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sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Sugestão de leitura: Ano Litúrgico - Matias Augé

Estamos nos aproximando do fim do Ano Litúrgico, que tem seu coroamento na Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo. Por isso, nossa sugestão de leitura deste mês de novembro traz uma obra que trata justamente deste tema.

Trata-se do livro “Ano Litúrgico: É o próprio Cristo presente na sua Igreja”, de autoria do Padre Matias Augé, publicada este ano em português pela Editora Paulinas.

Membro da Congregação dos Missionários Claretianos, o Padre Matias Augé foi por muitos anos professor do Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo e da Pontifícia Universidade Lateranense de Roma.

Sua obra foi publicada originalmente em italiano pela Libreria Editrice Vaticana no ano de 2009, com o título: “L’Anno Liturgico - È Cristo stesso presente nella sua Chiesa”. O subtítulo da obra retoma o n. 150 da Encíclica Mediator Dei do Papa Pio XII sobre a Sagrada Liturgia (1947).


A seguir apresentamos brevemente cada um dos quatorze capítulos que compõem o livro:

Capítulo I: Premissas metodológias (pp. 19-30)
Este capítulo serve de introdução à obra, apresentando o conceito de Ano Litúrgico e traçando brevemente seu histórico.

Capítulo II: Tempo, história da salvação e Liturgia (pp. 31-55)
Aqui o autor reflete sobre o conceito de tempo, partindo de sua interdependência com o espaço, passando pelos seus três termos bíblicos (chronoskairós e aiôn) para chegar ao conceito de história da salvação e de sua atualização na Liturgia.

Capítulo III: O “mistério de Cristo” - “Mistério pascal” (pp. 57-76)
Neste capítulo reflete-se sobre o conteúdo da Liturgia: o mistério de Cristo. Partindo do conceito bíblico de mistério (mysterion) e passando pelas contribuições dos Padres da Igreja, Matias Augé chega ao conceito de mistério pascal em suas várias acepções (paixão, passagem, passar além e recapitulação), com ênfase na “redescoberta” do mistério pascal no Concílio Vaticano II.

Capítulo IV: O calendário litúrgico (pp. 77-86)
Este breve capítulo contém um pequeno histórico do calendário litúrgico e uma apresentação das reformas realizadas pelo Concílio Vaticano II.

Capítulo V: O Domingo, festa primordial dos cristãos (pp. 87-125)
O título deste capítulo remete ao n. 106 da Constituição Sacrosanctum Concilium, que define o domingo como “festa primordial dos cristãos”. Assim, na primeira parte do capítulo o autor analisa o conceito de festa em suas dimensões antropológica e teológica. A segunda parte, por sua vez, centra-se sobre o domingo, com ênfase nos testemunhos do Novo Testamento sobre sua celebração.

Capítulo VI: A celebração da Páscoa anual nos primeiros quatro séculos (pp. 127-140)
Após considerar a Páscoa semanal, o domingo, este capítulo abre a reflexão sobre a celebração anual da Páscoa com um retorno às suas raízes nos primeiros séculos do cristianismo, época em que consistia uma única celebração de todo o mistério pascal.

Capítulo VII: A celebração pascal do século IV ao século XVI (pp. 141-159)
A partir do século IV a celebração anual da Páscoa começa a dividir-se em vários dias e tempos (Tríduo Pascal, Semana Santa, Tempo Pascal e Quaresma), processo explorado neste capítulo.

Capítulo VIII: As celebrações pascais após o Concílio Vaticano II (pp. 161-201)
Concluindo a tríade de capítulos sobre a Páscoa anual, após percorrer o seu desenvolvimento histórico, Matias Augé chega à sua celebração hoje. Este capítulo está dividido em três partes, conforme os três momentos do Ciclo Pascal:

a) Tríduo Pascal: analisa-se cada uma das celebrações que compõem o Tríduo Pascal do Senhor Crucificado, Sepultado e Ressuscitado, ápice do Ano Litúrgico.

b) Tempo Pascal: Os cinquenta dias pascais são considerados em suas dimensões teológica (a Páscoa é tempo cristológico, pneumatológico, eclesial-sacramental e escatológico) e parenética, isto é, de exortação moral (com ênfase na abertura à ação do Espírito Santo).

c) Quaresma: O esquema anterior é agora usado para a Quaresma: analisa-se sua teologia a partir da ênfase de cada ciclo litúrgico (ano A: sacramental; ano B: cristológica; ano C: penitencial) e sua dimensão parenética ou moral, com ênfase nas boas obras especialmente recomendadas neste tempo (jejum, esmola, oração).

Cristo Pantocrator da Catedral de Cefalù (Itália):
Imagem da capa do livro

Capítulo IX: O tempo da manifestação do Senhor (pp. 203-247)
O esquema tripartido do capítulo anterior é aqui repetido para apresentar os três momentos do Ciclo do Natal ou da manifestação do Senhor:

a) Natal: Após percorrer brevemente a história da celebração do Natal, o autor apresenta suas dimensões teológica e parenética (com destaque aqui para os “convites” que o Natal nos faz: à paz, à alegria, à solidariedade...);

b) Epifania: Embora a Epifania não seja atualmente um tempo propriamente dito (fazendo parte do Tempo do Natal), esta solenidade é considerada aqui em sua história, teologia e exortação moral;

c) Advento: Por fim, o esquema história-teologia-parênese é aplicado ao tempo do Advento, período de preparação ao Natal do Senhor. A palavra-chave aqui, tanto em relação à teologia quanto à moral, é esperança.

Capítulo X: O tempo ordinário “durante o ano” (pp. 249-260)
Aqui a edição optou pela fidelidade ao texto italiano, traduzindo literalmente o “Tempo Ordinário”, que conhecemos em português como “Tempo Comum”. Após uma breve apresentação, a reflexão centra-se na leitura da Palavra de Deus, tanto nos domingos quanto nos dias de semana, elemento fundamental deste período do Ano Litúrgico.

Capítulo XI: As festas “de devoção” (pp. 261-280)
Este capítulo apresenta quatro festas do Senhor celebradas durante o Tempo Comum (e uma celebrada no Tempo do Natal), denominadas aqui “festas de devoção”, uma vez que têm sua origem na piedade popular: Santíssima Trindade, Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi), Sagrado Coração de Jesus, Cristo Rei do Universo e Sagrada Família. Cumpre dizer que faltam aqui algumas festas (como a Transfiguração do Senhor ou a Exaltação da Santa Cruz).

Capítulo XII: Maria na celebração do mistério de Cristo (pp. 281-302)
Após uma introdução sobre o culto a Maria em geral e um histórico das celebrações marianas, Matias Augé elenca as principais festas em honra da Virgem Maria após a reforma litúrgica do Vaticano II (Santa Mãe de Deus, Assunção, Imaculada Conceição).

Capítulo XIII: Os santos na celebração do mistério de Cristo (pp. 303-324)
Boa parte deste capítulo está dedicada à história do culto aos santos, sobretudo ao culto dos mártires no início da Igreja. Há espaço também para a reflexão sobre a teologia do culto aos santos, concluindo-se o tema com uma referência aos anjos.

Capítulo XIV: Teologia e espiritualidade do Ano Litúrgico (pp. 325-357)
No capítulo introdutório desta obra, Matias Augé comenta que a maioria dos tratados sobre o Ano Litúrgico carece de um capítulo conclusivo que sintetize sua teologia. Este é, justamente, o objetivo deste capítulo.
A teologia do Ano Litúrgico é estudada aqui retomando os conceitos de “história da salvação” e de “mistério de Cristo” apresentados nos primeiros capítulos. O Ano Litúrgico é, em seus diversos ritmos e ciclos, a celebração memorial do único mistério de Cristo.
Por fim, o autor tece algumas considerações finais sobre o Ano Litúrgico como itinerário de vida espiritual ao qual todos somos convidados.

Matias Augé

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