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sábado, 18 de janeiro de 2020

Homilia: II Domingo do Tempo Comum - Ano A

Santo Hipólito de Roma
Sermão atribuído na Santa Teofania
A água e o Espírito

Jesus foi para onde João estava e recebeu dele o batismo. Coisa realmente admirável. A torrente inextinguível que alegra a cidade de Deus é lavada com um pouco de água. A fonte inacessível, que faz brotar a vida para todos os homens e que nunca se esgota, submerge-se em águas pequenas e temporais.
Aquele que se encontra presente em todas as partes e jamais se ausenta, Aquele que é incompreensível para os anjos e está longe dos olhares dos homens, aproximou-se do batismo quando Ele quis. O céu se abriu e veio uma voz do céu que dizia: Este é o meu Filho amado, meu predileto.
O amado produz amor, e a luz imaterial gera uma luz inacessível: “Este é o que se chamou filho de José, é meu Unigênito segundo a essência divina”.
Este é meu Filho amado: Aquele que passou fome e deu de comer a inumeráveis multidões; que trabalhava e confortava aos que trabalhavam; que não tinha onde reclinar a sua cabeça e tinha criado tudo com a sua mão; que sofreu e curava todos os sofrimentos; que recebeu bofetadas e deu ao mundo a liberdade; que foi ferido no costado e curou o costado de Adão.
Mas concede-me cuidadosamente a tua atenção: quero recorrer à fonte da vida, quero contemplar essa fonte medicinal.
O Pai da imortalidade enviou ao mundo o seu Filho, Palavra imortal, que veio aos homens para lavá-los com a água e o Espírito: e, para regenerar-nos com a incorruptibilidade da alma e do corpo, insuflou o espírito de vida e nos visitou com uma armadura incorruptível.
Se, portanto, o homem foi feito imortal, também será “deus”. E se enxerga feito “deus” pela regeneração do banho batismal, em virtude da água e do Espírito Santo, consequentemente também será co-herdeiro de Cristo após a ressurreição dentre os mortos.
Portanto, grito com voz de arauto: Vinde, tribos de todos os povos, ao batismo da imortalidade. Esta é a água unida com o Espírito, com a qual se rega o paraíso, se fecunda a terra, as plantas crescem, os animais se multiplicam e, finalmente, a água pela qual o homem regenerado se vivifica, com a qual Cristo foi batizado, sobre a qual desceu o Espírito Santo em forma de pomba.
E o que desce com fé a este banho de regeneração renuncia ao diabo e entrega-se a Cristo, renega o inimigo e confessa que Cristo é Deus, se livra da escravidão e se reveste da adoção, e volta do batismo tão reluzente como o sol, fulgurante de raios de justiça; e, o que é o mais alto dom, converte-se em filho de Deus e co-herdeiro de Cristo.
A Ele a glória e o poder, juntamente com o Espírito Santo, bom e vivificante, agora e sempre e pelos séculos dos séculos. Amém.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 117-118. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Cirilo de Alexandria para este domingo, clicando aqui.

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