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domingo, 7 de fevereiro de 2021

Festa das Cinco Chagas do Senhor: Ofício das Leituras

Conforme indicamos em nossa postagem sobre a história da devoção às “Santas Chagas”, reproduzimos aqui a 2ª leitura do Ofício das Leituras da Liturgia das Horas para a Festa das Cinco Chagas do Senhor, celebrada em Portugal no dia 07 de fevereiro, conforme divulgada no site do Secretariado Nacional de Liturgia.

Cumpre recordar que esta Festa não pode ser celebrada no Brasil, uma vez que só foi aprovada para Portugal. Não obstante, podemos meditar sobre seus textos em nossa oração pessoal ou mesmo adaptá-los em uma adoração ao Santíssimo Sacramento ou outro momento de oração comunitária.

AS CINCO CHAGAS DO SENHOR
2ª leitura do Ofício das Leituras

Das Homilias sobre o Evangelho de São João de São João Crisóstomo, Bispo (séc. IV)
(Hom. 87, 1: PG 59, 473-474)
Cristo manifesta-Se com as suas chagas após a Ressurreição

Se é pueril acreditar ao acaso e sem motivo, também é muito insensato querer examinar e inquirir tudo demasiadamente. E esta foi a sem-razão de Tomé. Perante a afirmação dos Apóstolos: «Vimos o Senhor», recusa-se a acreditar: não porque descresse deles, mas porque julgava impossível o que afirmavam, isto é, a Ressurreição de entre os mortos. Não disse: «Duvido do vosso testemunho», mas: «Se não meter a minha mão no seu lado, não acreditarei».
Jesus aparece segunda vez e não espera que Tomé O interrogue, ou Lhe fale como aos discípulos. O Mestre antecipa-se aos seus desejos, fazendo-lhe compreender que estava presente quando falou daquele modo aos companheiros. Na censura que lhe faz serve-Se das mesmas palavras e ensina como deverá proceder para o futuro. Depois de dizer: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; mete a tua mão no meu lado», acrescenta: «Não sejas incrédulo, mas crente». Tomé duvidou por falta de fé. Ainda não tinham recebido o Espírito Santo. Mas isso não voltaria a acontecer; a partir de então se manteriam firmes na fé. Cristo, porém, não ficou nesta admoestação e insistiu novamente. Tendo o discípulo caído em si e exclamado: «Meu Senhor e meu Deus», disse-lhe Jesus: «Porque Me viste, acreditaste. Felizes os que, sem terem visto, acreditaram».
É próprio da fé crer no que não se vê. «A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das que não se veem». Com efeito, o Divino Mestre chama felizes, não só os discípulos, mas também todos aqueles que no decurso dos tempos acreditarão n’Ele. Dirás talvez: Mas na verdade, os discípulos viram e creram. É certo; no entanto, não precisaram ver para acreditarem. Sem quaisquer exigências, bastou-lhes ver o sudário para logo aceitarem o ato da Ressurreição e acreditarem plenamente, antes mesmo de verem o corpo glorioso de Jesus. Portanto, se alguém disser: «Quem dera ter vivido no tempo de Jesus e contemplado os seus milagres», recorde as palavras: «Felizes os que, sem terem visto, acreditaram».
E aqui surge uma pergunta: Como pôde o corpo incorruptível conservar as cicatrizes dos cravos e ser tocado por mão mortal? Não é caso para espanto, pois se trata de pura condescendência da parte de Cristo. O seu corpo era tão puro, sutil e livre de qualquer matéria que podia entrar numa casa com as portas fechadas. Quis, porém, manifestar-Se deste modo, para que acreditassem na Ressurreição e soubessem que era Ele mesmo que fora crucificado, e não outro, quem tinha ressuscitado. Por este motivo conserva, na Ressurreição, os estigmas da cruz, e come na presença dos Apóstolos, circunstância esta que eles especialmente recordariam: «Nós que comemos e bebemos com Ele». Quer dizer: antes da Paixão, ao vermos Jesus caminhando sobre as ondas, não considerávamos o seu corpo de natureza diferente da nossa; também agora, ao vê-l’O com as cicatrizes, após a Ressurreição, devemos crer na sua incorruptibilidade.

Oração:
Deus de infinita misericórdia, que por meio do vosso Filho Unigênito, pregado na cruz, quisestes salvar todos os homens, concedei-nos que, venerando na terra as suas santas Chagas, mereçamos gozar no Céu o fruto redentor do seu Sangue. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amém.

O Ressuscitado exibe suas chagas aos Apóstolos


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