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sábado, 29 de dezembro de 2018

Ângelus: Festa de Santo Estêvão (2018)

Festa de Santo Estêvão, Protomártir
Papa Francisco
Ângelus
Quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Caros irmãos e irmãs, bom dia!
A alegria do Natal ainda inunda os nossos corações: continua a ressoar o maravilhoso anúncio de que Cristo nasceu para nós e traz a paz ao mundo. Neste clima de júbilo, hoje celebramos a festa de Santo Estêvão, diácono e protomártir. Poderia parecer estranho relacionar a memória de Santo Estêvão com o nascimento de Jesus, porque sobressai o contraste entre a alegria de Belém e o drama de Estêvão, apedrejado em Jerusalém na primeira perseguição contra a Igreja nascente. Na realidade não é assim, porque o Menino Jesus é o Filho de Deus que se fez homem, que salvará a humanidade morrendo na cruz. Agora contemplamo-lo envolvido em faixas no Presépio; depois da sua crucificação será novamente envolto em panos e colocado em um sepulcro.

Santo Estêvão foi o primeiro que seguiu os passos do Mestre divino mediante o martírio; morreu como Jesus, confiando a própria vida a Deus e perdoando os seus perseguidores. Duas atitudes: confiou a sua vida a Deus e perdoou. Enquanto o apedrejavam, disse: «Senhor Jesus, recebe o meu espírito!» (At 7,59). São palavras totalmente semelhantes às pronunciadas por Cristo na cruz: «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!» (Lc 23,46). A atitude de Estêvão, que imita fielmente o gesto de Jesus, é um convite a cada um de nós, a receber com fé das mãos do Senhor aquilo que a vida nos reserva de positivo e também de negativo. A nossa existência é marcada não apenas por circunstâncias felizes - sabemo-lo - mas inclusive por momentos de dificuldade e de desorientação. Mas a confiança em Deus ajuda-nos a aceitar os momentos difíceis e a vivê-los como ocasião de crescimento na fé e de construção de novas relações com os irmãos. Trata-se de nos abandonarmos nas mãos do Senhor que, como sabemos, é um Pai rico de bondade para com os seus filhos.

A segunda atitude, com a qual Estêvão imitou Jesus no momento extremo da cruz, é o perdão. Ele não amaldiçoa os seus perseguidores, mas reza por eles: «Posto de joelhos, exclamou em voz alta: “Senhor, não lhes imputes este pecado”» (At 7,60). Somos chamados a aprender dele a perdoar, a perdoar sempre, e não é fácil fazê-lo, todos o sabemos. O perdão dilata o coração, gera partilha, proporciona serenidade e paz. O protomártir Estêvão indica-nos o caminho a percorrer nos relacionamentos interpessoais, em família, nos lugares de escola e de trabalho, na paróquia e nas várias comunidades. Sempre abertos ao perdão! A lógica do perdão e da misericórdia é sempre vencedora e abre horizontes de esperança. Mas o perdão cultiva-se com a oração, que nos permite manter o olhar fixo em Jesus. Estêvão foi capaz de perdoar os seus assassinos porque, cheio de Espírito Santo, fitou o céu conservando os olhos abertos para Deus (cf. At 7,55). Da oração ele recebeu a força para padecer o martírio. Temos que rezar com insistência ao Espírito Santo para que derrame sobre nós o dom da fortaleza que cura os nossos temores, as nossas debilidades, a nossa pequenez, dilatando o coração para perdoar. Perdoar sempre!

Invoquemos a intercessão de Nossa Senhora e de Santo Estêvão: que a sua oração nos ajude a confiar-nos sempre a Deus, especialmente nos momentos difíceis, e nos ampare no propósito de sermos homens e mulheres capazes de perdoar.


Fonte: Santa Sé.

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