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domingo, 31 de dezembro de 2017

Homilia: Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus

São Basílio de Selêucia
Sermão 39
A Virgem Mãe de Deus

O Criador do universo, o todo-poderoso, nascido da Virgem Mãe de Deus, uniu-se à natureza humana; ele assumiu uma carne verdadeiramente dotada de uma alma, e não experimentou culpa alguma: Ele não cometeu pecado, nem se achou falsidade em sua boca.

Corpo sagrado que abrigava o Senhor! Em Maria foi anulada a constatação de nosso pecado, pois foi nela que Deus se fez homem, permanecendo Deus. Ele quis submeter-se a esta gravidez, e se humilhou ao nascer como nós; sem abandonar o seio do Pai, satisfez-se com os afagos de sua mãe. Porque Deus não fica dividido quando cumpre sua vontade; isto é, mesmo permanecendo para todos indivisível, ele dá a salvação ao mundo.

Gabriel veio à Virgem Maria sem deixar o céu, e o Verbo de Deus que abraça toda a criação, enquanto nela esteve encarnado, não cessou de ser adorado no céu. Será necessário intervir com tudo o que os profetas disseram anunciando o advento de Cristo que nasceria da Mãe de Deus? Que voz seria assaz sublime para entoar hinos que convenham a sua dignidade? De que flores nós lhe trançaríamos a coroa que a ela é devida? Porque é dela que germinará a flor de Jessé, e que tem coroado nossa raça de glória e de honra. Que presentes dignos dela lhe ofereceremos, quando tudo o que há no mundo é indigno dela? Porque, se São Paulo disse dos demais santos: que o mundo não era digno deles, o que diremos da Mãe de Deus que resplandeceu acima de todos os mártires tanto quanto o sol brilha mais do que as estrelas?

Ó virgindade pela qual os anjos, inicialmente distanciados do gênero humano, se alegram com razão por serem colocados a serviço dos homens! E Gabriel exulta por ser incumbido de anunciar a concepção divina, porque ele percorre sua mensagem de salvação que invoca a alegria e a graça. Alegra-te, cheia de graça, assume um rosto jovial, pois é de ti que vai nascer a alegria de todos, com este que, depois de ter destruído a potência da morte, e ter dado a todos a esperança de ressuscitar, nos libertará da antiga maldição.

O Emanuel foi rebento deste mundo que outrora havia criado, aparecendo como um recém-nascido, ele que era Deus antes da eternidade; recostado em uma manjedoura, excluído do habitat comum, então veio para preparar as moradas eternas. Confinado a uma gruta e apontado por uma estrela, cumulado de presentes pelos magos e pagando o resgate do pecado, carregado nos braços de Simeão e abraçando o universo pela extensão de sua potência divina, visto como um infante pelos pastores e reconhecido como Deus pelo exército dos anjos que cantavam sua glória no céu, paz sobre a terra, benevolência de Deus para os homens.

Tudo isso, a Santa Mãe do Senhor do universo meditava em seu coração, diz o Evangelho. Ela se alegrava interiormente pela reunião destas maravilhas, ao mesmo tempo em que é transtornada pela grandeza de seu Filho que é Deus, grandeza que ela percebe pelos olhos da alma. Como ela ficava a contemplar o divino infante, seduzida, como eu o creio, por impulsos cheios de respeito, ela estava sozinha a conversar com o Único.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 296-298. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de Santo Agostinho para essa Solenidade clicando aqui.

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