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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Catequese do Papa: A viagem aos Emirados Árabes

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 06 de fevereiro de 2019

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Nos últimos dias fiz uma curta Viagem Apostólica aos Emirados Árabes Unidos. Uma viagem curta mas muito importante que, unindo-se ao encontro de 2017 em Al-Azhar, Egito, escreveu uma nova página na história do diálogo entre cristianismo e islamismo e no compromisso de promover a paz no mundo com base na fraternidade humana.
Pela primeira vez, um Papa foi para a península arábica. E a Providência quis que fosse um Papa chamado Francisco, 800 anos depois da visita de São Francisco de Assis ao sultão al-Malik al-Kamil. Muitas vezes pensei em São Francisco durante essa viagem: ele me ajudou a guardar no coração o Evangelho, o amor de Jesus Cristo, enquanto eu vivia os vários momentos da visita; em meu coração há o Evangelho de Cristo, a oração ao Pai por todos os seus filhos, especialmente pelos mais pobres, pelas vítimas das injustiças, das guerras, da miséria… oração para que o diálogo entre cristianismo e islamismo seja um fator decisivo para a paz no mundo de hoje.
Agradeço sinceramente ao Príncipe Herdeiro, ao Presidente, ao Vice-Presidente e a todas as Autoridades dos Emirados Árabes Unidos, que me receberam com grande cortesia. Esse país cresceu muito nas últimas décadas: tornou-se uma encruzilhada entre Oriente e Ocidente, um “oásis” multiétnico e multirreligioso e, portanto, um local adequado para promover a cultura do encontro. Exprimo a minha viva gratidão ao Bispo Paul Hinder, Vigário Apostólico da Arábia do Sul, que preparou e organizou o evento para a comunidade católica, e meu “obrigado” estende-se com afeto aos sacerdotes, religiosos e leigos que animam a comunidade católica e presença cristã naquela terra.
Tive a oportunidade de saudar o primeiro padre – com noventa anos – que foi aos Emirados Árabes para fundar tantas comunidades. Ele está na cadeira de rodas, cego, mas o sorriso não sai de seus lábios, o sorriso de ter servido ao Senhor e de ter feito tão bem. Eu também encontrei a outro padre de noventa anos – mas esse caminha e continuar a trabalhar. Bravo! – e muitos outros sacerdotes que estão a serviço das comunidades cristãs: do rito latino, dos rituais siro-malabares, sírio-malankares, do rito maronita que vem do Líbano, Índia, Filipinas e outros países.
Além dos discursos, em Abu Dhabi foi dado um passo a mais: o Grande Imam de Al-Azhar e eu assinamos o documento sobre a Fraternidade Humana, no qual juntos afirmamos a vocação comum de todos os homens e mulheres a serem irmãos como filhos e filhas de Deus. Condenamos todas as formas de violência, especialmente aquelas revestidas de motivação religiosa, e nos comprometemos a difundir os valores autênticos e a paz em todo o mundo. Este documento será estudado em escolas e universidades em vários países. Mas também eu recomendo que vocês o leiam, o conheçam, porque dá tanta motivação para avançar no diálogo sobre a fraternidade humana.
Em uma época como a nossa, em que a tentação de ver um choque entre civilizações cristãs e islâmicas é forte, e também de considerar as religiões como fontes de conflito, quisemos dar um sinal mais claro e decisivo, que em vez disso é possível se encontrar, é possível se respeitar e dialogar, e que, apesar da diversidade de culturas e tradições, o mundo cristão e islâmico apreciam e protegem valores comuns: a vida, a família, o sentido religioso, a honra por os idosos, a educação dos jovens e outros ainda.
Cerca de um milhão de cristãos vivem nos Emirados Árabes Unidos: trabalhadores de vários países asiáticos. Ontem de manhã, encontrei uma representação da comunidade católica na Catedral de São José, em Abu Dhabi – um templo muito simples – e, depois dessa reunião, celebrei a Santa Missa para todos. Eles eram muitos! Eles dizem que entre os que estavam dentro do estádio, que tem capacidade para 40 mil pessoas, e aqueles que estavam na frente dos telões do lado de fora do estádio, foram 150 mil! Celebrei a Eucaristia no estádio da cidade, anunciando o Evangelho das Bem-aventuranças. Na Missa, concelebrada com os Patriarcas, os Arcebispos Maiores e os Bispos presentes, rezamos de maneira especial pela paz e pela justiça, com especial intenção no Oriente Médio e no Iêmen.
Queridos irmãos e irmãs, esta viagem pertence às “surpresas” de Deus, por isso louvamos a Ele e à sua Providência, e rezemos para que as sementes dispersas produzam frutos segundo a sua santa vontade.


Fonte: O Catequista

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