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quinta-feira, 25 de março de 2021

XXVII Catequese do Papa sobre a oração

Em suas Catequeses sobre a oração à luz do Catecismo da Igreja Católica, após as duas reflexões sobre a oração com a Trindade nos dias 03 de março e 17 de março, o Papa Francisco concluiu o tema do “caminho da oração” com a presença da Virgem Maria (nn. 2673-2679).

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 24 de março de 2021
A oração (27): Rezar em comunhão com Maria

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
A catequese de hoje é dedicada à oração em comunhão com Maria, e ocorre precisamente na véspera da Solenidade da Anunciação. Sabemos que a via mestra da oração cristã é a humanidade de Jesus. Com efeito, a confiança típica da oração cristã não teria sentido se o Verbo não tivesse se encarnado, doando-nos no Espírito a sua relação filial com o Pai. Na leitura (At 1,12-14) ouvimos falar daquela reunião dos discípulos, das mulheres piedosas e de Maria, que rezavam depois da Ascensão de Jesus: era a primeira comunidade cristã, que esperava o dom de Jesus, a promessa de Jesus.
Cristo é o Mediador, a ponte que atravessamos para nos dirigir ao Pai (cfCatecismo da Igreja Católica, 2674). É o único Redentor: não existem corredentores com Cristo. É o Mediador por excelência, é Mediador. Cada oração que elevamos a Deus é por Cristo, com Cristo e em Cristo, e realiza-se graças à sua intercessão. O Espírito Santo alarga a mediação de Cristo a todos os tempos e lugares: não há outro nome no qual podemos ser salvos (cfAt 4,12). Jesus Cristo: o único Mediador entre Deus e os homens.
Da mediação única de Cristo adquirem significado e valor as outras referências que o cristão encontra para a sua oração e devoção, em primeiro lugar à Virgem Maria, Mãe de Jesus.
Ela ocupa um lugar privilegiado na vida e, portanto, também na oração do cristão, porque é a Mãe de Jesus. As Igrejas do Oriente representaram-na frequentemente como a Hodigítria, aquela que “indica o caminho”, ou seja, o Filho Jesus Cristo. Vem-me à mente aquela bonita, antiga e simples pintura da Hodigítria na Catedral de Bari: Nossa Senhora mostra Jesus nu. Depois lhe vestiram uma camisa, para cobrir aquela nudez, mas na verdade Jesus é representado nu, para indicar que Ele, homem nascido de Maria, é o Mediador. E ela indica o Mediador: ela é a Hodigítria. Na iconografia cristã a sua presença está em toda a parte, às vezes até com grande destaque, mas sempre em relação ao Filho e em função d’Ele. As suas mãos, o seu olhar, a sua atitude são um “catecismo” vivo e indicam sempre o âmago, o centro: Jesus. Maria está totalmente voltada para Ele (cf. CIC, 2674). A tal ponto que podemos afirmar que é mais discípula do que Mãe. Aquela indicação, nas bodas de Caná, Maria diz: “Fazei o que Ele vos disser!”. Indica sempre Cristo; é a sua primeira discípula.
Este foi o papel que Maria desempenhou ao longo de toda a sua vida terrena e que conserva para sempre: ser a humilde serva do Senhor, nada mais. Em certa altura, nos Evangelhos, ela parece quase desaparecer; mas volta nos momentos cruciais, como em Caná, quando o Filho, graças à sua intervenção solícita, fez o primeiro “sinal” (cfJo 2,1-12), e depois no Gólgota, ao pé da Cruz.
Jesus estendeu a maternidade de Maria a toda a Igreja quando lhe confiou o discípulo amado, pouco antes de morrer na cruz. A partir daquele momento, fomos todos colocados debaixo do seu manto, como vemos em certos afrescos ou quadros medievais. Também na primeira antífona latina, Sub tuum praesidium confugimus, Sancta Dei Genitrix (À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus): Nossa Senhora que, como Mãe a quem Jesus nos confiou, envolve todos nós; mas como Mãe, não como deusa, não como corredentora: como Mãe. É verdade que a piedade cristã sempre lhe atribui títulos bonitos, como um filho à mãe: quantas palavras bonitas um filho dirige à sua mãe, a quem ama! Mas tenhamos cuidado: as belas palavras que a Igreja e os Santos dirigem a Maria em nada diminuem a singularidade redentora de Cristo. Ele é o único Redentor. São expressões de amor, como de um filho à mãe, às vezes exageradas. Contudo, como sabemos, o amor leva-nos sempre a fazer coisas exageradas, mas com amor.
E assim começamos a rezar a ela com algumas expressões que lhe são dirigidas, presentes nos Evangelhos: “cheia de graça”, “bendita entre as mulheres” (cf. CIC, 2676ss). Em breve, à oração da Ave-Maria seria acrescentado o título Theotokos, “Mãe de Deus”, sancionado pelo Concílio de Éfeso. E, analogamente ao que acontece no Pai-nosso, depois do louvor acrescentamos a súplica: pedimos à Mãe que reze por nós, pecadores, para que interceda com a sua ternura, “agora e na hora da nossa morte”. Agora, nas situações concretas da vida, e no momento final, a fim de que nos acompanhe - como Mãe, como primeira discípula - na passagem para a vida eterna.
Maria está sempre presente à cabeceira dos seus filhos que deixam este mundo. Se alguém se encontra sozinho e abandonado, ela é Mãe, está ali perto, tal como estava próxima do seu Filho quando todos o tinham abandonado.
Maria estava e está presente durante os dias da pandemia, perto das pessoas que infelizmente concluíram o seu caminho terreno em uma condição de isolamento, sem o conforto da proximidade dos seus entes queridos. Maria está sempre presente, ao nosso lado, com a sua ternura maternal.
As orações a ela dirigidas não são vãs. Mulher do “sim”, que aceitou prontamente o convite do Anjo, responde também às nossas súplicas, ouve as nossas vozes, até aquelas que permanecem fechadas no coração, que não têm a força para sair, mas que Deus conhece melhor do que nós mesmos. Ouve-as como Mãe. Como e mais do que todas as mães bondosas, Maria defende-nos nos perigos, preocupa-se conosco, até quando estamos ocupados com os nossos afazeres e perdemos o sentido do caminho, colocando em perigo não só a nossa saúde, mas a nossa salvação. Maria está presente reza por nós, reza por quem não ora. Reza conosco. Por quê? Porque ela é a nossa Mãe!


Fonte: Santa Sé

Para saber mais sobre sobre os ícones de Maria, incluindo o ícone da Hodigítria, clique aqui.

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