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sábado, 12 de outubro de 2019

Homilia: XXVIII Domingo do Tempo Comum - Ano C

São Máximo de Turim
Sermão 73
“Tudo para a glória de Deus”

O bom cristão deve louvar a seu Pai e Senhor, e deve procurar a sua glória em tudo, como diz o Apóstolo: Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus. Vede qual – diz o Apóstolo – deve ser o gênero de vida dos cristãos: alimentar-se mais da fé em Cristo que das grandes refeições, porque mais aproveita ao homem a frequente invocação do nome do Senhor que os variados e abundantes banquetes; a religião sacia mais do que a gordura dos animais! Fazei tudo, disse, para a glória de Deus. Portanto, todos os nossos atos devem ter a Cristo como testemunha e companheiro. Deste modo, fazendo o bem com a mão da qual é seu autor, evitaremos o mal em virtude de sua presença, já que nos envergonharíamos de realizar o mal sabendo que estamos associados a Cristo: Ele nos auxilia no bem e nos guarda do mal.
Assim que nos levantemos com a primeira luz do dia, antes de tudo devemos dar graças ao Salvador e, antes de fazer qualquer outra coisa, devemos manifestar-lhe nossa piedade, porque nos protegeu enquanto dormíamos e descansávamos. Por que quem, senão Deus, guarda o homem que dorme? De fato, o homem entregue ao sono carece de todo seu vigor e torna-se estranho a si mesmo, de forma que nem ele sabe onde esteve e, portanto, não pode cuidar de si mesmo. Disto tudo se conclui que é necessária a assistência de Deus aos que dormem, já que eles não podem defender-se por si próprios. Ele guarda aos homens das ciladas noturnas, porque não existe nenhum outro homem que o faça. Deste modo, devo estar agradecido Àquele que vela por mim enquanto durmo com segurança. Assim, aqueles que vão para a cama Ele os acolhe no regaço do descanso, os esconde no tesouro da paz, e os oculta da luz protegendo-os com um véu de sombra, a fim de que a malícia dos homens, que não pode ser combatida com benignidade, perca-se nas trevas; e a obscuridade conceda aos que se encontram cansados a paz que a humanidade não lhes concede; porque os homens, quando não sabem quem é o seu adversário, concedem de má vontade a paz que não queriam.
Devemos, pois, dar graças a Cristo quando nos levantamos, e fazer todas as obras do dia na presença do Salvador. Acaso quando eras pagão não sabias perscrutar os sinais para conhecer quais eram mais favoráveis? Agora é muito mais fácil: somente na presença de Cristo está a prosperidade de todas as coisas! Aquele que semeia com este sinal colherá o fruto da vida eterna. Aquele que começa a caminhar com este sinal chegará até o céu. Assim, todos os nossos atos devem estar presididos pelo nome de Cristo, e a Ele devemos referir todas as ações de nossa vida, como diz o Apóstolo: n’Ele vivemos, nos movemos e somos.
E quando declinar o dia, devemos louvá-lo e cantar a sua glória, para que mereçamos o descanso como vencedores na labuta de nossas obrigações e o sono seja a palma da vitória por nossos trabalhos.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 735-736. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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