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sábado, 28 de abril de 2018

Homilia: V Domingo de Páscoa - Ano B

Santo Agostinho
Do Tratado sobre o Evangelho de João
Eu sou a videira e vós os ramos

Eu sou a videira e vós os ramos. O que está em mim e eu nele, este dará muito fruto, porque sem mim nada podeis fazer. E para evitar que alguém pudesse pensar que o ramo pode produzir algum fruto, mesmo que pouco, depois de ter dito que este dará muito fruto, não diz que sem mim “pouco” podeis fazer, mas diz: Sem mim “nada” podeis fazer. Logo, seja pouco, seja muito, não se pode fazer sem aquele sem o qual não se pode fazer nada. E se o ramo dá pouco fruto, o agricultor o podará para que dê fruto mais abundante; mas, se não permanece unido à videira, não poderá produzir fruto algum. E visto que Cristo não podia ser a videira se não fosse homem, não podia comunicar esta virtude aos ramos se não fosse também Deus.

Mas, como ninguém pode ter vida sem a graça, e somente a morte está debaixo do poder do livre-arbítrio, segue dizendo: O que não permanecer em mim será jogado fora, como o ramo seco, o colherão e o jogarão ao fogo e queimará. Os ramos da videira são tantos mais desprezíveis fora dela quanto o são mais gloriosos unidos a ela e, como diz o Senhor pelo Profeta Ezequiel, cortados da videira são inteiramente inúteis ao agricultor, e não servem para fazer nenhuma obra de arte. O ramo há de estar em um destes dois lugares: ou na videira ou no fogo; se não está na videira, estará no fogo. Permaneça, pois, na videira para livrar-se do fogo.

Se permanecerdes em mim e minhas palavras permanecerem em vós, pedireis quanto quiserdes e vos será concedido. Estando unidos a Cristo, o que podem querer a não ser aquilo que não é indigno de Cristo? Queremos algumas coisas por estar unidos a Cristo e queremos outras por ainda estarmos neste mundo. E, pelo fato de viver neste mundo, algumas vezes nos vem a ideia de pedir coisas cujo prejuízo desconhecemos. Porém, nunca tenhamos o desejo de que nos sejam concedidas, se queremos permanecer em Cristo, o qual somente nos concede aquilo que nos convém.

Permanecendo, pois, nele, e tendo em nós suas palavras, pediremos quanto queiramos, e tudo nos será concedido. Porque, se não obtemos o que pedimos, é porque não pedimos o que nele permanece nem o que se contém em suas palavras, que permanecem em nós; a não ser que pedimos o que deseja nossa cobiça e a fraqueza da carne, que não se encontram nele, nem nelas permanecem suas palavras, entre as quais está a oração em que nos ensinou a dizer: Pai nosso, que estais nos céus...

Em nossas petições não nos distanciemos das palavras e do sentido desta oração, e obteremos quanto pedimos. Porque somente então permanecem em nós as suas palavras, quando cumprimos seus preceitos e vamos atrás de suas promessas. Mas quando suas palavras estão somente na memória, sem refletir-se em nosso modo de viver, somos como o ramo fora da videira, que não recebe a seiva da raiz. A esta diferença faz alusão o salmo quando diz: Guardam na memória seus preceitos para cumpri-los.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 353-354. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Para ler uma homilia de Orígenes para este domingo, clique aqui.

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