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sábado, 15 de dezembro de 2018

Homilia: III Domingo do Advento - Ano C

Orígenes
Sermão sobre o Evangelho de São Lucas
“Sejamos um edifício sólido, que nenhuma tormenta consiga derrubar”

O batismo de Jesus é um batismo no Espírito Santo e no fogo. Se você é santo, será batizado no Espírito; se pecador, será submetido no fogo. Um mesmo e idêntico batismo se converterá para os indignos e pecadores em fogo de condenação, enquanto que aos santos, aos que com fé íntegra se convertem ao Senhor, se concederá a eles a graça do Espírito Santo e a salvação.
Contudo, aquele de quem se afirma que batiza com o Espírito Santo e com fogo, tem na mão o ancinho para ventar sua eira, reunir seu trigo no celeiro, e queimar a palha em um fogo que não se apaga. Quisera descobrir a razão pela qual nosso Senhor tem o ancinho, e qual é esse vento que, ao soprar, dispersa por onde quiser a palha leve, enquanto que o grão de trigo cai por seu próprio peso em um mesmo lugar: de fato, sem o vento não é possível separar o trigo da palha.
Penso que aqui o vento designa as tentações que, no confuso acervo dos crentes, demonstram quem é a palha e quem é o grão. Pois quando tua alma sucumbiu a uma tentação, não é que a tentação te converta em palha, mas, sendo palha como tu eras, isto é, sorrateiro e incrédulo, a tentação revelou o teu verdadeiro ser. E, por outro lado, quando com coragem suportas as tentações, não é que a tentação te faça fiel e paciente, mas essas virtudes da paciência e da fortaleza, que abrigavas no teu interior, mostraram-se reluzentes com a prova: Pensas, diz o Senhor, que ao falar-te assim eu tinha outra finalidade além de manifestar tua justiça? E em outro lugar: Tenho-te feito passar fome para te afligir, para pôr-te à prova e conhecer as tuas intenções.
De forma semelhante, a tempestade não permite que se mantenha em pé uma casa construída sobre a areia; portanto, se te dispõe a construir, constrói sobre a rocha. A tempestade em andamento não conseguirá derrubar o que foi alicerçado sobre a rocha. Porém, o que foi edificado sobre a areia cambaleia, demonstrando assim que não está bem alicerçado. Portanto, antes que a tormenta aconteça, antes que os ventos aumentem e os rios transbordem, enquanto tudo ainda está calmo, centremos toda a nossa atenção nos fundamentos na construção. Edifiquemos nossa casa com os variados e sólidos pilares dos preceitos divinos, de maneira que, quando se alargar a perseguição e aumentar a tormenta contra os cristãos, possamos demonstrar que nosso edifício está construído sobre a rocha, que é Cristo Jesus.
E se alguém, não o queira Deus, chegar a negá-lo, pense este tal que não negou a Cristo somente naquele momento em que se visualizou a negação, mas que já trazia entranhado em si os germes e as raízes da negação. No momento da negação se revelou sua realidade interior, saindo para a luz manifesta.
Oremos, pois, ao Senhor, para que sejamos um edifício sólido, que nenhuma tormenta consiga derrubar, fundamentado sobre a rocha, isto é, sobre nosso Senhor Jesus Cristo, a quem correspondem a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amém.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 533-534. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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