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sábado, 14 de dezembro de 2019

Homilia: III Domingo do Advento - Ano A

São Cirilo de Alexandria
Comentário sobre o Livro do Profeta Malaquias
Virá o Senhor e a sua doutrina superará a lei

Eis que envio o meu mensageiro para preparar o caminho diante de mim. Estas palavras proféticas foram oportunamente acomodadas ao mistério de Cristo. Deus Pai o tornou nosso Emanuel: justiça, santificação e redenção, purificação de toda maldade, libertação do pecado, desprezo de toda desonestidade, caminho para um jeito mais digno e santo de se viver e porta de acesso à vida eterna. Por Ele foram corrigidas todas as coisas, destruído o poder do diabo e reencontrada a justiça.
Eis que envio o meu mensageiro para preparar o caminho diante de mim. Estas palavras parecem anunciar o Batista, pois o próprio Cristo disse em outro lugar: É dele que está escrito: Eis que envio o meu mensageiro para preparar o caminho diante de ti. Isto mesmo o confirma o próprio São João, quando interpelava os que a ele recorriam para receber o batismo de conversão, dizendo: Eu vos batizo com água. Porém, depois de mim virá aquele do qual não sou digno nem de desatar a correia das sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo.
Repentinamente entrará no santuário do Senhor a quem vós buscais, o mensageiro da aliança que vós tanto desejais. Veja como Cristo veio repentinamente depois de seu precursor: manteve-se oculto a todos os judeus, aparecendo entre eles de forma súbita e inesperada.
Dizemos que o santo Batista é chamado de “anjo”: não por natureza, visto que ele nasceu de uma mulher, homem como nós, mas porque lhe foi confiada a missão de pregar-nos e anunciar-nos a Cristo, missão esta que é tipicamente angélica. João é “anjo” por ofício, não por condição angélica.
Diz-se que entrará no santuário, seja porque a Palavra se fez carne e nela habitou como em um santuário, santuário este que assumiu do castíssimo corpo da Santíssima Virgem; seja como homem completo, possuindo alma e corpo, e que segundo a fé foi formado sem intermediário pela Divina Providência; ou simplesmente por santuário podemos entender Jerusalém, como cidade santa e consagrada a Deus; ou também a Igreja da qual Jerusalém era a imagem. Além do mais, sua vinda ou presença, Cristo a promulgou através de muitas obras magníficas: Proclamando o Evangelho do Reino, curando as enfermidades e sofrimentos do povo, tal como está escrito. Entrará o Senhor - diz -, a quem vós buscais, os que dizeis em sua covardia: Onde está o Deus da justiça? Ele virá, pois, e sua doutrina superará a lei, os símbolos e as figuras, e será o mensageiro da aliança, outrora anunciada pela boca de Deus Pai. Em certa citação dos livros santos, diz-se ao sábio Moisés: Suscitarei um profeta como você dentre teus irmãos, porei minhas palavras em sua boca, e anunciará o que eu ordenar.
Que Cristo é o mensageiro do Novo Testamento o atesta Isaías ao dizer: Porque o calçado que pisa destemido e o manto manchado de sangue serão lançados ao fogo. Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado; a soberania repousa sobre seus ombros, e seu nome é: Conselheiro admirável. Conselheiro incontestável de Deus Pai.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 30-31. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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