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sábado, 21 de abril de 2018

Homilia: IV Domingo de Páscoa - Ano B

São Pedro Crisólogo
Sermão 6
Do céu veio o Pastor para reconduzir as ovelhas desgarradas aos pastos da vida

Que foi bom o regresso do pastor, quando Cristo veio à terra, ele mesmo acaba de proclamá-lo hoje: Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. Por isso o próprio mestre vai buscando por toda a terra companheiros e colaboradores, dizendo: Aclamai ao Senhor, terra inteira; por isso confia a Pedro suas ovelhas para que as pastoreie em seu nome e o substitua ao subir ao céu. Ele diz: Pedro, me amas? Pastoreia as minhas ovelhas. E para não agitar com um comportamento autoritário os frágeis começos de um retorno, mas sustenta-lo com muita compreensão, repete: Pedro, me amas? Pascenta aos meus cordeiros. Encomenda as ovelhas, encomenda o fruto das ovelhas, porque o pastor já conhecia de antemão a futura fecundidade de seu rebanho. Pedro, me amas? Apascenta os meus cordeiros. A estes cordeiros, Paulo, colega do pastor Pedro, lhes oferecia como alimento espiritual as úberes cheias de leite, quando dizia: Alimentei-vos com leite, e não com comida. É isto que sentia o santo rei Davi, e por isso exclamava como com piedoso balido: O Senhor é meu pastor, nada me falta; em verdes prados me faz repousar; conduz-me junto às fontes tranquilas.

A quem retorna aos pastos da paz evangélica após tantos gemidos de guerras, após uma triste vida de sangue, o versículo seguinte anuncia a alegria para aqueles que jazem na servidão. O homem era servo do pecado, gemia cativo da morte, sofria as cadeias de seus vícios. Quando o homem não esteve triste debaixo do pecado? Quando não gemeu atormentado pela morte? Quando não desesperou sob a tirania dos vícios? Por esta razão, o homem lançava gemidos desesperados quando não lhe restava outro remédio do que suportar tais e tão cruéis senhores. É com razão, pois, que o profeta, ao ver-nos libertados de tais senhores e convertidos ao serviço do Criador, à graça do Pai e à livre servidão do único Senhor bom, exclama: Servi ao Senhor com alegria, entrai em sua presença com aplausos. Porque aqueles que a culpabilidade tinha precipitado e a consciência tinha expulsado, a estes a graça os reconduz e a inocência os reintroduz.

Nós somos seu povo e ovelhas de seu rebanho. Ficou já demonstrado com a autoridade de um provérbio que do céu se esperava um pastor que, com grande júbilo, reconduzisse aos pastos da vida as ovelhas desgarradas e desenganadas por causa de um alimento fatal. Entrai, ele diz, por suas portas com ação de graças. Unicamente a ação de graças nos faz entrar pelas portas da fé: por seus átrios com hinos, dando-lhes graças e bendizendo seu nome. Nome pelo qual fomos salvos, nome frente ao qual dobra o joelho o céu, a terra e o abismo, e pelo qual toda criatura ama ao Senhor Deus. O Senhor é bom. Por que é bom? Porque eterna é a sua misericórdia. Na verdade é bom por sua misericórdia. Somente em virtude de sua misericórdia ele se dignou revogar a amarguríssima sentença que pesava sobre todo o mundo. Este é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 349-351. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Para ler uma homilia de São Gregório Magno para este domingo, clique aqui.

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