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quinta-feira, 7 de maio de 2020

Liturgia na Exortação Ecclesia in America

Dando sequência à nossa série de postagens sobre a Liturgia nas Exortações Apostólicas dos Sínodos para os cinco continentes, celebrados entre 1994 e 1999 no contexto da preparação para o Grande Jubileu do ano 2000, depois de analisar a Exortação Ecclesia in Africa, contemplaremos aqui a Exortação ao continente americano.

Esta Assembleia Sinodal teve lugar em Roma de 16 de novembro a 12 de dezembro de 1997. O documento fruto desta Assembleia é a Exortação Ecclesia in America, promulgada em 22 de janeiro de 1999 durante uma visita do Papa João Paulo II ao Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, no México.

João Paulo II
Exortação Apostólica Pós-Sinodal Ecclesia in America
Sobre o encontro com Jesus Cristo vivo, caminho para a conversão, a comunhão e a solidariedade na América

Introdução

Já na Introdução do Documento o Papa destaca “as duas concelebrações solenes que eu mesmo presidi na Basílica de S. Pedro respectivamente na inauguração e no encerramento dos trabalhos da Assembleia”. À luz do tema da Exortação, o encontro com Cristo, o Pontífice destaca:

O contato com o Senhor ressuscitado, verdadeira, real e substancialmente presente na Eucaristia, constituiu o clima espiritual que permitiu a todos os Bispos da Assembleia Sinodal de se reconhecerem não só como irmãos no Senhor, mas também como membros do Colégio Episcopal, desejosos de seguir, sob a presidência do Sucessor de Pedro, as pegadas do Bom Pastor, servindo a Igreja peregrina em todas as regiões do Continente” (n. 04).

Capítulo I: O encontro com Jesus Cristo vivo
«Achamos o Messias» (Jo 1,41)

Ainda sobre o tema do encontro com Cristo, o n. 08, que apresenta os encontros com o Senhor no Novo Testamento, destaca o episódio dos discípulos de Emaús, com o seu alcance eucarístico:

Não resta dúvida de que S. Lucas, ao narrar este episódio, e especialmente o momento decisivo no qual os dois discípulos reconhecem a Jesus, alude explicitamente às narrações da instituição da Eucaristia, ou seja, ao comportamento de Jesus na Última Ceia (cf. Lc 24,30). O evangelista, para contar o que os discípulos de Emaús narram aos Onze, utiliza uma expressão que, na Igreja primitiva, possuía um preciso significado eucarístico: «O tinham reconhecido ao partir o pão» (Lc 24, 35)”.

Na sequência, o n. 09 ainda tratando dos encontros com o Senhor, aborda os encontros com os Apóstolos:

Eles são chamados a ser os anunciadores da Boa Nova e a desempenhar uma missão especial para construir a Igreja com a graça dos Sacramentos. Com esta finalidade eles recebem o necessário poder: Jesus lhes confere o poder de perdoar os pecados, invocando a plenitude do próprio poder que o Pai Lhe deu no céu e na terra (cf. Mt 28, 18). Eles serão os primeiros a receber o dom do Espírito Santo (cf. At 2,1-4) dom esse conferido depois a todos os que, pelos Sacramentos de iniciação, serão incorporados na Comunidade cristã (cf. At 2,38)”.

Depois de apresentar a Igreja como lugar do encontro com Cristo no n. 10, no n. 11 o Documento reflete sobre o papel da Virgem Maria, destacando um elemento muito importante para o continente americano: a devoção mariana, que toca inclusive a Liturgia. “A devoção à Mãe do Senhor, quando é autêntica, leva sempre a orientar a própria vida segundo o espírito e os valores do Evangelho”, sintetiza a Exortação.

Por fim, no que se refere a este primeiro capítulo, são apresentados dois outros grandes lugares de encontro com Cristo, já mencionados no relato dos discípulos de Emaús: a Palavra e a Liturgia. Depois de refletir sobre a Palavra, o Papa assim afirma da Liturgia:

Um segundo lugar de encontro com Jesus é a Sagrada Liturgia (25). Ao Concílio Vaticano II devemos uma riquíssima exposição da multíplice presença de Cristo na Liturgia, cuja importância deve ser objeto de constante pregação: Cristo está presente no celebrante que renova sobre o altar o mesmo e único sacrifício da Cruz; está presente nos sacramentos onde exerce sua força eficaz. Quando é proclamada a sua Palavra, é Ele mesmo que nos fala. Além disso, está presente na comunidade, como prometeu: «Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou Eu no meio deles» (Mt 18,20). Ele está presente «sobretudo sob as espécies eucarísticas» (Sacrosanctum Concilium, 7). O meu predecessor Paulo VI considerou necessário explicar a peculiariedade da presença real de Cristo na Eucaristia, que «é chamada “real”, não por exclusão, como se as outras não fossem “reais”, mas por antonomásia, porque é substancial» (Carta enc. Mysterium fidei). Sob as espécies do pão e do vinho, «encontra-se presente Cristo total na sua “realidade física”, inclusive corporalmente» (ibid.)” (n. 12).

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Capítulo II: O encontro com Jesus Cristo na América de hoje
«A quem muito se deu, muito será exigido» (Lc 12,48)


A primeira referência à Liturgia no segundo capítulo traz outra característica fundamental da identidade cristã americana: junto à devoção mariana há uma bem radicada piedade popular.

Uma característica particular da América consiste na existência de uma intensa piedade popular radicada nas diversas nações. Ela se encontra em todos os níveis e setores sociais, assumindo uma importância especial como lugar de encontro com Cristo para aqueles que, com espírito de pobreza e humildade de coração, buscam a Deus com sinceridade (cf. Mt 11,25). Numerosas são tais expressões de piedade: «As peregrinações aos Santuários de Cristo, da Bem-aventurada Virgem e dos Santos, a oração pelas almas do purgatório, o uso dos sacramentais (água, óleo, círios...). Estas e muitas outras expressões de piedade popular oferecem aos fiéis a oportunidade de encontrar a Cristo vivo». Os Padres Sinodais chamaram a atenção para a urgência de descobrir, nas manifestações da religiosidade popular, os verdadeiros valores espirituais, para enriquecê-los com os elementos da genuína doutrina católica, a fim de que tal religiosidade possa conduzir a um compromisso sincero de conversão e a uma experiência concreta de caridade. A piedade popular, se for convenientemente orientada, contribui também para aumentar nos fiéis a consciência da própria pertença à Igreja, nutrindo o seu fervor e oferecendo assim uma válida resposta para os desafios atuais da secularização” (n. 16).

Na sequência, o n. 17 destaca a presença das Igrejas católicas orientais na América (mencionadas também no n. 38). Segundo a Exortação, estas igrejas têm “a missão de dar testemunho de uma antiquíssima tradição doutrinal, litúrgica e monástica”.

Apenas no Brasil temos a presença de quatro igrejas orientais católicas: ucraniana (Arquieparquia de São João Batista em Curitiba e Eparquia da Imaculada Conceição em Prudentópolis), melquita (Eparquia de Nossa Senhora do Paraíso em São Paulo), maronita (Eparquia de Nossa Senhora do Líbano em São Paulo) e armênia (Exarcado da América Latina e México).

Por fim, aparece também neste capítulo o tema da crescente urbanização, que interpela inclusive a Liturgia:

Evangelizar a cultura urbana constitui um formidável desafio para a Igreja, que, assim como durante séculos soube evangelizar a cultura rural, da mesma forma é também chamada hoje a levar a cabo uma evangelização urbana metódica e capilar através da catequese, da Liturgia e do mesmo modo de organizar as próprias estruturas pastorais” (n. 21).

Capítulo III: Caminho de conversão
«Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos» (At 3, 19)

O capítulo III começa com o convite do Santo Padre e dos Padres Sinodais à conversão, “preparada e cultivada através da piedosa leitura da Sagrada Escritura e da prática dos sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia” (n. 26).

O n. 29 do Documento, por sua vez, recorda que este convite à santidade é dirigido a todos: “A oração, tanto pessoal como litúrgica, é dever de cada cristão”. E ainda:

A espiritualidade cristã alimenta-se, sobretudo, por uma constante vida sacramental, pois os Sacramentos são fonte e raiz inexaurível da graça de Deus necessária para amparar o fiel na sua peregrinação terrena. Tal vida deve ser integrada com os valores da piedade popular, valores estes que, por sua vez, serão enriquecidos pela vida sacramental e preservados do perigo de degenerar em hábitos rotineiros”.

No n. 32 a Exortação trata propriamente do tema do sacramento da Reconciliação, etapa fundamental em todo autêntico processo de conversão. Assim expressa-se o Documento:

Neste caminho de conversão e busca da santidade, «devem ser recomendados os meios ascéticos sempre presentes na praxe da Igreja, que culminam no Sacramento do perdão, recebido e celebrado com as devidas disposições». Só quem se reconciliou com Deus, é protagonista de autêntica reconciliação com e entre os irmãos.
A crise atual do sacramento da Penitência, da qual não está isenta a Igreja na América e sobre a qual expressei a minha preocupação desde o início do meu Pontificado, poderá ser superada graças também a uma ação pastoral assídua e paciente.
A este respeito, os Padres Sinodais pedem justamente «que os sacerdotes dediquem o devido tempo à celebração do sacramento da Penitência, e convidem com insistência e vigor os fiéis a recebê-lo, sem deixar eles próprios de recorrer pessoalmente e com frequência à confissão». Os Bispos e os sacerdotes experimentam pessoalmente o misterioso encontro com Cristo que perdoa no sacramento da Penitência, e são testemunhas privilegiadas do seu amor misericordioso” (n. 32).

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Capítulo IV: Caminho para a comunhão
«Para que todos sejam um, assim como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti» (Jo 17,21)

Chegando ao capítulo IV, que trata do tema da comunhão, encontramos dois parágrafos que relacionam este tema aos sacramentos. Primeiramente, o n. 34 reflete sobre os sacramentos da Iniciação Cristã:

A comunhão de vida na Igreja obtém-se mediante os sacramentos da iniciação cristã: Batismo, Confirmação e Eucaristia. O Batismo é a «porta de ingresso da vida espiritual; através dele, nos tornamos membros de Cristo e começamos a pertencer ao corpo da Igreja» (Conc. Ecum. de Florença, Bula de união Exultate Deo). Os batizados, ao receberem a Confirmação, «são mais perfeitamente vinculados à Igreja, enriquecidos com uma força especial do Espírito Santo e deste modo ficam obrigados a difundir e defender a fé por palavras e obras como verdadeiras testemunhas de Cristo» (Lumen gentium, 11). O itinerário da iniciação cristã alcança o seu coroamento e o seu ápice com a Eucaristia, pela qual o batizado insere-se plenamente no Corpo de Cristo (cf. Presbyterorum Ordinis, 5).
«Estes sacramentos são uma excelente oportunidade para uma boa evangelização e catequese, quando a sua preparação é confiada a agentes dotados de fé e competência». Apesar de haver nas diversas Dioceses da América um inegável progresso na preparação aos Sacramentos da iniciação cristã, os Padres Sinodais lamentaram que ainda «são muitos os que os recebem sem a suficiente formação». Por sua vez, no caso do Batismo das crianças, não se deve omitir um esforço catequético dirigido aos pais e aos padrinhos”.

Na sequência, o n. 35 aprofunda especificamente o tema da Eucaristia como sacramento de comunhão:

A realidade da Eucaristia não se esgota no fato de ser o Sacramento cume da iniciação cristã. Se o Batismo e a Confirmação têm a função de iniciar e introduzir na mesma vida da Igreja, e não são reiteráveis (cf. Conc. Ecum. Tridentino, Ses. VII, Decr. sobre os sacramentos em geral, cân. 9), a Eucaristia constitui o centro vivo e permanente, em volta do qual se congrega a inteira comunidade eclesial (cf. Lumen gentium, 26). Os diversos aspectos deste Sacramento refletem sua riqueza inesgotável: ele é, ao mesmo tempo, Sacramento-sacrifício, Sacramento-comunhão, Sacramento-presença (cf. João Paulo II, Redemptor hominis, 20).
A Eucaristia é o lugar privilegiado para o encontro com Cristo vivo. Por isso, os Pastores do Povo de Deus na América, mediante a pregação e a catequese, devem esforçar-se em «dar à celebração eucarística dominical uma nova força, como fonte e cume da vida da Igreja, garantia da comunhão no Corpo de Cristo e convite à solidariedade como expressão do mandato do Senhor: “Como Eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros” (Jo 13,34)» (cf. João Paulo II, Dies Domini, 69). Como sugerem os Padres Sinodais, tal esforço deve levar em consideração várias dimensões fundamentais. Primeiramente, é necessário despertar nos fiéis a consciência de que a Eucaristia é um dom imenso: isto os levará a fazer de tudo para participar nela, ativa e dignamente, pelo menos no domingo e nos dias de festa. Ao mesmo tempo, devem ser estimulados «os esforços dos sacerdotes para facilitar esta participação e torná-la possível às comunidades mais distantes». É necessário recordar aos fiéis que «a participação plena, consciente e ativa, apesar de essencialmente distinta do ofício do sacerdote ordenado, é uma atuação do sacerdócio comum recebido no Batismo» (cf. Sacrosanctum Concilium, 14; Lumen gentium, 10).
A necessidade de que os fiéis participem na Eucaristia e as dificuldades ligadas à escassez de sacerdotes manifestam a urgência de promover as vocações sacerdotais. É preciso também lembrar a toda a Igreja na América «o nexo existente entre a Eucaristia e a caridade», nexo que a Igreja primitiva exprimia unindo o ágape com a Ceia eucarística (cf. Apostolicam actuositatem, 8). A participação na Eucaristia deve levar a uma mais intensa ação caridosa, como fruto da graça recebida neste sacramento”.

Os parágrafos seguintes vão refletir sobre os sujeitos da comunhão, começando com os Bispos. Recorda-se aqui que “a diocese é a expressão visível da comunhão eclesial, que se forma na mesa da Palavra e da Eucaristia em torno ao Bispo” (n. 36).

Em seguida são recordados os presbíteros. O presbítero, “pelo sacramento da Ordem, é portador de graça, que distribui aos irmãos nos sacramentos. Ele próprio santifica-se no exercício do ministério” (n. 39).

O Documento convida os presbíteros a colocar no centro de sua atividade aquilo que é essencial para o seu ministério, isto é, “deixar-se configurar a Cristo, Cabeça e Pastor, fonte de caridade pastoral, oferecendo-se eles próprios, todos os dias, com Cristo na Eucaristia, para ajudar os fiéis a viver o encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo vivo» (cf. Presbyterorum Ordinis, 14)” (n. 39).

Ligados aos presbíteros aparecem na sequência os temas do seminário e da paróquia. Primeiramente, quanto aos seminários, pede-se “insistir especialmente sobre a formação especificamente espiritual, a fim de que com a constante conversão, a atitude de oração, o recurso aos sacramentos da Eucaristia e da Penitência, os candidatos se formem no encontro com o Senhor e se preocupem de fortalecer-se para o generoso trabalho pastoral” (n. 40).

Quanto à paróquia, reitera-se aqui seu papel como lugar da celebração dos sacramentos:

A paróquia deve continuar a ser acima de tudo comunidade eucarística. Este princípio implica que as paróquias são chamadas a ser acolhedoras e solidárias, lugar da iniciação cristã, da educação e da celebração da fé, abertas à variedade de carismas, serviços e ministérios (...)”.

Passando aos diáconos permanentes, recorda-se que, “amparados pela graça sacramental, no ministério (diaconia) da Liturgia, da Palavra e da caridade estão a serviço do Povo de Deus, em comunhão com o Bispo e o seu presbitério» (Lumen gentium, 29).

Quantos aos fiéis leigos, pede-se o reconhecimento dos seus ministérios e serviços, “baseados nos sacramentos do Batismo e da Confirmação, ressalvada porém a especificidade própria dos ministérios do Sacramento da Ordem” (n. 44).

Ainda sobre os fiéis leigos, destaca-se o valor da família cristã, assim como seus desafios, começando pela preparação ao Matrimônio:

(...) Tampouco se omita uma séria preparação dos jovens antes do casamento, na qual seja apresentada com clareza a doutrina católica sobre este sacramento, a nível teológico, antropológico e espiritual” (n. 46).

Neste mesmo parágrafo recorda-se o tema da oração em família, com referência também à frequência aos sacramentos:

Não falte na família a prática da oração realizada pelos cônjuges, em união com os filhos. Devem ser favorecidos, a este respeito, momentos em comum de vida espiritual: a participação à Eucaristia nos dias de preceito, a prática do sacramento da Reconciliação, a oração quotidiana em família e gestos concretos de caridade. Assim será consolidada a fidelidade no matrimônio e a unidade da família” (n. 46).

Por fim, aparece também o tema da comunhão com as outras Igrejas e comunidades eclesiais, “que se enraíza no Batismo administrado em cada uma delas (cf. Unitatis redintegratio, 3)” (n. 49). Dentre as propostas para o diálogo, encontra-se no mesmo parágrafo a referência à “oração em comum pela unidade e a participação na Palavra de Deus e na experiência da fé em Cristo vivo”.

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Capítulo V: Caminho para a solidariedade
«Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros» (Jo 13,35)

No capítulo V encontramos apenas uma referência à Liturgia: ao tratar dos povos indígenas, o Documento recorda o tema da inculturação, inclusive da Liturgia:

(...) é indispensável formar agentes pastorais competentes, capazes de fazer uso de métodos já legitimamente «inculturados» na catequese e na Liturgia, evitando sincretismos que se apoiem numa exposição parcial da genuína doutrina cristã” (n. 64).

Capítulo VI: A missão da Igreja na América atual: A Nova Evangelização
«Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós» (Jo 20,21)

Por fim, no último capítulo da Exortação, centrado sobre o tema da nova evangelização, encontramos reiterado o compromisso dos fiéis leigos, fundamentado nos sacramentos da iniciação cristã:

(...) os fiéis leigos, precisamente por serem membros da Igreja, têm por vocação e por missão anunciar o Evangelho: para essa obra foram habilitados e nela comprometidos pelos sacramentos da iniciação cristã e pelos dons do Espírito Santo» (João Paulo II, Christifideles laici, 33). De fato, eles foram «feitos participantes, a seu modo, da função sacerdotal, profética e real de Cristo» (Lumen gentium, 31)” (n. 66).

No centro desta nova evangelização, esta a catequese, como indica a Exortação:

A catequese é um itinerário de formação na fé, na esperança e na caridade, que forma a mente e toca o coração, levando a pessoa a abraçar Cristo de modo pleno e completo. Introduz o crente mais plenamente na experiência da vida cristã, que inclui a celebração litúrgica do mistério da redenção e o serviço cristão aos outros” (n. 69).

Por fim, a última referência à Liturgia neste Documento encontra-se no n. 73, que trata do desafio das seitas. Diante deste desafio, a Exortação chama o continente americano a uma revisão dos seus métodos pastorais e a uma maior valorização dos aspectos positivos, tais como “uma religiosidade popular purificada, tornando assim mais viva a fé de todos os católicos em Jesus Cristo, através da oração e da meditação da Palavra de Deus oportunamente comentada”.

Além disso, recorda-se a necessidade de um cuidado com a dimensão espiritual, inclusive nas pregações feitas nas celebrações litúrgicas:

Por isso, é indispensável que todos se mantenham unidos a Cristo, por meio do anúncio querigmático jubiloso e visando a conversão, especialmente no caso da pregação na Liturgia. Uma Igreja que viva intensamente a dimensão espiritual e contemplativa, e que se dedique, com generosidade, a serviço da caridade, será testemunha de Deus sempre mais convincente para homens e mulheres em busca de um sentido para a própria vida” (n. 73).

Nossa Senhora de Guadalupe

Nos próximos meses analisaremos as Exortações para a Ásia, a Oceania e a Europa, respectivamente no início de julho, setembro e novembro. Acompanhe-nos!

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