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segunda-feira, 19 de abril de 2021

Regina Coeli: III Domingo da Páscoa - Ano B

Papa Francisco
Regina Coeli
Domingo, 18 de abril de 2021

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Neste III Domingo de Páscoa voltamos a Jerusalém, ao Cenáculo, como que guiados pelos dois discípulos de Emaús, que tinham ouvido com grande emoção as palavras de Jesus ao longo do caminho e depois o reconheceram «ao partir o pão» (Lc 24,35). Agora, no Cenáculo, Cristo Ressuscitado apresenta-se no meio do grupo de discípulos, saudando-os: «A paz esteja convosco!» (v. 36). Mas eles, assustados e perturbados, pensaram que «viam um espírito», assim diz o Evangelho (v. 37). Então Jesus mostra-lhes as feridas do seu corpo e diz: «Vede as minhas mãos e os meus pés - as chagas - sou eu mesmo; palpai-Me e vede» (v. 39). E para convencê-los, pede comida e come-a sob os seus olhares atônitos (vv. 41-42).

Há aqui um detalhe nesta descrição. O Evangelho diz que os Apóstolos, «vacilando eles ainda e estando transportados de alegria», não acreditavam. Tal era a alegria que sentiam, que não podiam acreditar que o que viam era verdadeiro. E um segundo detalhe: ficaram estupefatos, surpreendidos; admirados pois o encontro com Deus leva sempre à admiração: vai além do entusiasmo, além da alegria, é outra experiência. E eles rejubilaram, mas um júbilo que os fez pensar: não, isto não pode ser verdade!... É o espanto da presença de Deus. Não vos esqueçais deste estado de espírito, que é tão bom.

Esta página do Evangelho é caracterizada por três verbos muito concretos, que num certo sentido refletem a nossa vida pessoal e comunitária: ver, tocar e comer. Três ações que podem proporcionar a alegria de um verdadeiro encontro com Jesus vivo.

Ver. «Vede as minhas mãos e os meus pés» - diz Jesus. Ver não é apenas olhar, é mais, requer também a intenção, a vontade. É por isso que é um dos verbos do amor. A mãe e o pai veem o filho, os amantes veem-se um ao outro; o bom médico vê o paciente com atenção... Ver é um primeiro passo contra a indiferença, contra a tentação de virar o rosto para o outro lado face às dificuldades e sofrimentos dos outros. Ver. Vejo ou olho para Jesus?

O segundo verbo é tocar. Convidando os discípulos a tocá-lo, a ver que ele não é um fantasma - Tocai em mim! - Jesus indica a eles e a nós que a relação com Ele e com os nossos irmãos não pode permanecer “à distância”, não existe um cristianismo à distância, não existe um cristianismo apenas ao nível do ver. O amor pede que se veja mas também a proximidade, pede contato, a partilha da vida. O Bom Samaritano não se limitou a olhar para o homem que encontrou meio morto ao longo do caminho: parou, inclinou-se, cuidou das suas feridas, tocou-o, carregou-o no seu cavalo e levou-o para a estalagem. O mesmo seja feito com o próprio Jesus: amá-lo significa entrar numa comunhão de vida, uma comunhão com Ele.

E chegamos ao terceiro verbo, comer, que exprime bem a nossa humanidade na sua natural indigência, ou seja, a necessidade de nos alimentarmos para viver. Mas comer, quando o fazemos juntos, em família ou entre amigos, torna-se também uma expressão de amor, uma expressão de comunhão, de festa... Quantas vezes os Evangelhos nos mostram Jesus a viver esta dimensão de convívio! Também como Ressuscitado, com os seus discípulos. Ao ponto que o Banquete eucarístico se tornou o sinal emblemático da comunidade cristã. Comer juntos o Corpo de Cristo: este é o centro da vida cristã.

Irmãos e irmãs, esta página do Evangelho diz-nos que Jesus não é um “fantasma”, mas uma Pessoa viva; que quando Jesus se aproxima de nós enche-nos de alegria, a ponto de não acreditar, e deixa-nos estupefatos, com aquele espanto que só a presença de Deus dá, porque Jesus é uma Pessoa viva. Antes de tudo, ser cristão não é uma doutrina ou um ideal moral, é a relação viva com Ele, com o Senhor Ressuscitado: vemo-Lo, tocamo-Lo, alimentamo-nos d’Ele e, transformados pelo seu Amor, vemos, tocamos e alimentamos os outros como irmãos e irmãs. A Virgem Maria nos ajude a viver esta experiência de graça.

Aparição do Ressuscitado aos Apóstolos
(Szymon Czechowicz, séc. XVIII)

Fonte: Santa Sé.

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