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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Raniero Cantalamessa: Pregação sobre São Gregório Nazianzeno

Na sequência de nossa publicação sobre as celebrações dos Santos Doutores da Igreja, propomos aqui a segunda das meditações do Padre Raniero Cantalamessa proferidas ao Papa e à Cúria Romana na Quaresma de 2012 e dedicadas a quatro Doutores do Oriente.

Hoje meditamos com São Gregório Nazianzeno sobre a fé na Trindade:

Pe. Raniero Cantalamessa, OFMCap
II pregação de Quaresma
16 de março de 2012

São Gregório Nazianzeno: Mestre de fé na Trindade

Em anos não distantes, tem-se havido propostas teológicas que, apesar das profundas diferenças entre elas, tinham um esquema de fundo comum, às vezes claro, às vezes implícito. Tal esquema é muito simples, porque redutivo. Os dois maiores mistérios da nossa fé são a Trindade e a Encarnação: Deus é uno e trino; Jesus Cristo é Deus e homem. A essência das propostas às quais me refiro diz assim: Deus é uno e Jesus Cristo é homem. Cai a divindade de Cristo e, com essa, a Trindade.
O resultado deste processo é que se acaba aceitando tacitamente e hipocritamente a existência de duas fés e de dois cristianismos diferentes, que só têm o nome em comum: o cristianismo do Credo da Igreja, das declarações ecumênicas conjuntas, nas quais, com as palavras do Símbolo Niceno-Constantinopolitano, continua a professar a fé na Santíssima Trindade e na plena divindade de Cristo; e o cristianismo de grandes segmentos da cultura, também exegética e teológica, nas quais estas mesmas verdades são ignoradas ou interpretadas de forma bastante diferente.
Neste clima, é particularmente oportuna uma revisitação dos Padres da Igreja, não só para conhecer o conteúdo do dogma no seu estado nascente, mas ainda mais para reencontrar a unidade entre a fé professada e a fé vivida, entre a “coisa” e o seu “enunciado”. Para os Padres, a Trindade e a unidade de Deus, a dualidade das naturezas e a unicidade da pessoa de Cristo não eram verdades para se discutir na teoria somente ou nos livros em diálogo com outros livros; eram realidades vitais. Parafraseando uma piada que circula nos ambientes esportivos, poderemos dizer que tais verdades não eram para eles questão de vida ou de morte: eram muito mais!

1. Gregório Nazianzeno, cantor da Trindade

O “gigante” sobre o qual queremos “subir nas costas” hoje é São Gregório Nazianzeno, o horizonte que queremos vasculhar com ele é a Trindade. É seu o grandioso quadro que mostra o desdobrar-se da revelação da Trindade na história e a pedagogia de Deus que se revela nela. O Antigo Testamento, escreve, proclama abertamente a existência do Pai e começa a anunciar veladamente aquela do Filho; o Novo Testamento proclama abertamente o Filho e começa a revelar a divindade do Espírito Santo; agora, na Igreja, o Espírito nos concede distintamente a sua manifestação e se confessa a glória da beata Trindade. Deus dosou a sua manifestação, adaptando-a aos tempos e à capacidade receptiva dos homens [1].
Esta divisão tríplice não tem nada a ver com a tese, conhecida sob o nome de Joaquim de Fiore, dos três períodos distintos: aquele do Pai no Antigo Testamento, aquele do Filho no Novo e aquele do Espírito na Igreja. A distinção de São Gregório se coloca na ordem da manifestação, não do ser ou do agir das Três Pessoas, que estão presentes e obram juntas em todo o arco do tempo.
São Gregório Nazianzeno recebeu da tradição o título de “o Teólogo” (hô theólogos), justo por causa da sua contribuição para a compreensão do dogma trinitário. O seu mérito foi ter dado à ortodoxia trinitária a sua formulação perfeita, com frases destinadas à se tornarem patrimônio comum da teologia. O símbolo pseudo-atanasiano “Quicumque”, composto aproximadamente um século depois, deve bastante a Gregório Nazianzeno.

São Gregório Nazianzeno

Eis algumas das suas fórmulas cristalinas: “Era, e era, e era: mas era um só. Luz e luz e luz: mas uma só luz. Isto é o que Davi imaginou quando disse: ‘Na tua luz veremos a luz’ (Sl 35,10). E agora nós a contemplamos e a anunciamos, da luz que é o Pai compreendendo a luz que é o Filho na luz do Espírito: eis a breve e concisa teologia da Trindade (...) Deus, se é que podemos falar de forma sucinta, é indivisível em seres divisíveis uns dos outros” [2].
A principal contribuição dos Capadócios na formulação do dogma trinitário é aquela de ter levado até o fim a distinção dos dois conceitos de ousia e hipóstase, substância e pessoa, criando a base conceitual permanente com a qual se exprime a fé na Trindade. Trata-se de uma das maiores inovações que a teologia cristã introduziu no pensamento humano. Dessa foi possível se desenvolver o moderno conceito de pessoa como relação. O lado fraco da sua teologia trinitária, e que eles mesmos se deram conta, era o perigo de conceber a relação entre a única substância divina e as três hipóstases do Pai, do Filho e do Espírito Santo da mesma forma que a relação que existe na natureza entre as espécies e os indivíduos (por exemplo, entre a espécie humana e os indivíduos homens), expondo-se assim às acusações de triteísmo [3].
Gregório Nazianzeno se esforça para responder a esta dificuldade, dizendo que cada uma das três pessoas divinas não é menos unida às outras duas do que é unida a si mesma [4]. Rejeita, pelo mesmo motivo, as semelhanças tradicionais de “fonte, riacho, rio” ou “sol, raio, luz” [5]. Ao final admite candidamente, porém, que prefere esse risco ao do modalismo: “É melhor - diz ele - ter uma ideia, talvez insuficiente, da união dos Três, do que ousar uma impiedade absoluta” [6].
Por que escolher São Gregório Nazianzeno como mestre de fé na Trindade? O motivo é o mesmo pelo qual escolhemos Atanásio como mestre de fé na divindade de Cristo. É que, para Gregório, a Trindade não é uma verdade abstrata, ou apenas um dogma; é a sua paixão, o seu ambiente vital, algo que vibra o seu coração só com a menção.
Os ortodoxos chamam-no de “o cantor da Trindade”. Isto corresponde perfeitamente ao que sabemos da sua personalidade humana. O Nazianzeno é um homem com um coração maior do que a mente, um temperamento exageradamente sensível, de modo a causar-lhe não poucos sofrimentos e decepções nos seus relacionamentos com os outros, começando com o seu amigo São Basílio.
É na sua produção poética que se revela sobretudo o seu entusiasmo pela Trindade. Ele usa expressões como “a minha Trindade”, “a amada Trindade” [7]. Gregório é um apaixonado da Trindade. Escreve sobre si mesmo:
“Desde o dia em que eu renunciei às coisas deste mundo para consagrar a minha alma às contemplações luminosas e celestiais, quando a inteligência suprema me sequestrou daqui de baixo para colocar-me distante de tudo o que é carnal, daquele dia os meus olhos foram ofuscados pela luz da Trindade... Da sua sublime sede ela espalha sobre todas as coisas o seu brilho inefável… A partir daquele dia eu estou morto para o mundo e o mundo está morto para mim” [8].
Basta comparar estas palavras com as expressões tecnicamente perfeitas, mas frias do Símbolo “Quicumque”, que se recitava há um tempo no Ofício Divino do domingo, para que nos demos conta da distância que separa a fé vivida pelos Padres daquela formal e repetitiva que se instaura depois deles, ainda que esta última possua também uma tarefa importante.

2. Não podemos viver sem a Trindade

Agora, como sempre, algumas reflexões sobre aquilo que os Padres podem oferecer-nos, neste campo, para uma renovação da nossa fé. Sabemos que a teologia ocidental sempre teve de se defender contra o risco do triteísmo do qual, temos visto, deve defender-se o Nazianzeno; o risco de enfatizar a unidade da natureza divina em detrimento da distinção das pessoas.

Sobre este terreno foi possível se desenvolver a visão deística de Descartes e dos Iluministas que prescinde totalmente da Trindade para concentrar-se unicamente em Deus, concebido como Ser supremo ou como “a divindade”. Kant chegou com isso à famosa conclusão de que “da doutrina trinitária, tomada literalmente, não é possível tirar nada de prático” [9]. Ela, em outras palavras, seria irrelevante para a vida dos homens e da Igreja.
Isto foi sem dúvida um dos fatores que aplainou o caminho do ateísmo moderno. Se tivesse permanecido viva na teologia a ideia do Deus Uno e Trino, antes de falar de um vago “Ser supremo”, não teria sido muito fácil para Feuerbach fazer triunfar a sua tese de que Deus é uma projeção que o homem faz de si mesmo e da própria essência. Que necessidade teria então o homem de dividir-se em três: em Pai, Filho e Espírito Santo? E em que sentido a Trindade pode ser a projeção e a sublimação que o espírito humano faz de si mesmo? É o vago deísmo que foi demolido por Feuerbach, não a fé no Deus Uno e Trino.
Mas se a visão latina da Trindade, por um lado, abre brecha para este desvio deístico, por outro lado contém o remédio mais eficaz contra ele. Nunca seremos o suficientemente gratos a Agostinho por ter feito o seu discurso da Trindade sobre a palavra de João: “Deus é amor” (1Jo 4,10). Deus é amor: por isso, conclui Agostinho, ele é Trindade! “O amor supõe um que ama, o que é amado e o mesmo amor” [10]. O Pai é, na Trindade, aquele que ama, a fonte e o princípio de tudo; o Filho é aquele que é amado; o Espírito Santo é o amor com o qual se amam.
Todo amor é amor de alguém ou de algo, como todo conhecimento, explicou Husserl, é conhecimento de algo. Não existe um amor “vazio”, sem objeto. Ora, quem ama a Deus, para ser definido amor? O homem? Mas então é amor só de apenas algumas centenas de milhões de anos. O universo? Mas então é amor somente de algumas poucas dezenas de bilhões de anos. E antes quem amava a Deus para ser amor? Os pensadores gregos e, em geral, as filosofias religiosas de todos os tempos, concebendo a Deus principalmente como um “pensamento”, podiam responder: Deus pensava a si mesmo; era “pensamento puro”, “pensamento de pensamento”. Mas isto não é possível, no momento em que se diz que Deus é antes de tudo amor, porque o “puro amor de si mesmo” seria então puro egoísmo, que não é exaltação máxima do amor, mas a sua total negação.
E aqui está a resposta da Revelação, explicitada pela Igreja com a sua doutrina da Trindade. Deus é amor desde sempre, ab aeterno, porque antes mesmo de que existisse um objeto fora de si para amar, tinha em si mesmo o Verbo, o Filho que amava com amor infinito, ou seja, “no Espírito Santo”. Isso não explica como a Unidade possa ser simultaneamente Trindade (isso é um mistério incognoscível por nós porque acontece somente em Deus), mas nos é suficiente, ao menos, intuir porque, em Deus, a Unidade deve ser também pluralidade, também Trindade.
Um Deus que fosse puro Conhecimento, ou pura Lei, ou puro Poder, não teria certamente necessidade de ser Trino (este fato complicaria ainda mais as coisas); mas um Deus que é acima de tudo Amor sim, porque “em menos de dois, não pode haver amor”. “É necessário - escreveu Henri de Lubac - que o mundo conheça: a revelação do Deus Amor perturba todo o conceito que ele tinha da divindade” [11].
Aquela do amor é certamente uma analogia humana, mas é sem dúvida aquela que melhor nos permite vislumbrar as profundezas misteriosas de Deus. Nisso se vê como a teologia latina integra aquela grega e as duas não podem dispensar-se mutuamente. O tema do amor está quase inteiramente ausente na teologia trinitária dos orientais que usam de preferência a analogia da luz. É necessário esperar Gregório Palamas para ler, no âmbito grego, algo análogo do que disse Agostinho sobre o amor na Trindade [12].
Alguns gostariam de colocar hoje entre parênteses o dogma da Trindade para facilitar o diálogo com as outras grandes religiões monoteístas. É uma operação suicida. Seria como tirar a espinha dorsal de uma pessoa para fazê-la caminhar mais facilmente! A Trindade está tão impressa na teologia, na Liturgia, na espiritualidade e em toda a vida cristã que renunciar a ela significaria iniciar outra religião, completamente diferente.
O que deve ser feito é, antes, como os Padres nos ensinam, tirar esse mistério dos livros de teologia e colocá-los na vida, de modo que a Trindade não seja só um mistério estudado e formulado corretamente, mas vivido, adorado, gozado. A vida cristã se desenvolve, do começo ao fim, no sinal e na presença da Trindade. Na aurora da vida, fomos batizados “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” e, no final, se tivermos a graça de uma morte cristã, ao nosso lado serão pronunciadas estas palavras: “Parte, alma cristã, deste mundo: em nome do Pai que te criou e do Filho que te redimiu e do Espírito Santo que te santificou”.
Entre estes dois momentos extremos, são colocados outros momentos assim chamados “de passagem” que, para um cristão, são marcados pela invocação da Trindade. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo os esposos são unidos em matrimônio e se trocam o anel, e os sacerdotes e os bispos são consagrados. Em nome da Trindade iniciavam uma vez os contratos, as sentenças e cada ato importante da vida civil e religiosa. A Trindade é o ventre do qual nascemos (cf. Ef 1,4) e é também o porto para o qual todos navegamos. É “o oceano de paz” do qual tudo jorra e no qual tudo flui.

3. “O Beata Trinitas!

São Gregório Nazianzeno deveria ter suscitado em nós o desejo ardente da Trindade: fazer dela a “nossa” Trindade, a “amada” Trindade, a “cara” Trindade. Alguns desses toques de sincera adoração e espanto sobressaem nos textos da Solenidade da Santíssima Trindade. Devemos fazê-los passar da Liturgia para a vida. Existe algo mais santo que podemos fazer com relação à Trindade do que buscar compreendê-la, e é entrar nela! Não podemos abraçar o oceano, mas podemos entrar nele; não podemos abraçar o mistério da Trindade com a nossa mente, mas podemos entrar nele!
A “porta” para entrar na Trindade é só uma: Jesus Cristo. Com a sua Morte e Ressurreição ele inaugurou para nós um caminho novo e vivente para entrar no santo dos santos que é a Trindade (cf. Hb 10,19-20) e deixou-nos os meios para poder segui-lo nesta viagem de retorno. O primeiro e mais universal é a Igreja. Quando se quer atravessar um braço de mar, dizia Agostinho, a coisa mais importante não é estar na margem e aguçar a visão para ver o que há do outro lado, mas é subir na barca que leva até a margem. E também para nós a coisa mais importante não é especular sobre a Trindade, mas permanecer na fé da Igreja que vai em direção a ela [13].
Na Igreja, a Eucaristia é o meio por excelência. A Missa é uma ação trinitária do início ao fim; começa em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e termina com a bênção do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Essa é a oferta que Jesus, Cabeça e Corpo Místico, faz de Si mesmo ao Pai no Espírito Santo. Através dele, entramos realmente no coração da Trindade.
Para os irmãos ortodoxos, um importante meio para entrar no mistério é o ícone. A Trindade de Rublev é uma síntese visual da doutrina trinitária dos Capadócios, particularmente de Gregório Nazianzeno. Nela percebe-se, em igual medida, movimento incessante e quietude sobre-humana, transcendência e condescendência. O dogma da Unidade e Trindade de Deus é expresso pelo fato de que as figuras presentes são três e bem distintas, mas muito semelhantes entre elas. Estão idealmente contidas dentro de um círculo que destaca a sua unidade; mas com o seu diverso movimento e disposição proclamam também a sua distinção. O santo, para cujo mosteiro foi pintado o ícone, São Sérgio de Radonezh, havia se distinguido na história russa por ter trazido a unidade entre os líderes em desacordo entre si e de ter tornado assim possível a libertação da Rússia pelos tártaros que a tinham invadido. O seu lema - que Rublev tem se esforçado para interpretar o ícone - era: “Contemplando a Santíssima Trindade, vencer a discórdia odiosa deste mundo”. São Gregório Nazianzeno tinha expressado um pensamento semelhante nestes versos que parecem o seu testamento espiritual:
“Busco a solidão, um lugar inacessível para o mal,
onde com mente única buscar o meu Deus
e aliviar a minha velhice com a doce esperança do céu.
O que vou deixar à Igreja? Vou deixar as minhas lágrimas! (...)
Dirijo o meu pensamento para a morada que não conhece ocaso,
para a minha querida Trindade, única luz,
da qual só a sombra escura me comove agora” [14].
A espiritualidade latina não é menos rica de ajuda para fazer da Trindade um mistério próximo, amado. Ela também insiste sobre o movimento oposto: não nós que entramos na Trindade, mas a Trindade que entra em nós. Na tradição ortodoxa, a doutrina da inabitação é referida de preferência à pessoa do Espírito Santo. É a teologia latina que desenvolveu, em todo o seu potencial, a doutrina bíblica da inabitação de toda a Trindade na alma: “O meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos morada”. (Jo 14,23). Pio XII reservou para ela um lugar na sua Mystici Corporis, dizendo que graças a ela nós “participamos desde agora na alegria e na bem aventurança da Trindade” [15].
São João da Cruz diz que “o amor [que] foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” (Rm 5,5) não é nada mais do que o amor com o qual o Pai, desde sempre, ama o Filho. É um transbordamento do amor divino da Trindade para nós. Deus comunica à alma “o mesmo amor que comunica ao Filho, mesmo que isso não ocorra naturalmente, mas por união... A alma participa de Deus, cumprindo, junto com Ele, a obra da Santíssima Trindade” [16]. A Beata Elisabeth da Trindade nos sugere um método simples para traduzir tudo isso num programa de vida: “Todo o meu exercício consiste em entrar em mim mesma e perder-me nos Três que estão lá” [17].
Eu vejo nisso uma razão a mais, e entre as mais profundas, para evangelizar. Lia dias atrás, na Liturgia das Horas, as palavras de Deus em Isaías: “Eis para quem estão voltados meus olhos: para quem é humilde, que tem o espírito aflito e treme diante da minha palavra” (Is 66,2). Fiquei impressionado com um pensamento. Eis, disse a mim mesmo, em que consiste a grande diferença entre quem é batizado e quem não o é: sobre quem não é batizado, Deus “dirige o olhar”, está presente intencionalmente, com o seu amor e a sua providência; em quem é batizado, Ele não dirigem somente o olhar, mas vem habitar nele pessoalmente, e mais: com todas as três Pessoas Divinas. É verdade que uma presença intencional correspondida pode ser mais aceitável a Deus do que uma presença batismal negligenciada ou recusada (e isso deve encher-nos de humildade e responsabilidade), mas seria ingratidão não reconhecer a diferença que faz ser ou não ser cristãos.
Terminamos a recitando juntos a doxologia que conclui o Cânon da Missa e que constitui a mais breve e a mais densa oração trinitária da Igreja: “Por Cristo, com Cristo, em Cristo, a vós, Deus Pai Todo-poderoso, na unidade do Espírito Santo, toda honra e toda a glória agora e para sempre. Amém”.


Notas:
[1] cf. Gregório Nazianzeno, Oratio, 31, 26. trad it.: C. Moreschini, I cinque discorsi teologici, Roma, Città Nuova, 1986.
[2] Oratio 31, 3.14.
[3] cf. Basílio, Epístola 236,6.
[4] Gregório Nazianzeno, Oratio. 31,16.
[5] ibid. 31, 31-33.
[6] ibid. 31, 12.
[7] Gregório Nazianzeno, Poemata de seipso, I,15; I, 87; PG 37, 1251 s.; 1434.
[8] ibid., I,1; PG 37, 984-985.
[9] I. Kant, Il conflitto delle facoltà, A 50 (WW, ed. W. Weischedel, VI, p.303).
[10] Agostinho, De Trinitate, VIII, 10, 14.
[11] H. de Lubac, Histoire et Esprit, Aubier, Parigi, 1950, cap. 5.
[12] Gregório Palamas, Capita physica, 36 (PG 150, 1144s).
[13] Agostinho, De Trinitate, IV,15,30; Confessioni, VII, 21.
[14] Gregório Nazianzeno, Poemata de seipso, I,11 (PG 37, 1165s).
[15] Pio XII, Mystici Corporis, AAS, 35, 1943, pp. 231s.
[16] São João da Cruz, Cantico spirituale A, strofa 38.
[17] Elisabeth da Trindade, Lettere, 151 (Scritti, Roma, 1967, p. 274).

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