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quarta-feira, 30 de maio de 2018

Homilia: Corpus Christi - Ano B

São João Crisóstomo
Sermão sobre a Carta aos Efésios
Fez-nos seu corpo e nos deu o seu corpo

Visto que tratamos do corpo do Senhor, reflitamos quantos de nós participamos do corpo, quantos degustamos este sangue, que somos participantes do corpo que em nada difere ou se distingue daquele corpo de Cristo, porque degustamos daquele que está sentado no alto, e daquele que é adorado pelos anjos e que está junto da virtude incorruptível. Ai de mim! Quantos são os caminhos para a nossa salvação! Fez-nos seu corpo e nos deu o seu corpo, e, apesar de tudo, nada disto nos aparta do mal. Ó trevas, ó abismo profundo, ó insensibilidade! Degustai, diz, as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. E depois disto ainda há aqueles que estão preocupados pelo dinheiro, e outros que são escravos das paixões.

Não vês que até mesmo no nosso corpo se corta e amputa o que é inútil e supérfluo? E que a isto, uma vez amputado, morto, putrefato e corrompido, nada lhe aproveita o fato de ter pertencido ao corpo? Não nos fiemos de sermos uma vez do corpo. Se este corpo, apesar de ser algo natural, chega a dividir-se, que mal não padecerão as normas de vida se não permanecem firmes e estáveis? Quando o corpo não é partícipe deste alimento corporal, quando os canais estão entupidos, então morre; quando tem algum membro entrevado, então fica mutilado. Da mesma forma nós, quando fechamos os ouvidos, mutilamos nossa alma; quando não participamos do alimento espiritual, quando as maldades, como humores putrefatos, nos corrompem, tudo isto gera enfermidade, enfermidade grave, que atrai a decomposição, e depois se necessitará aquele fogo, será necessária a amputação. Porque Cristo não suportará entrar no tálamo com tal corpo. Se aquele ao qual ia vestido com um traje manchado o dispensa e lança fora, o que não fará com o que manchou o seu corpo? O que não lhe infligirá?

Vejo que muitos participam do Corpo do Senhor de forma temerária e rotineira, mais por costume e prescrição do que por consideração e desejo. Quando chegue, diz, o tempo da santa Quaresma, quem quer que seja, participa dos mistérios, e ocorre o mesmo no dia da Epifania. Contudo, este não é o momento de aproximar-se, porque a Epifania e a Quaresma não nos tornam dignos da aproximação, mas sim a pureza e a sinceridade de alma. Com estas virtudes aproxima-te sempre, e sem elas jamais. Quantas vezes, disse, fizerdes isto, anunciais a morte do Senhor. Isto é, recordais vossa salvação, meu benefício.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 519-250. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Para ler outra homilia de São João Crisóstomo para esta Solenidade, clique aqui.

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