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sábado, 11 de janeiro de 2020

Homilia: Festa do Batismo do Senhor - Ano A

Santo Ambrósio
Comentário sobre o Salmo 35
Ao encarnar-se não perdeu os atributos de sua grandeza

Creio que sobre a pobreza e os sofrimentos do Senhor temos citado os testemunhos muito válidos de dois santos, dos quais um viu e testemunhou, enquanto que o outro foi escolhido somente para testemunhar. Escutemos ainda novos testemunhos sobre a condição servil do Senhor, tirados destes testemunhos confiáveis, ou melhor, escutemos o que o próprio Senhor disse de si mesmo pela boca dos dois. Vejamos o que diz: Fala o Senhor, que desde o ventre me formou servo seu, para que lhe trouxesse a Jacó, para que lhe reunisse a Israel. Lembremos que assumiu a condição de servo para reunir o povo.
Eu estava - diz - nas entranhas maternas, e o Senhor pronunciou meu nome. Escutemos qual é o nome que o Pai lhe dá: Vede! A virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe porá por nome Emanuel, que significa “Deus conosco”. Qual é o nome de Cristo senão o de “Filho de Deus”? Escuta um novo texto. Anunciando sobre Maria a José. Também Gabriel tinha dito: Dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Escuta agora a voz de Deus: E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor das cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe que apascentará meu povo.
Observe o mistério: do seio da Virgem nasceu o que é Servo e Senhor ao mesmo tempo: Servo para trabalhar, Senhor para ordenar, a fim de implantar o reinado de Deus no coração do homem. Ambos são um. Não um do Pai e outro da Virgem, mas sim o mesmo que antes dos séculos foi gerado pelo Pai, e mais tarde se encarnará no seio da Virgem. Por isso é chamado Servo e Senhor: Servo por nós, mas pela unidade da natureza divina, Deus de Deus, príncipe de príncipe, igual de igual; pois o Pai não pode gerar um ser inferior a Ele e afirmar ao mesmo tempo que no Filho tem as suas complacências.
Grande coisa é para ti, diz, que sejas meu servo e restabeleças as tribos de Jacó. Emprega sempre termos adequados à sua dignidade: grande Deus e grande servo, pois ao encarnar-se não perdeu os atributos de sua grandeza, já que sua grandeza não tem fim. Portanto, é igual enquanto Filho de Deus, assumiu a condição de servo ao encarnar-se, sofreu a morte Aquele cuja grandeza não tem fim, porque o fim da lei é Cristo, e com isso se justifica a todo que crê, para que todos creiamos n’Ele e lhe adoremos com profundo afeto. Bendita servidão que a todos nos concedeu a liberdade; bendita servidão que lhe valeu o “nome acima de todo nome”; bendita humildade que fez com que ao nome de Jesus todo joelho se dobre no céu, na terra, no abismo, e toda língua proclame: Jesus Cristo é Senhor para a glória de Deus Pai.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 51-52. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Gregório Taumaturgo para esta Festa clicando aqui.

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