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segunda-feira, 23 de abril de 2018

Dom Armando Bucciol: "Ninguém é dono da Liturgia"

Durante a 56ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, Dom Armando Bucciol, Bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA) e Presidente da Comissão para a Liturgia da CNBB, falou durante a Coletiva de Imprensa do dia 12 de abril.

Em um primeiro momento (22min13s a 30min35s do vídeo), Dom Armando falou do andamento da tradução da 3ª edição típica do Missal Romano, que está na fase de revisão das orações das Missas dos Comuns dos Santos e Missas para diversas necessidades. Para o próximo ano espera-se iniciar a tradução das Missas dos Fiéis Defuntos e Missas votivas.

O Bispo apresentou ainda a proposta, ainda em fase de estudos, de um novo documento sobre a música litúrgica, ajudando os cantores e músicos a compreenderem o sentido dos diversos momentos da celebração e os critérios para a escolha dos cantos.

Por fim, nesta primeira intervenção, Dom Armando falou brevemente de uma intervenção da Comissão para a Liturgia durante a Assembleia, trazendo uma reflexão aos Bispos sobre “Liturgia e evangelização”.

Dom Armando Bucciol
Na segunda parte da Coletiva de Imprensa, Dom Armando respondeu duas perguntas. A primeira delas (31min44s a 36min12s) foi sobre os abusos litúrgicos cometidos por padres, sobretudo aqueles presentes nas mídias sociais.

O Bispo inicia sua resposta de uma maneira bastante direta e clara: “Ninguém na Igreja é dono da Liturgia. Eu não sou dono, sou servidor. Também o Papa é servidor da Igreja: o primeiro. E, portanto, eu não posso manipular a Liturgia a meu bel-prazer”.

Dom Armando chamou a atenção para a “criatividade selvagem” que seduz (atrai para si) e não conduz (atrai para um Outro: Cristo). Muitos dos abusos litúrgicos, afirma, são fruto de uma má formação sobre a história e o sentido de cada gesto, de cada rito, história que é fruto da ação do Espírito.

“O padre ou Bispo que manipula a Liturgia a está traindo”. Dom Armando recorda que somos servos da Liturgia: há espaço para uma criatividade sadia, coerente com o espírito da Liturgia. A “criatividade selvagem”, porém, não evangeliza.

A segunda pergunta ligada ao tema da Liturgia (49min19s a 54min40s) foi sobre a questão da música litúrgica. Dom Armando falou brevemente sobre a importância de que a música litúrgica seja coerente com cada momento litúrgico celebrado e fundamentado na Palavra de Deus, que fecunda e transforma a vida.

Pediu que se respeite o texto litúrgico das partes fixas da Missa, bem como o Salmo, que deve ser entoado com melodias simples. O texto é mais importante que a melodia, afirmou o Bispo: “A música deve estar a serviço da Liturgia: os cantores não devem ser os protagonistas, fazendo show”.

Por fim, Dom Armando concluiu recordando o trabalho já realizado no Brasil em relação à música litúrgica, sobretudo com o Hinário Litúrgico. Está em fase de estudos, além do novo documento, um repertório litúrgico mais adequado para os sacramentos, especialmente para o Matrimônio.

Em suma, três intervenções profundamente lúcidas, coerentes com o espírito da Liturgia e que dão esperança, diante de tantos abusos litúrgicos cometidos no Brasil que, para usar as palavras do próprio Bispo, “seduzem” e não “conduzem”.

Ad multos annos, Dom Armando! Muito obrigado por sua fidelidade!


Vídeo completo da Coletiva de imprensa (intervenções de Dom Armando nos minutos assinalados no texto):


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