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segunda-feira, 23 de abril de 2018

A valorização da Vigília Pascal

Na sequência das postagens da Rádio Vaticano sobre “Dez aspectos da renovação litúrgica do Concílio Vaticano II”, trazemos hoje, vivendo ainda o Tempo Pascal, dois textos sobre a valorização da Vigília Pascal:

No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a falar sobre a reforma litúrgica, destacando no programa de hoje, a valorização da Vigília Pascal.
Estamos em plena Semana Santa - a “Semana Maior” para nós cristãos - e a reforma litúrgica trazida pelo Concílio Vaticano II, incidiu também na forma de celebrá-la. Recordamos que o Papa Pio XII já havia determinado que a Vigília Pascal voltasse a ser celebrada como o era nos primórdios, ou seja, na noite de sábado para o Domingo de Páscoa, o que foi confirmado pelo Concílio Vaticano II.
Faltam dois aspectos do 10 importantes pontos que escolhemos da Renovação Litúrgica a partir da Constituição Sacrosanctum Concilium: A Vigília Pascal e o Mistério Pascal. Embora uma única temática, separamos aqui pedagogicamente nosso comentário, devido à importância particular de cada um.
A Vigília Pascal foi restabelecida por Pio XII, já antes do Concilio. Em 1951, o Papa Pio XII mandou celebrar a Vigília Pascal de novo como era nas origens, a saber, na noite do Sábado Santo para o Domingo da Páscoa. A reforma do concílio Vaticano II a confirmou.
Antes da reforma litúrgica da Semana Santa feita por Pio XII, a Vigília Pascal era celebrada durante o dia, destoando da primitiva tradição litúrgica. Para tanto, proporcionando o escuro que ainda hoje é requerido, tampavam as janelas das igrejas. Pelo século VII, anteciparam a celebração da Vigília pascal da noite do sábado para as 14h do sábado.
Posteriormente, a partir do século XVI, com o Papa Pio V, vemos a Vigília antecipada para mais cedo ainda, para as 9h da manhã do sábado – prática que vigorou até 1955 [1]. Mas agora, tanto na forma nova quanto no rito antigo, é ordenado que a Vigília só seja celebrada à noite, pelo menos depois que o sol se ponha e antes de amanhecer o domingo.
Com isso se resgatou o valor e sentido supremos da Páscoa da ressurreição. A Vigília Pascal é a festa das festa, a Vigília das vigílias, a noite das noites. A Vigília Pascal é o centro de todas as Eucaristias e a fonte de todas as liturgias. Da noite da Páscoa, toda a espiritualidade da Igreja primitiva partia. Esta noite, a noite santa a noite sacramental, a noite do memorial do Cristo Ressuscitado dos mortos, é o centro de toda a Liturgia.
O Catecismo da Igreja Católica, renovado a partir das mudanças do Concílio, acentua a importância da solenidade Pascal: “Por isso, a páscoa não é simplesmente uma festa entre outras: é a “festa das festas”, “solenidade das solenidades”, como a Eucaristia é o sacramento dos sacramentos (o grande sacramento). Santo Atanásio a denomina “o grande domingo como a semana santa é chamada no Oriente “a grande semana”. O mistério da ressurreição, no qual Cristo esmagou a morte, penetra nosso velho tempo com sua poderosa energia até que tudo lhe seja submetido” (CIC, 1169).
Na noite da Vigília Pascal, os catecúmenos eram preferencialmente batizados, após uma preparação intensa catecumenal de 3 ou mais anos. Por isso, a celebração do batismo de adultos, dentro da vigília Pascal ainda é recomendada com insistência porque traduz essa realidade nova, do renascer da Páscoa. Somos, na verdade, todos filhos da Páscoa. Nascemos na noite santa da vitória de Cristo sobre a morte". 

No nosso espaço Memória História – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a falar sobre a celebração da Vigília Pascal após Pio XII.
Na noite do Sábado Santo, o Papa Francisco presidiu na Basílica de São Pedro à Celebração da Vigília Pascal com o batismo de 8 catecúmenos adultos, provenientes de diferentes países.
A Vigília Pascal, como falamos em nosso programa anterior, foi restabelecida pelo Papa Pio XII, já antes do Concilio Vaticano II. Em 1951, de fato, o Pastor Angelicus - como era chamado -  celebrou a Vigília Pascal como era feito nas origens, ou seja, na noite do Sábado Santo para o Domingo da Páscoa. O Concílio Vaticano II apenas confirmou esta decisão.
Antes da reforma litúrgica da Semana Santa feita por Pio XII, a Vigília Pascal era celebrada durante o dia, destoando da primitiva tradição litúrgica. Para tanto, para proporcionar o escuro que ainda hoje é requerido, eram tapadas as janelas das igrejas. Pelo século VII, anteciparam a celebração da Vigília pascal da noite do sábado para as 14h do sábado.
Na edição de hoje, padre Gerson Schmidt dá continuidade em sua reflexão ao tema da Vigília Pascal e o sentido da Páscoa:
“Queremos recordar algumas coisas que aqui já lembramos quando da celebração da Páscoa. A noite da Vigília Pascal não pode ser comparada com nenhuma Missa, nem com nenhuma vigília de oração, nem com nada. A comparamos sim com a Páscoa Judaica, memorial irrevogável de Deus com um povo escolhido.
Mas a Páscoa Cristã é todo um memorial junto com o qual o próprio Deus se empenhou para realizar esta Aliança que prometeu a Abraão e os profetas. A Páscoa não é uma missa de meia noite, mas algo muito maior. É Deus que passa.
Nós não celebramos a Páscoa ou vamos à Páscoa ou damos algo à Páscoa. É a páscoa que vem com potência a nós. Deus irrompe e o poder da sua passagem (Pessach - Páscoa) convida-nos a sair de nosso Egito interior, das trevas de nossos pecados, de nossas ilusões, para passar da escravidão à liberdade, da tristeza à alegria, da morte para a ressurreição, no hoje de nossa vida.
É a páscoa que Jesus Cristo fez. Agora, a Páscoa, a vitória de Cristo sobre todo o mal, vem para ser celebrada em nós.
Já Pio XII, na Encíclica Mediator Dei, no número 144, já antes da SC, expunha essa ressurreição de cada um de nós na Páscoa: “Na solenidade pascal, que comemora o triunfo de Cristo, sente-se a nossa alma penetrada de íntima alegria, e devemos oportunamente pensar que também nós, junto com o Redentor, surgiremos, de uma vida fria e inerte para uma vida mais santa e fervorosa, a Deus oferecendo-nos todos, com generosidade e esquecendo-nos desta mísera terra para só aspirar ao céu: ‘Se ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas supremas, aspirai às coisas do alto’ (Cl 3,1-2)”.
A festa pascal é o lugar onde tudo converge e a fonte da qual tudo emana. Todo o culto cristão não é nada mais que uma celebração continuada da Páscoa. Tudo brota da fonte pascal. Como o sol, que não cessa de levantar-se sobre a terra, atrai para sua órbita todos os astros, a noite da Páscoa é rodeada por todas as eucaristias que continuamente e diariamente, a cada minuto, são celebradas em toda a terra, porque participam da Páscoa, assim como participam todos os sacramentos e sacramentais.
São celebrações da grande Páscoa, do único Mistério Pascal. O Catecismo da Igreja Católica, à luz do Concilio, diz: “O ano litúrgico é o desdobramento dos diversos aspectos do único mistério pascal. Isto vale muito particularmente para o ciclo das festas em tomo do mistério da encarnação (Anunciação, Natal, Epifania) que comemoram o começo de nossa salvação e nos comunicam as primícias do Mistério da Páscoa” (CIC, 1171).
Somos todos filhos desta Igreja que redescobriu o valor e o sentido da Páscoa, da grande Vigília Pascal. O movimento litúrgico, bíblico e toda a renovação conciliar trouxeram esse dinamismo a Páscoa, para colocar em movimento a história e o mundo, o ser humano celebrativo, mergulhado na morte de Cristo e ressuscitado com Ele. Na Páscoa, todas as coisas são renovadas em Cristo”.

[1] Liturgia em Mutirão: subsídios para formação/CNBB, 1ª edição, 2007, p. 29-31.


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