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sábado, 25 de setembro de 2021

Homilia: XXVI Domingo do Tempo Comum - Ano B

Santo Agostinho
Sobre o consenso dos Evangelhos
Não o proibais

Mestre, temos visto um homem que expulsava demônios em teu nome, e não o permitimos, porque não é dos nossos. Este que fazia milagres em nome de Cristo e não estava no grupo dos discípulos de Jesus, na medida em que realizava milagres em seu nome, nessa mesma medida estava com eles e não contra eles; porém, na medida em que não aderia ao seu grupo, nessa mesma medida não estava com eles e sim contra eles. Mas como eles lhe proibiram de fazer aquilo no qual estava com eles, disse-lhes o Senhor: Não o proibais.

O que lhe deveriam proibir era o estar fora de sua companhia, para persuadir-lhe à unidade da Igreja, não aquilo em que estava com eles, valorizando o nome de seu Mestre e Senhor com a expulsão dos demônios. Assim atua a Igreja Católica ao não reprovar nos hereges os sacramentos comuns; no que a estes diz respeito, eles estão conosco e não contra nós. Porem, desaprova e proíbe a divisão e separação ou alguma sentença contrária à paz e à verdade; pois nisto estão contra nós e não recolhem conosco e, em consequência, dispersam...

Porque quem não está contra nós, está a nosso favor. Quem vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa. Com isto mostrou que tampouco aquele a quem João se referia, e de quem tomou origem este seu discurso, separava-se tanto do grupo dos discípulos que o censuravam, como fazem os hereges; o seu caso era frequente, de homens que não se atrevem ainda a receber os sacramentos de Cristo e, contudo, favorecem o nome cristão, até mesmo acolhem a cristãos simplesmente porque são cristãos.

Deles diz que não perderão a sua recompensa; não porque já devam considerar-se seguros e protegidos pela benevolência que têm para com os cristãos, mesmo que não estejam lavados pelo Batismo de Cristo nem estejam incorporados à sua unidade, mas porque já estão dirigidos pela misericórdia de Deus de tal maneira que chegam a essas obras e saem seguros deste mundo.

Realmente, estes, inclusive antes de unirem-se ao número dos cristãos, são mais úteis que aqueles outros que, já se dizendo cristãos e imbuídos inclusive dos sacramentos cristãos, induzem tais coisas que arrastam consigo ao castigo eterno àqueles a quem desviam. A esses se dá o nome de “membros”; e, como se se tratasse de uma mão ou de um olho que é ocasião de pecado, manda arrancá-los do corpo, ou seja, da mesma sociedade da unidade, sendo melhor chegar à vida sem sua companhia que ir para a Geena com eles.

Separar-se deles consiste em não dar-lhes assentimento quando movem ao mal, isto é, quando são ocasião de pecado. E quando os bons com quem se relacionam chegam também a conhecer a dita perversidade, são afastados completamente da comum companhia e até da participação nos sacramentos divinos. Se, pelo contrário, apenas alguns a conhecem (a perversidade), enquanto que à maioria ainda é desconhecida esta maldade, hão de ser tolerados como se tolera a palha na eira antes do ancinho, de forma que nem se lhes dê assentimento, comungando assim em sua iniquidade, nem se abandone a sociedade por causa deles. Isto o fazem aqueles que têm sal em si mesmos e paz entre eles.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 475-477. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Para ler uma homilia de São Beda, o Venerável, para este domingo, clique aqui.

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