edição brasileira do livro)

Como indica o próprio autor na Introdução, em 1984 havia publicado o livro Sacramentos en comunidad, buscando oferecer uma catequese simples e completa sobre os sacramentos aos jovens e adultos.

Em Celebrar para viver, Borobio acrescenta dez temas de introdução à Liturgia (primeira parte), além de revisar e ampliar o material dedicado à introdução aos sacramentos e aos sete sacramentos da Igreja (segunda parte).

Cada capítulo da obra é dividido em cinco seções:
1. Encontro com a vida: Breve introdução ao tema;
2. Aprofundamento do sentido: Exposição do conteúdo;
3. Aplicação à celebração e à vida: Diálogo entre conteúdo e prática pastoral;
4. Pontos para estudo e revisão: Perguntas e indicação de leituras complementares;
5. Oração e meditação: Com textos da Liturgia, dos Padres da Igreja e do Magistério.

O grande mérito da obra é sua visão ampla, dedicando espaço às várias dimensões: teológica, antropológica, eclesiológica, celebrativa (simbólica), pastoral...

Segue, pois, uma visão de conjunto das 476 páginas da obra, com uma breve apresentação de cada capítulo:

PRIMEIRA PARTE: A LITURGIA, MISTÉRIO E VIDA

Como vimos acima, a primeira parte da obra é uma introdução à Liturgia, dividida em dez capítulos. Esta parte compõe cerca de 25% do volume:

1. Que é celebração litúrgica? (pp. 17-23)
A Liturgia como culto existencial, diálogo-comunicação e celebração festiva.

2. Liturgia, corporeidade, ritualidade (pp. 25-311)
A importância dos gestos, ritos e símbolos, mas também os seus limites.

3. A Liturgia, “obra da Trindade” (pp. 33-39)
Borobio aprofunda aqui sobretudo a relação da Liturgia com a história da salvação.

4. A Liturgia, “obra da Igreja” (pp. 41-48)
Uma brevíssima história da Liturgia, prosseguindo a reflexão do capítulo anterior.

5. A Liturgia, “obra da assembleia celebrante” (pp. 49-56)
A dimensão eclesiológica da Liturgia, expressa na diversidade dos ministérios.

6. Liturgia e tempo litúrgico (pp. 57-65)
Os três ritmos do tempo na Liturgia: anual (Ano Litúrgico), semanal (centrada no domingo) e diário (Liturgia das Horas).

7. Liturgia e espaço litúrgico (pp. 67-73)
O simbolismo do templo cristão e seus elementos (altar, ambão, cadeira...).

8. Liturgia e piedade popular (pp. 75-82)
Dimensão antropológica da piedade popular, seus valores e limites.

9. Evangelização, catequese e Liturgia (pp. 83-89)
10. Dimensão social comprometedora da Liturgia e dos sacramentos (pp. 91-98)
Nestes dois últimos capítulos da primeira parte se estabelece as relações da Liturgia com o anúncio da Palavra (evangelização, catequese) e com a vivência da caridade.

Capa da edição brasileira
(Com a imagem das Catacumbas de Calisto, que indicamos acima)

SEGUNDA PARTE: OS SACRAMENTOS DA IGREJA

Essa segunda parte integra 75% da obra, com a reflexão sobre “o que é um sacramento” e sobre cada um dos sete sacramentos em particular.

O QUE É UM SACRAMENTO?

1. Sacramento e sacramentos (pp. 103-110)
Neste primeiro capítulo Borobio apresenta as diversas “realidades sacramentais”: Cristo, sacramento original; a Igreja, sacramento principal; o cristão, sacramento existencial; o mundo, sacramento cósmico.

2. O sacramento é uma celebração (pp. 111-118)
A partir daqui até o capítulo 6 os títulos dos capítulos vão formando a definição de sacramento, começando por seu caráter de celebração.

3. Onde Deus nos oferece sua graça - Dimensão cristológica (pp. 119-124)
Segue-se a dimensão teológica dos sacramentos, destacando a centralidade do Mistério Pascal (Morte-Ressurreição de Cristo).

4. E o homem responde na fé - Dimensão antropológica (pp. 125-130)
À iniciativa de Deus corresponde a resposta do homem. Aprofunda-se aqui, pois, a relação entre fé, vida e sacramentos.

5. Por mediação da Igreja - Dimensão eclesiológica (pp. 131-136)
A relação entre Deus e homem, embora seja pessoal, sempre está aberta à comunidade. Por isso a importância da dimensão eclesial dos sacramentos.

6. Através de um sinal concreto - Dimensão simbólica (pp. 137-144)
Por fim, os sacramentos são sinais sensíveis (isto é, que podem ser captados pelos sentidos) que realizam a graça. Assim, Borobio reflete aqui sobre o fundamento cristológico e antropológico dos sinais sacramentais.

O SACRAMENTO DO BATISMO

1. O Batismo, necessidade antropológica e acontecimento (pp. 147-153)
As várias dimensões vistas acima passam agora a ser contempladas em relação a cada um dos sete sacramentos, começando pela dimensão antropológica do Batismo.

2. O grande dom do Batismo: significado teológico (pp. 155-161)
Segue-se a dimensão teológica do Batismo, destacando seus “efeitos”: participação no Mistério Pascal de Cristo, incorporação à Igreja, perdão dos pecados...

3. A práxis batismal da Igreja: os dois batismos (pp. 163-1170)
4. Batismo e iniciação cristã: o futuro do Batismo (pp. 171-177)
Os “dois batismos” referem-se aqui ao Batismo de adultos e ao Batismo de crianças, a partir dos quais se traça um breve histórico desse sacramento e uma reflexão pastoral.

5. Celebração do Batismo: símbolos batismais (pp. 179-185)
Análise da celebração do Batismo e seus símbolos: sinal da cruz, água, unção, luz...

O SACRAMENTO DA CONFIRMAÇÃO

1. Origem e vicissitudes da Confirmação (pp. 189-195)
Diferentemente do Batismo, a reflexão sobre a Confirmação começa com um breve histórico do sacramento.

2. A Confirmação, um novo Pentecostes: aspectos teológicos (pp. 197-202)
Como acima, a reflexão teológica centra-se nos “efeitos” do sacramento, dom do Espírito Santo, destacando sobretudo sua dimensão eclesial.

3. A Confirmação, nascimento para a identidade cristã (pp. 203-208)
4. Preparação para a Confirmação: catecumenato pré-confirmatório (pp. 209-215)
Nesses dois capítulos a reflexão antropológica está unida à proposta pastoral, considerando a Confirmação dentro da Iniciação Cristã.

5. Celebração e símbolos do sacramento da Confirmação (pp. 217-222)
Conclui-se com uma visão do rito e dos símbolos desse sacramento: a unção com o Crisma, a imposição das mãos, a importância do Bispo e da comunidade.

Capa da edição espanhola: Celebrar para vivir

O SACRAMENTO DA EUCARISTIA

1. Ritos introdutórios: formação da assembleia (pp. 225-233)
2. Liturgia da Palavra: anúncio da salvação (pp. 235-245)
3. Liturgia Eucarística: apresentação das oferendas, símbolos de um mistério (pp. 247-253)
4. Liturgia Eucarística: oração de ação de graças, realização do mistério (pp. 255-263)
5. A Eucaristia: banquete, sacrifício e presença (pp. 265-275)
6. Liturgia Eucarística: a comunhão no mistério (pp. 277-284)
7. Ritos de despedida: renovação da vida (pp. 285-291)

A reflexão sobre a Eucaristia é sui generis dentro da obra: Dionisio Borobio vai apresentando cada parte da Celebração Eucarística e refletindo sobre as “atitudes para a participação”.

Após o capítulo sobre a Oração Eucarística, por sua vez, o autor destaca algumas dimensões teológicas desse sacramento: banquete, sacrifício e presença (cap. 5).

O SACRAMENTO DA PENITÊNCIA

1. Reconciliação e reconciliações (pp. 295-301)
Retomando a dinâmica das seções anteriores, a reflexão sobre o sacramento da Penitência ou Reconciliação começa com seu fundamento antropológico.

2. O que é o pecado? Pecado e sacramento da Penitência (pp. 303-311)
Passa-se a uma reflexão teológica sobre o tema do pecado, diretamente relacionado a esse sacramento.

3. As formas históricas da Penitência (pp. 313-321)
Traça-se neste capítulo um breve histórico do sacramento da Penitência, desde a Sagrada Escritura até o Concílio Vaticano II.

4. O sacramento da Penitência, encontro de reconciliação (pp. 323-332)
À luz do capítulo anterior, Borobio retoma aqui alguns aspectos teológicos do sacramento: a misericórdia de Deus ao encontro do homem, a mediação da Igreja, o homem pecador ao encontro de Deus.

5. As diversas formas de reconciliação penitencial (pp. 333-348)
Conclui a seção sobre a Reconciliação uma reflexão litúrgico-pastoral, explorando um pouco da riqueza do Ritual da Penitência.

O SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO

1. O Matrimônio, uma realidade humana (pp. 351-357)
Como na seção anterior, a reflexão parte do fundamento antropológico que, no caso do Matrimônio, é também teológico, à luz do mistério da criação.

2. O Matrimônio, sacramento cristão (pp. 359-364)
3. O Matrimônio, mistério de salvação e de amor (pp. 365-370)
Os capítulos 2 e 3 dessa seção se complementam, trazendo a reflexão teológica sobre o sacramento do Matrimônio à luz do Evangelho.

4. Os compromissos cristãos do Matrimônio: indissolubilidade (pp. 371-376)
Novamente encontram-se aqui antropologia e teologia com as “notas” do Matrimônio: unidade e indissolubilidade, exigência do amor humano e mandamento divino.

5. Preparação e celebração do sacramento do Matrimônio (pp. 377-384)
Como indica o título, a seção conclui com uma reflexão litúrgico-pastoral sobre a preparação para o Matrimônio e sua celebração, considerando as várias situações.

Imagem do Bom Pastor das Catacumbas de São Calisto - séc. III

OS MINISTÉRIOS ECLESIAIS - O SACRAMENTO DA ORDEM

1. Ministérios e comunidade eclesial (pp. 387-395)
Uma vez que a obra é destinada sobretudo a leigos, a seção sobre a Ordem expande a reflexão, introduzindo a importância dos diversos ministérios na Igreja.

2. O ontem e o hoje dos ministérios eclesiais (pp. 397-404)
Breve histórico dos ministérios desde o Novo Testamento até o Concílio Vaticano II.

3. O ministério ordenado: identidade do presbítero (pp. 405-412)
Dentro dessa seção, este é o único capítulo que trata do sacramento da Ordem propriamente dito, centrado na pessoa do presbítero. Falta, portanto, a reflexão sobre o diácono e o Bispo e sobre a celebração desse sacramento.

4. Os serviços e ministérios leigos (pp. 413-419)
5. Ministérios a serviço da Igreja e do mundo (pp. 421-428)
Os últimos dois capítulos dessa seção são de caráter mais pastoral, dedicados aos ministérios leigos e à missão da Igreja em um sentido mais amplo.

O SACRAMENTO DA UNÇÃO DOS ENFERMOS

1. Jesus e a Igreja diante da enfermidade (pp. 431-438)
A última seção da obra está dedicada ao sacramento da Unção dos Enfermos, partindo da fundamentação bíblica sobre a atitude de Cristo diante da enfermidade.

2. A enfermidade, situação para um sacramento (pp. 439-445)
Uma interessante visão antropológica da experiência da enfermidade e suas “crises”.

3. A Unção, sinal de salvação e de solidariedade (pp. 447-454)
Dimensão teológica da Unção dos Enfermos, centrada na participação no Mistério Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição e Cristo.

4. Ações e gestos da Igreja em relação aos enfermos (pp. 455-462)
Uma reflexão pastoral sobre a atitude da Igreja diante das várias situações de enfermidade: a visita aos doentes, a Comunhão dos doentes, o Viático.

5. Quando e como celebrar o sacramento da Unção (pp. 463-469)
Por fim, Borobio conclui aqui a reflexão litúrgico-pastoral centrando-se no “sujeito da Unção”, considerando a mudança de mentalidade em relação a esse sacramento: de “Extrema-Unção” para “Unção dos Enfermos”.


Completa ainda a obra uma Bibliografia selecionada comentada (pp. 471-476) para cada uma das seções tratadas no livro (Liturgia, Sacramentos em geral, Sacramentos em particular). A maioria dos livros indicados é, naturalmente, em língua espanhola.

Padre Dionisio Borobio

Sobre o autor
Dionisio Borobio García nasceu em Soria (Espanha) em 1938 e foi ordenado sacerdote em 1965, na Diocese de Bilbao. Obteve o Doutorado em Teologia litúrgica pelo Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo (Roma) e o Mestrado em Filosofia pela Universidade Complutense de Madrid.
Foi professor de Liturgia e sacramentos na Universidade de Deusto (Bilbao) e na Pontifícia Universidade de Salamanca. Atualmente é professor emérito.
Possui dezenas de livros publicados sobre Liturgia, sacramentos e pastoral, além de artigos em diversas revistas especializadas.

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