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segunda-feira, 6 de julho de 2020

Ângelus do Papa: XIV Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 5 de julho de 2020

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
O trecho do Evangelho deste Domingo (cf. Mt 11,25-30) articula-se em três partes: antes de mais, Jesus eleva um hino de louvor e de ação de graças ao Pai, porque revelou aos pobres e aos simples o mistério do Reino dos céus; depois revela a relação íntima e única entre ele e o Pai; e por fim convida-nos a andar com ele e a segui-lo para encontrar alívio.
Em primeiro lugar, Jesus louva o Pai, porque escondeu os segredos do seu Reino, da sua verdade, aos sábios e aos entendidos» (v. 25). Ele chama-os assim com um véu de ironia, porque eles presumem ser sábios, doutos, e por isso muitas vezes têm o coração fechado. A verdadeira sabedoria vem inclusive do coração, não é apenas a compreensão de ideias: a verdadeira sabedoria também entra no coração. E se sabes muitas coisas mas o teu coração está fechado, não és sábio. Jesus diz que seu Pai revelou os mistérios aos “pequeninos”, àqueles que confiantemente se abrem à sua Palavra de salvação, que abrem os seus corações à Palavra de salvação, sentem a necessidade d'Ele e esperam tudo d'Ele. O coração aberto e confiante para com o Senhor.
Então, Jesus explica que recebeu tudo do Pai, e chama-lhe “meu Pai”, para afirmar a singularidade da sua relação com Ele. De fato, só entre o Filho e o Pai existe reciprocidade total: um conhece o outro, um vive no outro. Mas esta comunhão única é como uma flor que desabrocha, para revelar gratuitamente a sua beleza e bondade. Eis portanto o convite de Jesus: «Vinde a mim...» (v. 28). Ele quer dar o que recebe do Pai. Ele quer dar-nos a verdade, e a verdade de Jesus é sempre gratuita: é um dom, é o Espírito Santo, a Verdade.
Assim como o Pai tem preferência pelos «pequeninos», também Jesus se dirige aos «cansados e oprimidos. De fato, coloca-se entre eles, porque é «manso e humilde de coração» (v. 29), assim diz Ele. Como na primeira e terceira bem-aventurança, a dos humildes ou pobres em espírito; e a dos mansos (cf. Mt 5,3.5): a mansidão de Jesus. Portanto Jesus, «manso e humilde», não é um modelo para os resignados, nem simplesmente uma vítima, mas é o Homem que vive «de coração» esta condição em plena transparência ao amor do Pai, ou seja, ao Espírito Santo. Ele é o modelo dos «pobres em espírito» e de todos os outros “bem-aventurados” do Evangelho, que cumprem a vontade de Deus e dão testemunho do seu Reino.
E depois, Jesus diz que se andarmos com Ele encontraremos alívio: o «alívio» que Cristo oferece aos cansados e oprimidos não é apenas alívio psicológico ou esmola, mas a alegria dos pobres por serem evangelizados e construtores da nova humanidade. Eis o alívio: a alegria, a alegria que Jesus nos dá. É única, é a alegria que Ele mesmo sente. É uma mensagem para todos nós, para todos os homens de boa vontade, que Jesus ainda hoje dirige a um mundo que exalta aqueles que são ricos e poderosos. Quantas vezes dizemos: “Ah, quem me dera ser como aquele, como aquela, que é rico, tem tanto poder, não lhe falta nada! O mundo exalta os ricos e poderosos, independentemente dos seus meios, e por vezes espezinha a pessoa humana e a sua dignidade. E vemos isto todos os dias, os pobres espezinhados. Trata-se uma mensagem para a Igreja, chamada a viver obras de misericórdia e a evangelizar os pobres, a ser mansa, humilde. O Senhor deseja que a sua Igreja, que somos nós, seja assim.
Maria, a mais humilde e nobre de todas as criaturas, nos implore de Deus a sabedoria do coração, para que possamos discernir os seus sinais na nossa vida e participar daqueles mistérios que, escondidos aos soberbos, são revelados aos humildes.


Fonte: Santa Sé

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