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sábado, 20 de junho de 2020

Papa Francisco acrescenta três invocações à Ladainha de Nossa Senhora

Na manhã deste sábado, 20 de junho (neste ano, Memória do Imaculado Coração de Maria) a Santa Sé divulgou uma Carta do Cardeal Robert Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, endereçada aos Presidentes das Conferências Episcopais, na qual ele comunica a decisão do Papa Francisco de inserir três invocações na Ladainha de Nossa Senhora.

Maria, Mãe de misericórdia

A Ladainha de Nossa Senhora também é chamada de “Ladainha Lauretana”, uma vez que foi bastante difundida através do Santuário de Loreto, na Itália, sobretudo em meados do século XVI. Sua origem, porém, é mais antiga.

A Ladainha é bastante associada à oração do rosário, embora, como afirma o Diretório sobre Piedade popular e Liturgia (n. 203), “é um ato cultual independente: pode ser um canto processional, fazer parte de uma celebração da Palavra de Deus ou outras estruturas cultuais” [1].

Embora não esteja diretamente associada a uma ação litúrgica, a Ladainha de Nossa Senhora é regulamentada pela Congregação para o Culto Divino, a fim de evitar que sejam introduzidas devoções “estranhas”, que possam gerar dúvidas entre os fiéis.

Foi através da Congregação que os Papas, sobretudo ao longo do último século, acrescentaram de maneira oficial algumas invocações à Ladainha. O último acréscimo foi feito por São João Paulo II com a invocação “Rainha da família”, inserida através da Carta do Prefeito da Congregação para o Culto Divino datada de 31 de dezembro de 1995 [2].

As três invocações inseridas pelo Papa Francisco são: “Mater misericordiae” (Mãe de misericórdia), “Mater spei” (Mãe da esperança) e “Solacium migrantium” (Conforto dos migrantes).

As duas primeiras já são bastante difundidas, tendo inclusive seus próprios formulários na Coletânea de Missas de Nossa Senhora: n. 39 (Santa Maria, Rainha e Mãe de misericórdia) e n. 37 (Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe da santa esperança) [3], além de serem referenciadas na célebre antífona “Salve, mater misericordiae”:


Na sequência segue a Carta na íntegra, em tradução livre:

Carta aos Presidentes das Conferências Episcopais
sobre as invocações “Mater misericordiae”, “Mater spei” e “Solacium migrantium
a inserir na Ladainha Lauretana

Do Vaticano, 20 de junho de 2020,
Memória do Imaculado Coração da Bem-aventurada Virgem Maria.

Excelentíssimo,
Peregrina rumo a Santa Jerusalém do céu, para gozar da comunhão inseparável com Cristo, seu Esposo e Salvador, a Igreja caminha através dos caminhos da história confiando-se Àquela que acreditou na Palavra do Senhor. Conhecemos pelo Evangelho que os discípulos de Jesus de fato aprenderam, desde o início, a louvar a “bendita entre as mulheres” e a contar com sua materna intercessão. Inumeráveis são os títulos e as invocações que a piedade cristã, no decorrer dos séculos, reservou à Virgem Maria, via privilegiada e segura do encontro com Cristo. Também no tempo presente, atravessado por motivos de incerteza e de perda, o devoto recurso a ela, cheio de afeto e de confiança, é particularmente querido pelo povo de Deus.
Intérprete de tal sentimento, o Sumo Pontífice Francisco, acolhendo os desejos expresso, deseja dispor que no formulário da Ladainha da Bem-aventurada Virgem Maria, chamada “Lauretana”, sejam inseridas as invocações “Mater misericordiae” (Mãe de misericórdia), “Mater spei” (Mãe da esperança) e “Solacium migrantium” (Conforto dos migrantes).
A primeira invocação será colocada após “Mater Ecclesiae” (Mãe da Igreja), a segunda depois de “Mater divinae gratiae” (Mãe da divina graça), a terceira depois de “Refugium peccatorum” (Refúgio dos pecadores).
Enquanto me alegro de comunicar a Vossa Excelência tal disposição para conhecimento e aplicação, aproveito a ocasião para manifestar-lhe a minha estima.
Do devotíssimo no Senhor,

Cardeal Robert Sarah - Prefeito
Arthur Roche - Arcebispo Secretário

Maria, Mãe da esperança

Notas:
[1] SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS. Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia. São Paulo: Paulinas, 2003, p. 172.

[2] cf. Revista Notitiae, n. 357 (1994, n. 4), pp. 189-190.
Outras inserções feitas pelos Papas foram:
Rainha concebida sem pecado original” pelo Papa Pio IX por ocasião da proclamação do dogma da Imaculada Conceição em 1854;
Rainha do santíssimo Rosário” pelo Papa Leão XIII em 1883, associando a Ladainha à recitação do rosário, particularmente no mês de outubro;
Rainha da paz” pelo Papa Bento XV durante a Primeira Guerra Mundial;
Rainha assunta ao céu” pelo Papa Pio XII por ocasião da proclamação do dogma da Assunção em 1950;
Mãe da Igreja” pelo Papa Paulo VI por ocasião da conclusão do Concílio Vaticano II em 1965.

[3] cf. Missas de Nossa Senhora. Edições CNBB: Brasília, 2016, pp. 203-206; pp. 193-196. Confira todas das Missas da Coletânea de Nossa Senhora clicando aqui.

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