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sábado, 5 de junho de 2021

Ladainha do Sagrado Coração de Jesus meditada por João Paulo II (2)

Nas duas meditações dessa postagem o Papa reflete sobre as primeiras duas invocações da Ladainha:
Cor Iesu, Filii Patris aeterni, miserere nobis.
Cor Iesu, in sinu Virginis Matris a Spiritu Sancto formatum, miserere nobis.

Para acessar a apresentação e o sumário com os links de todas as postagens desta série, clique aqui.

3. Coração de Jesus, Filho do Pai eterno
Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe (I)
Ângelus do dia 02 de junho de 1985 - Solenidade da Santíssima Trindade

1. Coração de Jesus, Filho do Pai eterno, tende piedade de nós.
Hoje, primeiro domingo do mês de junho, a Igreja encontra no Coração de Cristo o acesso a Deus que é a Santíssima Trindade: ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
Este único Deus - Uno e Trino - é um mistério inefável da fé.
Verdadeiramente Ele “habita em uma luz inacessível” (1Tm 6,16).
E, ao mesmo tempo, o Deus infinito permitiu-se abraçar pelo Coração de um Homem, cujo nome é Jesus de Nazaré: Jesus Cristo. E através do Coração do Filho, Deus Pai se aproxima também de nossos corações e vem a eles.
Assim cada um de nós é batizado “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. Cada um de nós está, desde o início, imerso no Deus uno e trino: no Deus vivo, no Deus vivificante. A este Deus confessamos como Espírito Santo que, procedendo do Pai e do Filho, “dá a vida”.

2. O Coração de Jesus foi formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe.
Deus que “dá a vida” e “se entrega ao homem” começou a obra da sua economia salvífica fazendo-se homem.
Justamente na concepção virginal e no nascimento de Maria começa seu coração humano, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe.
A este Coração queremos venerar durante o mês de junho. Este Coração, hoje mesmo, queremos fazer-lhe singular fiduciário de nossos pobres corações humanos, dos corações provados de diversas maneiras, oprimidos de diversos modos. Mas também corações confiantes no poder do mesmo Deus e na potência salvífica da Santíssima Trindade.

3. Maria, Mãe Virgem, que conheces melhor que nós o Coração Divino de teu Filho, une-te a nós hoje nesta adoração à Santíssima Trindade e igualmente na humilde oração pela Igreja e pelo mundo.
Só tu és a guia da nossa oração.

4. Coração de Jesus, Filho do Pai eterno
Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe (II)
Ângelus do dia 02 de julho de 1989

1. Desejo retomar junto convosco a meditação sobre as riquezas do Coração Divino, continuando a reflexão já iniciada sobre a Ladainha dedicada ao Sagrado Coração de Jesus.
Uma das invocações mais profundas de tal Ladainha reza assim: Coração de Jesus, formado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Mãe, tende piedade de nós. Encontramos aqui o eco de um artigo central do Ceio, no qual professamos nossa fé em “Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus” que “desceu dos céus, e se encarnou pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e se fez homem”. A santa humanidade de Cristo é, por conseguinte, obra do Espírito Santo e da Virgem de Nazaré.

2. É obra do Espírito. Assim afirma explicitamente o evangelista Mateus, referindo as palavras do anjo a José: “ela (Maria) concebeu pela ação do Espírito Santo” (Mt 1,20). Afirma-o também o evangelista Lucas, recordando as palavras de Gabriel a Maria: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra” (Lc 1,35).
O Espírito plasmou a santa humanidade de Cristo: seu corpo e sua alma, com toda a inteligência, a vontade, a capacidade de amar. Em uma palavra, plasmou seu coração. A vida de Cristo foi posta inteiramente sob o sinal do Espírito. Do Espírito vem a sabedoria que enche de estupor os doutores da Lei e seus concidadãos, o amor que acolhe e perdoa os pecadores, a misericórdia que se inclina para a miséria do homem, a ternura que abençoa e abraça as crianças, a compreensão que alivia a dor dos aflitos. É o Espírito quem dirige os passos de Jesus, o sustém nas provações, sobretudo o guia em seu caminho para Jerusalém, onde oferecerá o sacrifício da Nova Aliança, graças ao qual se acenderá o fogo que Ele trouxe à terra (Lc 12,49).

3. Por outro lado, a humanidade de Cristo é também obra da Virgem. O Espírito plasmou o Coração de Cristo no seio de Maria, que colaborou ativamente com Ele como Mãe e como educadora:
- como Mãe, ela aderiu consciente e livremente ao projeto salvífico de Deus Pai, seguindo trêmula, em silêncio cheio de adoração, o mistério da vida que dela havia brotado e se desenvolvia;
- como educadora, ela plasmou o Coração do próprio Filho, introduzindo-o, junto com São José, nas tradições do povo eleito, inspirando-lhe o amor pela lei do Senhor, comunicando-lhe a espiritualidade dos “pobres do Senhor”. Ela o ajudou a desenvolver sua inteligência e seguramente influenciou a formação do seu temperamento. Mesmo sabendo que seu Menino a transcendia por ser Filho do Altíssimo” (cf. Lc 1,32), nem por isso foi menos solícita por sua educação humana (cf. Lc 2,51).
Portanto, podemos afirmar com verdade: no Coração de Cristo brilha a obra admirável do Espírito Santo; n’Ele estão também os reflexos do coração da Mãe. Seja o coração de cada cristão com o Coração de Cristo: dócil à ação do Espírito, dócil à voz da Mãe.

O Coração de Jesus no seio da Trindade (notem-se as mãos do Pai e a pomba do Espírito)
(Federico Laorga - Santuário de Torreciudad)

Fonte: Santa Sé - 02 de junho de 198502 de julho de 1989 (italiano; tradução nossa)

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