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segunda-feira, 9 de abril de 2018

Meditações para a Via Sacra no Coliseu 2018

As meditações para a Via Sacra presidida pelo Papa Francisco na Sexta-feira Santa de 2018, que reproduzimos a seguir, foram preparadas por um grupo de jovens romanos:

Sexta-feira Santa
Via Sacra presidida pelo Papa Francisco
Coliseu, Roma - 30 de março de 2018
Meditações preparadas por um grupo de jovens

Introdução
Os textos das meditações sobre as quatorze Estações do rito da Via Sacra deste ano foram escritos por quinze jovens, com idades entre 16 e 27 anos, coordenados pelo Professor Andrea Monda. O fato encerra duas novidades principais: a primeira, que não tem paralelo nas edições passadas, diz respeito à idade dos autores, jovens e adolescentes (nove deles são alunos do Liceu de Roma Pilo Albertelli); a segunda novidade é a dimensão “coral” deste trabalho, sinfonia de muitas vozes com tonalidades e timbres diversos. Não existem “os jovens”, mas Valério, Maria, Margarida, Francisco, Clara, Greta...
Com o entusiasmo típico da sua idade, aceitaram o desafio que lhes foi proposto pelo Papa no âmbito deste ano de 2018, dedicado em geral à geração jovem. Fizeram-no segundo um método concreto de ação: reuniram-se ao redor de uma mesa e leram os textos da Paixão de Cristo nos quatro Evangelhos, colocando-se assim diante da cena da Via-Sacra e “viram-na”. Depois da leitura, respeitando o tempo necessário, cada um dos jovens manifestou o detalhe da cena que mais o impressionou e, deste modo, foi mais fácil e natural atribuir cada uma das Estações.

Jovens junto à cruz das Jornadas Mundiais da Juventude

Três palavras-chave, três verbos, cadenciam o desenvolvimento destes textos: antes de tudo - como já aludido - ver, depois encontrar e, finalmente, rezar.
Quando se é jovem, quer-se ver, ver o mundo, ver tudo. A cena de Sexta-feira Santa é poderosa, mesmo na sua atrocidade. Vê-la, pode instigar à repulsa ou então à misericórdia e, consequentemente, a ir ao encontro, precisamente como vemos, no Evangelho, Jesus fazer todos os dias, incluindo este dia, o último: encontra Pilatos, Herodes, os sumos-sacerdotes, os guardas, a sua mãe, o Cireneu, as mulheres de Jerusalém, os dois ladrões seus últimos companheiros de estrada. Quando se é jovem, tem-se a possibilidade diária de encontrar alguém, e cada encontro é novo, surpreendente. Envelhece-se, quando já não se quer ver ninguém, quando o medo que enclausura prevalece sobre a abertura confiante: o medo de mudar, porque encontrar significa mudar, estar pronto a retomar o caminho com olhos novos. Enfim, ver e encontrar impele a rezar, porque a visão e o encontro geram a misericórdia, mesmo num mundo que parece carente de piedade e, num dia como este, abandonado à fúria insensata, à covardia e à preguiça distraída dos homens.
Mas, se seguimos Jesus com o coração, mesmo pelo caminho misterioso da Cruz, então podem renascer a coragem e a confiança e, depois de ter visto e disponibilizar-se ao encontro, experimentaremos a graça de rezar, já não sozinhos, mas em conjunto.

I Estação: Jesus é condenado à morte

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,22-25)
Pilatos falou pela terceira vez: “Que mal fez este homem? Não encontrei nele nenhum crime que mereça a morte. Portanto, vou castigá-lo e o soltarei”. Eles, porém, continuaram a gritar com toda a força, pedindo que fosse crucificado. E a gritaria deles aumentava sempre mais. Então Pilatos decidiu que fosse feito o que eles pediam. Soltou o homem que eles queriam - aquele que fora preso por revolta e homicídio - e entregou Jesus à vontade deles.


Meditação (Valerio De Felice)
Eu te vejo, Jesus, diante do Governador, que tenta por três vezes opor-se à vontade do povo e, por fim, escolhe não escolher perante aquela multidão, a quem interpelara três vezes e sempre decidira contra ti. A multidão, isto é, todos e ninguém. Escondido na massa de povo, o homem perde a própria personalidade, é voz de outras mil vozes. Antes de renegar-te, renega-se a si mesmo, dissipando a sua responsabilidade na responsabilidade flutuante da multidão sem rosto. E todavia é responsável. Desencaminhado por amotinadores, pelo Mal que se propaga com voz insidiosa e ensurdecedora, é o homem a condenar-te.
Hoje horrorizamo-nos à vista de tal injustiça, e gostaríamos de aparecer alheios ao caso. Mas, procedendo assim, esquecemo-nos de todas as vezes em que fomos nós os primeiros a escolher salvar Barrabás ao invés de ti; de quando os nossos ouvidos ficaram surdos ao apelo do Bem; de quando preferimos não ver a injustiça à nossa frente.
Naquela praça repleta, teria sido suficiente que um só coração duvidasse, que uma só voz se erguesse contra as mil vozes do Mal. Sempre que a vida nos puser perante uma decisão, lembremo-nos daquela praça e daquele erro. Permitamos aos nossos corações duvidar e façamos com que nossa voz se levante.

Peço-te, Senhor: vela pelas nossas decisões, ilumina-as com a tua Luz, cultiva em nós a semente da dúvida: só o Mal é que nunca duvida. As árvores que afundam raízes no terreno, se regadas pelo Mal, murcham, mas tu puseste as nossas raízes no Céu e os ramos na terra, para te reconhecer e seguir.

Pai nosso...

Stabat Mater dolorosa, / iuxta crucem lacrimosa, / dum pendebat Filius.

II Estação: Jesus é carregado com a Cruz

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Marcos (Mc 8,34-35)
Jesus chamou a multidão com seus discípulos e disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la”.


Meditação (Maria Tagliaferri e Margherita Di Marco)
Eu te vejo, Jesus, coroado de espinhos, enquanto recebes a tua cruz. Tu a recebes como sempre recebeste tudo e todos. Carregam-te com o lenho, pesado, rude, mas não te rebelas, nem lanças para o lado esse instrumento injusto e ignóbil de tortura: o tomas sobre ti e começas a andar, levando-o aos ombros.
Quantas vezes me revoltei e zanguei contra as tarefas que recebi, sentindo-as pesadas ou injustas! Tu não procedes assim. Tens poucos anos a mais do que eu; hoje se diria que ainda és jovem, mas és dócil e tomas a sério o que a vida te oferece, cada ocasião que se apresenta a ti, como se quisesses saborear até ao fundo as coisas e descobrir que há sempre algo mais para além do que se vê, um significado oculto e surpreendente. Graças a ti, compreendo que esta cruz é de salvação e libertação, cruz de apoio quando tropeço, jugo leve, fardo que não esmaga.
Do escândalo da morte do Filho de Deus, morte de pecador, morte de malfeitor, nasce a graça de descobrir na dor a ressurreição, no sofrimento a glória, na angústia a salvação. A própria cruz, símbolo de humilhação e tristeza para o homem, revela-se agora, por graça do teu sacrifício, como uma promessa: de cada morte ressurgirá a vida e, em toda a escuridão, brilhará a luz. E podemos exclamar: «Salve ó cruz, única esperança!».

Peço-te, Senhor: faz que, à luz da Cruz, símbolo da nossa fé, possamos aceitar os nossos sofrimentos e, iluminados pelo teu amor, abraçar as nossas cruzes tornadas gloriosas pela tua Morte e Ressurreição. Dá-nos a graça de olhar de frente as nossas vicissitudes e descobri nelas o teu amor por nós.

Pai nosso...

Cuius animam gementem, / contristatam et dolentem / pertransivit gladius.

III Estação: Jesus cai pela primeira vez

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo. 

Do Livro do Profeta Isaías (Is 53,4)
A verdade é que Ele tomava sobre si nossas enfermidades e sofria, Ele mesmo, nossas dores; e nós pensávamos fosse um chagado, golpeado por Deus e humilhado!


Meditação (Caterina Benincasa)
Eu te vejo, Jesus, sofrendo, enquanto percorres o caminho para o Calvário, carregado com o nosso pecado. E te vejo cair com as mãos e os joelhos por terra, dolorosamente. Com quanta humildade caíste! Quanta humilhação sentis agora! A tua natureza de verdadeiro homem é claramente visível neste fragmento da tua vida. A cruz que levas é pesada; tens necessidade de ajuda, mas, quando cais por terra, ninguém te socorre; antes, os homens zombam de ti, riem perante a imagem de um Deus que cai. Talvez tenham ficado desiludidos, talvez tenham formado uma ideia errada sobre ti. Às vezes pensamos que ter fé em ti significa nunca cair na vida. Juntamente contigo, caio também eu, e comigo as minhas ideias, as ideias que tinha sobre ti. Como eram frágeis!
Eu te vejo, Jesus, que cerras os dentes e, completamente abandonado ao amor do Pai, levantas e retomas o teu caminho. Com estes primeiros passos rumo à cruz, tão vacilantes, Jesus, lembras-me a criança que dá os seus primeiros passos na vida: perde o equilíbrio, cai e chora, mas depois continua. Confia nas mãos dos pais e não para; tem medo, mas prossegue, porque ao medo sobrevém a confiança.
Com a tua coragem, ensina-nos que os fracassos e as quedas nunca devem deter o nosso caminho e que temos sempre uma opção a fazer: rendermo-nos ou levantarmo-nos contigo.

Peço-te, Senhor: desperta em nós, jovens, a coragem de nos levantarmos depois de cada queda tal como fizeste no caminho do Calvário. Peço-te: faz que saibamos apreciar sempre o dom imenso e precioso da vida e que os fracassos e as quedas nunca sejam motivo para jogá-la fora, cientes de que, se confiamos em ti, sempre podemos levantar-nos e encontrar a força para continuar.

Pai nosso...

O quam tristis et afflicta / fuit illa benedicta / Mater Unigeniti!

IV Estação: Jesus encontra sua Mãe

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Lucas (Lc 2,34-35)
Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te transpassará a alma”.


Meditação (Agnese Brunetti)
Eu te vejo, Jesus, quando encontras tua Mãe. Lá está Maria, segue por uma rua movimentada, no meio de muitas pessoas. A única coisa que a distingue dos outros é o fato de que ela está lá para acompanhar o seu Filho. Uma situação que se verifica diariamente: as mães acompanham os filhos à escola, ao médico, ou levam-nos consigo para o trabalho. Maria, porém, distingue-se das outras mães: está acompanhando o seu Filho à morte. Ver morrer o próprio filho é a pior sorte que se possa desejar a uma pessoa, a mais antinatural; e mais atroz ainda, se o filho, inocente, vai morrer pela mão da justiça. Que cena antinatural e injusta diante dos meus olhos! A minha mãe educou-me para o sentido da justiça e para ter confiança na vida, mas, aquilo que hoje veem os meus olhos, não tem nada disso, é desprovido de sentido e está cheio de amargura.
Eu te vejo, Maria, enquanto fixas o olhar em teu pobre Filho: tem os sinais da flagelação nas costas, é forçado a suportar o peso da cruz, não tarda muito que caia debaixo dela por causa da fadiga. E, no entanto, tu sabias que mais cedo ou mais tarde iria acontecer: te tinha sido profetizado. Mas, agora que acontece, é tudo diferente... É sempre assim! Nunca estamos preparados para a vida, para a sua crueza. Agora, Maria, estás triste, como qualquer outra mulher no teu lugar, mas não apareces desesperada. Os teus olhos não estão apagados, não se fixam no vazio, não caminhas de cabeça baixa. És esplendorosa mesmo na tua tristeza, porque tens esperança, sabes que esta viagem do teu Filho não será só de ida e sabes, pressentis - como só as mães o pressentem - que, em breve, tornarás a vê-lo.

Peço-te, Senhor: ajuda-nos a ter sempre presente o exemplo de Maria, que aceitou a morte de seu Filho como grande mistério de salvação. Ajuda-nos a agir com o olhar fixo no bem dos outros e a morrer na esperança da ressurreição, com a consciência de nunca estarmos sozinhos, nem abandonados por Deus, nem por Maria, boa Mãe que tem sempre no coração os seus filhos.

Pai nosso...

Quae maerebat et dolebat, / pia Mater, dum videbat / Nati poenas incliti.

V Estação: Simão de Cirene ajuda Jesus a levar a Cruz

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,26)
Enquanto levavam Jesus, pegaram certo Simão, de Cirene, que voltava do campo, e impuseram-lhe a cruz para carregá-la atrás de Jesus.


Meditação (Chiara Mancini)
Eu te vejo, Jesus, esmagado sob o peso da cruz. Vejo que não consegues levá-la sozinho; precisamente na hora do maior esforço, ficaste sozinho, não estão aqueles que se diziam teus amigos: Judas te traiu, Pedro te renegou, os outros te abandonaram. Mas eis que de improviso se encontra alguém, um homem comum, que talvez ouvira falar de ti, mas não te seguira; agora, porém, ei-lo aqui, ao teulado, ombro a ombro,  compartilhando o teu jugo. Chama-se Simão e é um estrangeiro que vem de longe, de Cirene. Para ele, hoje, um imprevisto, que se revela um encontro.
Inúmeros são os encontros e desencontros que vivemos cada dia, sobretudo nós, jovens, que entramos continuamente em contato com novas realidades, novas pessoas. E é no encontro inesperado, no incidente, na surpresa perturbadora que está escondida a oportunidade de amar, de reconhecer o melhor no próximo, mesmo quando nos parece diferente.
Às vezes, sentimo-nos como tu, Jesus, abandonados por aqueles que julgávamos nossos amigos, sob um peso que nos esmaga. Mas não devemos esquecer que há um Simão de Cirene pronto a tomar a nossa cruz. Não devemos esquecer que não estamos sozinhos e, desta certeza, podemos tirar a força para carregar a cruz de quem temos ao nosso lado.
Eu te vejo, Jesus: agora parece que sentes um pouco de alívio, consegues por um momento respirar, agora que já não estás sozinho. E vejo Simão: quem sabe experimentou que o teu jugo é leve, quem sabe entrevê o significado que tem aquele imprevisto na sua vida?

Senhor, peço-te que cada um de nós possa encontrar a coragem de ser como o Cireneu, que toma a cruz e segue os teus passos. Que cada um de nós seja tão humilde e forte que carregue a cruz de quem encontrarmos. Quando nos sentirmos sozinhos, faz que possamos reconhecer na nossa estrada um Simão de Cirene que para e carrega sobre si o nosso fardo. Concede-nos a graça de saber procurar o melhor em cada pessoa, estar abertos a cada encontro, mesmo na diversidade. Peço-te que cada um de nós possa descobrir-se improvisamente ao teu lado.

Pai nosso...

Quis est homo qui non fleret, / Matrem Christi si videret / in tanto supplicio?

VI Estação: A Verônica limpa o rosto de Jesus

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Livro do Profeta Isaías (Is 53,2-3)
Não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos agradasse. Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores, cheio de sofrimentos; passando por Ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era, não fazíamos caso d’Ele.


Meditação (Cecilia Nardini)
Eu te vejo, Jesus, miserável, quase irreconhecível, tratado como o último dos homens. Com grande dificuldade, caminhas para a tua morte: com o rosto ensanguentado e desfigurado, embora como sempre manso e humilde, voltado para o Alto. Uma mulher abre caminho através da multidão, para ver de perto aquele rosto que, talvez, muitas vezes falara à sua alma e que ela amara. Vê-o sofrendo e quer ajudá-lo. Não a deixam passar; são tantos, demasiados e armados. Mas, a ela, tudo isso não lhe importa! Está decidida a chegar junto de ti e consegue por um momento te tocar, te acariciar com o seu véu. A sua força é a ternura. Os olhos de ambos cruzam-se por um momento, o rosto no rosto do outro.
Essa mulher, Verônica, de quem nada sabemos, não conhecemos a sua história, ganha o Paraíso com um simples gesto de caridade. Aproxima-se de ti, observa o teu rosto torturado e ama-o ainda mais que antes. Verônica não se detém na aparência, hoje tão importante na nossa sociedade da imagem, mas ama incondicionalmente um rosto repugnante, não cuidado, sem maquiagem, imperfeito. Aquele rosto, o teu rosto, Jesus, precisamente na sua imperfeição, mostra a perfeição do teu amor por nós.

Peço-te, Jesus: dá-me a força para aproximar-me das outras pessoas, de cada pessoa, jovem ou idosa, pobre ou rica, querida ou desconhecida, e para ver naqueles rostos o teu rosto. Ajuda-me a não hesitar em socorrer o próximo, em quem tu habitas, como Verônica correu ao vosso encontro no caminho do Calvário.

Pai nosso...

Quis non posset contristari, / Christi Matrem contemplari, / dolentem cum Filio?

VII Estação: Jesus cai pela segunda vez

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Livro do Profeta Isaías (Is 53,8.10)
Foi atormentado pela angústia e foi condenado. Quem se preocuparia com sua história de origem? Ele foi eliminado do mundo dos vivos; e por causa do pecado do meu povo foi golpeado até morrer. (...) O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos.


Meditação (Francesco Porceddu)
Eu te vejo, Jesus, cair de novo diante dos meus olhos. Voltando a cair, me demonstras que és um homem, um verdadeiro homem. E vejo que levantas outra vez, mais decidido que antes. Não levantas com soberba; não há orgulho no teu olhar, há amor. E, ao prosseguir no teu caminho, erguendo-se depois de cada queda, anuncias a tua Ressurreição, demonstras estar pronto a carregar mais uma vez e para sempre, sobre os teus ombros ensanguentados, o peso do pecado do homem.
Voltando a cair, enviaste-nos uma mensagem clara de humildade, caíste por terra, naquele húmus do qual nascemos nós, «humanos». Somos terra, somos barro: somos nada se comparados contigo. Mas quiseste tornar-se como nós e, agora, mostras-te solidário conosco, com os mesmos cansaços, as mesmas fraquezas, com o mesmo suor da nossa fronte. E agora, nesta sexta-feira, como acontece também conosco, estás prostrado pelo sofrimento. Mas tu tens a força para seguir em frente, não tens medo das dificuldades que possas encontrar, e sabes que, no fim da fadiga, há o Paraíso; levantas e te diriges precisamente para lá, para nos abrir as portas do teu reino. És um estranho rei: um rei no pó!
Sinto vertigens: não somos dignos de comparar as nossas fadigas e as nossas quedas com as tuas. As tuas são um sacrifício, o maior sacrifício que os meus olhos e a história inteira poderão ver.

Peço-te, Senhor: faz que estejamos prontos a levantar depois de termos caído, que possamos aprender algo com os nossos fracassos. Recorda-nos que, quando erramos e caímos, se estivermos contigo e nos agarrarmos à tua mão, podemos aprender a levantar de novo. Faz que nós, jovens, possamos levar a todos a tua mensagem de humildade e que as gerações futuras abram os olhos para ti e saibam compreender o teu amor. Ensina-nos a ajudar quem sofre e cai ao nosso lado: a limpar o seu suor e estender a mão para levantá-lo.

Pai nosso...

Pro peccatis suae gentis, / vidit Iesum in tormentis, / et flagellis subditum.

VIII Estação: Jesus encontra as mulheres de Jerusalém

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,27-31)
Seguia-o uma grande multidão do povo e de mulheres que batiam no peito e choravam por Ele. Jesus, porém, voltou-se e disse: “Filhas de Jerusalém, não choreis por mim! Chorai por vós mesmas e por vossos filhos! Porque dias virão em que se dirá: ‘Felizes as mulheres que nunca tiveram filhos, os ventres que nunca deram à luz e os seios que nunca amamentaram’. Então começarão a pedir às montanhas: ‘Cai sobre nós! e às colinas: ‘Escondei-nos!’ Porque, se fazem assim com a árvore verde, o que não farão com a árvore seca?”.


Meditação (Sofia Russo)
Eu te vejo e ouço, Jesus, enquanto falas às mulheres que encontras ao longo do teu caminho para a morte. Em todos os teus dias encontraste tantas pessoas: foste ao seu encontro e falaste com todos. Agora falas com as mulheres de Jerusalém, que te veem e choram. Eu também sou uma daquelas mulheres. Mas, Jesus, na tua advertência, usas palavras que me impressionam, são palavras concretas e diretas; à primeira vista, podem revelar-se duras e severas, porque ousadas. De fato, hoje, estamos acostumados a um mundo de palavras oblíquas, a uma fria hipocrisia que filtra e esconde o que realmente queremos dizer. Evitamos cada vez mais as advertências, preferimos abandonar o outro ao próprio destino, não nos preocupamos em exortá-lo para o bem.
Tu, ao contrário, Jesus, falas às mulheres como um pai, inclusive censurando-as; as tuas palavras são palavras de verdade, que vão diretas à pessoa com o único objetivo da correção, não do julgamento. É uma linguagem diferente da nossa. Falas sempre com humildade e chegas diretamente ao coração.
Neste encontro, o último antes da cruz, sobressai mais uma vez o teu amor sem medida para com os últimos e os marginalizados; naquele tempo, de fato, as mulheres não eram consideradas dignas de ser interpeladas, enquanto tu, na tua gentileza, és verdadeiramente revolucionário.

Peço-te, Senhor: faz que eu, juntamente com as mulheres e os homens deste mundo, possamos tornar-nos cada vez mais caridosos para com os necessitados, assim como foste tu. Dá-nos a força de ir contracorrente e entrar em contato autêntico com os outros, lançando pontes e evitando fechar-nos no egoísmo que nos leva à solidão do pecado.

Pai nosso...

Tui Nati vulnerati, / tam dignati pro me pati / poenas mecum divide.

IX Estação: Jesus cai pela terceira vez

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Livro do Profeta Isaías (Is 53,5-6)
Ele foi ferido por causa de nossos pecados, esmagado por causa de nossos crimes; a punição a Ele imposta era o preço da nossa paz, e suas feridas, o preço da nossa cura. Todos nós vagávamos como ovelhas desgarradas, cada qual seguindo seu caminho; e o Senhor fez recair sobre Ele o pecado de todos nós.


Meditação (Chiara Bartolucci)
Eu te vejo, Jesus, enquanto caís pela terceira vez. Já caíste duas vezes, e duas vezes levantes. É sem limites a fadiga e o sofrimento; agora pareces definitivamente derrotado nesta terceira e última queda. Na nossa vida de todos os dias, quantas vezes caímos! Caímos tantas vezes que perdemos a conta, mas esperamos sempre que cada queda seja a última, porque é preciso ter a coragem da esperança para enfrentar o sofrimento. Quando uma pessoa cai muitas vezes, as forças acabam por se quebrantar e as esperanças diluem-se definitivamente.
Imagino-me junto de ti, Jesus, no percurso que te leva à morte. É difícil pensar que sejas tu realmente o Filho de Deus. Alguém já tentou te ajudar, mas agora estás exausto, estás parado, paralisado e parece que já não conseguirás prosseguir. Mas, improvisamente, vejo que levantas, endireitas as pernas e a coluna, o quanto possível com uma cruz às costas, e começas a andar de novo. É verdade que vais a caminho da morte, mas queres fazê-lo com todo o teu ser. Talvez o amor seja isto. O que compreendo é que não importa quantas vezes cairemos, sempre haverá a última queda, talvez a pior, a prova mais terrível na qual somos chamados a encontrar a força para chegar ao fim do percurso. Para Jesus, o fim é a crucificação, o absurdo da morte, mas que revela um significado mais profundo, um objetivo mais alto: salvar-nos a todos.

Peço-te, Senhor: concede-nos todos os dias a coragem de prosseguir no nosso caminho. Faz que recebamos com todo o nosso ser a esperança e o amor que nos deste. Que todos possam enfrentar os desafios da vida com a força e a fé com que venceste os últimos momentos no teu caminho rumo à morte na cruz.

Pai nosso...

Eia, Mater, fons amoris, / me sentire vim doloris / fac, ut tecum lugeam.

X Estação: Jesus é despojado das vestes

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo João (Jo 19,23)
Depois que crucificaram Jesus, os soldados repartiram a sua roupa em quatro partes, uma parte para cada soldado. Quanto à túnica, esta era tecida sem costura, em peça única de alto abaixo.


Meditação (Greta Giglio)
Eu te vejo, Jesus, nu, como nunca tinha visto. Jesus, te privaram-te das vestes e jogam-nas com os dados. Aos olhos destes homens, perdeste o único pedaço de dignidade que te restava, o único objeto que possuías neste teu caminho de sofrimento. Nos primórdios, teus Pai fez túnicas para os homens, para revesti-los de dignidade; agora, homens as arrancam do teu corpo. Eu te vejo, Jesus, na pessoa de um jovem migrante, corpo ferido que chega a uma terra muitas vezes cruel, pronta a tomar-lhe a veste, o seu único bem, e a vendê-la; a deixá-lo assim, apenas com a sua cruz, como a tua; apenas com a sua pele maltratada, como a tua; apenas com as suas pupilas dilatadas de dor, como as tuas.
Mas há algo sobre a dignidade que os homens esquecem muitas vezes: ela está debaixo da pele, faz parte de ti e sempre estará contigo, e mais ainda neste momento, nesta nudez.
A nudez com que vimos à luz é a mesma com que a terra nos recebe ao anoitecer da vida. De uma mãe para a outra. E agora aqui, nesta colina, está também a tua Mãe, que de novo te vê nu.
Eu te vejo compreendo a grandeza e o esplendor da tua dignidade, da dignidade de cada homem, que ninguém poderá jamais cancelar.

Peço-te, Senhor: faz que todos nós possamos reconhecer a dignidade própria da nossa natureza, mesmo quando nos encontramos nus e sozinhos diante dos outros. Faz que possamos sempre ver a dignidade dos outros, estimá-la e guardá-la. Nós te pedimos que nos concedas a coragem necessária para compreendermos a nós mesmos para além daquilo que nos cobre; e aceitar a nudez que nos pertence e nos lembra a nossa pobreza, da qual te enamoraste até dar a vida por nós.

Pai nosso...

Fac ut ardeat cor meum / in amando Christum Deum, / ut sibi complaceam.

XI Estação: Jesus é pregado na Cruz

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,33-34)
Quando chegaram ao lugar chamado “Calvário”, ali crucificaram Jesus e os malfeitores: um à sua direita e outro à sua esquerda. Jesus dizia: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!”.


Meditação (Greta Sandri)
Eu te vejo, Jesus, despojado de tudo. Quiseram punir-te, inocente, pregando-te no lenho da cruz. Que teria eu feito no lugar deles? Teria tido a coragem de reconhecer a tua, a minha verdade? Tu tiveste a força de suportar o peso de uma cruz, de ser desacreditado, de ser condenado pelas tuas palavras incômodas. Hoje não conseguimos digerir uma crítica, como se cada palavra fosse pronunciada para nos ferir.
Não te detiveste sequer diante da morte, acreditaste profundamente na tua missão, confiando no teu Pai. Hoje, no mundo da internet, estamos tão condicionados por tudo aquilo que circula na rede que, às vezes, até duvido das minhas palavras. Mas as tuas palavras são diferentes, são fortes na sua fraqueza. Tu nos perdoaste, não guardaste rancor, ensinaste a apresentar a outra face e foste além, até ao sacrifício total da tua pessoa.
Olho ao meu redor e vejo olhos fixos na tela do celular, comprometidos nas redes sociais a crucificar qualquer erro dos outros sem possibilidade de perdão. Homens que gritam, cheios de ira, que se odeiam pelos motivos mais fúteis.
Olho as tuas chagas e, agora, estou ciente de que não teria tido a tua força. Mas estou sentado aqui a teus pés, e me despojo também eu de qualquer hesitação, levanto-me da terra para poder estar mais perto de ti, ainda que só alguns centímetros.

Peço-te, Senhor: faz que eu, diante do bem, possa ter a prontidão de reconhecê-lo; que, diante de uma injustiça, eu possa ter a coragem de conduzir a minha vida e agir contracorrente; que eu possa libertar-me de todos os medos que, como cravos, me paralisam e me mantêm distante da vida que tu sonhaste e preparaste para nós.

Pai nosso...

Sancta Mater, istud agas, / crucifixi fige plagas, / cordi meo valide.

XII Estação: Jesus morre na Cruz

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo Lucas (Lc 23,44-47)
Já era mais ou menos meio-dia e uma escuridão cobriu toda a terra até as três horas da tarde, pois o sol parou de brilhar. A cortina do santuário rasgou-se pelo meio, e Jesus deu um forte grito: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Dizendo isso, expirou. O oficial do exército romano viu o que acontecera e glorificou a Deus, dizendo: “De fato! Este homem era justo!”.


Meditação (Dante Monda)
Eu te vejo, Jesus, mas, desta vez, queria não ver. Estás morrendo. Era maravilhoso te ver quando falavas às multidões, mas agora tudo acabou. E eu não quero ver o fim; demasiadas vezes voltei o olhar para o outro lado, quase me acostumei a escapar da dor e da morte, me anestesiei.
O teu grito na cruz é forte, lancinante: não estávamos preparados para tanto tormento, não estamos, nem estaremos jamais. Fugimos instintivamente, tomados de pânico, frente à morte e ao sofrimento, os rejeitamos, preferimos olhar para outro lado ou fechar os olhos. Mas tu permaneces aí na cruz, esperas-nos de braços abertos, abrindo os olhos para nós.
É um grande mistério, Jesus: ama-nos morrendo, sendo abandonado, dando o espírito, cumprindo a vontade do Pai, apagando-se. Permaneces na cruz, e basta! Não tentas explicar o mistério da morte, da consumação de todas as coisas, fazes mais: o atravessais com todo o teu corpo e o teu espírito. Um grande mistério, que continua a nos interpelar e inquietar; desafia-nos, convida-nos a abrir os olhos, a saber ver o teu amor mesmo na morte; antes, começando precisamente da morte. É lá que nos amaste: na nossa condição mais verdadeira, incancelável e inevitável. É lá que compreendemos, embora de modo ainda imperfeito, a tua presença viva, autêntica. Disto, sempre teremos sede: da tua proximidade, do teu ser Deus conosco.

Peço-te, Senhor: abre os meus olhos, que eu te veja mesmo nos sofrimentos, na morte, no fim que não é o verdadeiro fim. Desinquieta a minha indiferença com a tua cruz, agita a minha apatia. Interpela-me sempre com o teu mistério dilacerante, que supera a morte e dá a vida.

Pai nosso...

Vidit suum dulcem Natum / morientem desolatum / dum emisit spiritum.

XIII Estação: Jesus é descido da Cruz

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo João (Jo 19,38-40)
Depois disso, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus - mas às escondidas, por medo dos judeus -, pediu a Pilatos para tirar o corpo de Jesus. Pilatos consentiu. Então José veio tirar o corpo de Jesus. Chegou também Nicodemos, o mesmo que antes tinha ido de noite encontrar-se com Jesus. Trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e aloés. Então tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no, com os aromas, em faixas de linho, como os judeus costumam sepultar


Meditação (Flavia De Angelis)
Eu te vejo, Jesus, ainda ali, na cruz. Um homem de carne e osso, com as suas fragilidades, com os seus medos. Quanto sofreste! É uma cena insustentável, talvez justamente porque está impregnada de humanidade: é esta a palavra-chave, o segredo do teu caminho, constelado de sofrimento e fadiga. Precisamente aquela humanidade que, muitas vezes, nos esquecemos de reconhecer em ti e de procurar em nós mesmos e nos outros, demasiado ocupados em uma vida sempre com o pé no acelerador, cegos e surdos perante as dificuldades e o sofrimento dos outros.
Eu te vejo, Jesus: agora já não estás ali, na cruz; regressaste para o lugar de onde vieste, reclinado no ventre da terra, no regaço da tua Mãe. Agora o sofrimento passou, desapareceu. Esta é a hora da piedade. No teu corpo sem vida ecoa a força com que enfrentaste o sofrimento; o sentido que conseguiste dar-lhe reflete-se nos olhos de quem ainda está ali e permaneceu junto de ti e de quem sempre permanecerá ao teu lado no amor, doado e recebido. Abre-se para ti, para nós, uma nova vida, a celeste, sob o signo daquilo que resiste e não é despedaçado pela morte: o amor. Tu estás aqui, conosco, em cada momento, em cada passo, em cada incerteza, em cada sombra. Enquanto a sombra do sepulcro se estende sobre o teu corpo deitado nos braços da tua Mãe, eu te vejo e tenho medo, mas não desespero; tenho confiança que a luz, a tua luz, voltará a resplandecer.

Peço-te, Senhor: faz que esteja sempre viva em nós a esperança, a fé no teu amor incondicional. Que possamos manter sempre vivo e aceso o olhar para a salvação eterna, e que consigamos encontrar paz e descanso no nosso caminho.

Pai nosso...

Fac me vere tecum flere, / Crucifixo condolere, / donec ego vixero.

XIV Estação: Jesus é depositado no sepulcro

V. Nós vos adoramos, Senhor Jesus Cristo, e vos bendizemos.
R. Porque pela vossa Santa Cruz remistes o mundo.

Do Evangelho segundo João (Jo 19,41-42)
No lugar onde Jesus foi crucificado, havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. Por causa da preparação da Páscoa, e como o túmulo estava perto, foi ali que colocaram Jesus.


Meditação (Marta Croppo)
Já não te vejo, Jesus: agora está escuro. Caem longas sombras das colinas, e as lanternas do Shabbat reluzem em Jerusalém, fora das casas e nos quartos. Batem contra as portas do céu, fechado e inexpugnável: para quem é tanta solidão? Em uma noite assim, quem pode dormir? Ressoa a cidade com o choro das crianças, as cantigas das mães, as rondas dos soldados: morre este dia, e só tu adormeceste. Dormis? Em que cama? Qual cobertor te esconde do mundo?
De longe, José de Arimateia seguiu os teus passos e agora, na ponta dos pés, te acompanha no sono, te afasta dos olhares dos indignados e dos malvados. Um lençol envolve o teu frio, enxuga o sangue, o suor e o pranto. És descido da cruz , mas levemente, José te toma sobre os ombros, mas tu és leve: não trazes o peso da morte, nem do ódio, nem do rancor. Dormis como quando estavas envolvido pela palha morna e outro José te segurava nos seus braços. Como então não havia lugar para ti, também agora não tens onde pousar a cabeça: mas no Calvário, sobre a dura cerviz do mundo, cresce um horto onde ainda ninguém fora sepultado.
Para onde foste, Jesus? Onde desceste, senão nas profundezas? Onde, senão no local ainda inviolado, na cela mais estreita? Nos nossos próprios laços, estás preso, na nossa própria tristeza, estás encarcerado: como nós, caminhaste sobre a terra, e agora debaixo da terra, como nós tens o teu espaço.
Inútil correr para longe, tu estás dentro de mim; não preciso de sair para te procurar, porque tu bates à minha porta.

Peço-te, Senhor, que não te manifestaste na glória, mas no silêncio de uma noite escura, que não te fixas na superfície, mas vês o que está oculto e penetras nas profundezas, das profundezas ouve a nossa voz: que possamos, cansados, repousar em ti, reconhecer em ti a nossa natureza, ver no amor do teu rosto a dormir a nossa beleza perdida.

Pai nosso...

Quando corpus morietur, / fac ut animae donetur / paradisi gloria. Amen.

Oração do Papa Francisco
Senhor Jesus, dirigimos o nosso olhar para ti, cheio de vergonha, de arrependimento e de esperança...
Para ler a oração completa do Santo Padre, clique aqui.

Bênção Apostólica


Fonte: Santa Sé.
Observação: A tradução divulgada no site da Santa Sé utiliza a 3ª pessoa do plural (Vós) para se referir a Jesus. Optamos aqui no blog pela 2ª pessoa do plural (Tu), utilizada no original italiano, que dá um tom mais coloquial e pessoal às meditações e orações dos jovens.

Sobre as imagens: O livreto da celebração foi ilustrado com a Via Sacra realizada por Ivan Klimochko. Aqui optamos pela Via Sacra de outro artista ucraniano, Svitozar Nenyuk. Para conhecer seu trabalho, confira o seu site clicando aqui.

Para acessar outros modelos de meditações para a Via Sacra, confira nossa postagem sobre a história da Via Sacra presidida pelo Papa no Coliseu.

Postagem publicada originalmente em 09 de abril de 2018. Revista em 07 de agosto de 2022.

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